Falta de creches ainda é um problema

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Atividades são oferecidas aos maiores de 6 anos e menores são deixados com cuidadoras

Creche fechada

“Eu estudava a noite no Girassol, estava me alfabetizando. Mas tive que parar para cuidar do meu neto. Estou esperando sair a vaga da creche para ele”. É o que diz a pernambucana Amara Silvestre da Silva, da loja Boa Vista. Ela é avó de Guilherme, de 11 meses, que está esperando uma vaga na creche atrás do Extra Jaguaré.

A antiga creche da São Remo ficava no “CEI Projeto Girassol”,  mas fechou em dezembro do ano passado. Loraine Viana, coordenadora do projeto, justifica o fim da creche: “Ano passado encerramos o convenio com a Prefeitura de São Paulo. Estavamos muito limitados com as exigências. No começo, nós atendíamos uma faixa etária de 6 a 7 anos. Com o tempo, a Prefeitura foi achatando essa faixa: de 5 a 4 e depois de 2 a 3 anos. Mas o nosso desejo sempre foi atender as crianças por um período maior”. Ela comenta também as dificuldades enfrentadas durante o convênio: “Ano passado tínhamos 69 crianças, mas a Prefeitura só pagava uma cozinheira e uma pessoa para a limpeza. Nós precisávamos ter outros recursos para pagar mais uma cozinheira, mais uma pessoa para a limpeza e mais um educador volante. Só com a ajuda da Prefeitura não era possível manter a creche”.

A procura por creches

Desde o ano passado, a Associação dos Moradores reivindica um terreno desocupado,  antes usado pela SABESP, que poderia abrigar uma creche. Porém, as reivindicações não obtiveram sucesso até agora. Sem opções de escolas para as crianças mais novas na comunidade, os pais são obrigados a procurar vagas fora do bairro. As opções próximas a São Remo são poucas e a procura é grande, principalmente após o fechamento da creche da comunidade. Assim, a espera pode demorar meses, fazendo com que os moradores recorram a alternativas: deixar os filhos com parentes, vizinhos, ou até mesmo pagar um preço baixo para as “cuidadoras”, mulheres em sua maioria desempregadas ou aposentadas que cuidam das crianças enquanto os pais trabalham.

Outras opções para as crianças maiores

Com a creche fechada, a equipe do Girassol deu início a um novo projeto. Atualmente, o público-alvo do projeto são crianças acima de 6 anos, que realizam atividades de complemento escolar no local. Segundo Loraine, a importância de tais atividades para essa faixa etária é grande, pois faz com que essas crianças, no período em que não estão na escola, não fiquem nas ruas: “Quando a criança é pequena ela consegue um lugar para ficar enquanto os pais trabalham. Mas quando ela cresce fica mais difícil de achar quem cuide, então ela vai para a rua”. A primeira turma tem 20 crianças, e a cada ano a equipe pretende criar mais uma turma. A escolha foi feita dando preferência para ex-alunos do projeto, mas existe uma lista de espera com mais 20 crianças. Além das atividades que complementam o estudo diário, a ideia do projeto é acompanhar o aluno na escola e o convívio familiar durante cinco anos. Para isso a equipe vai regularmente até a escola e a casa do aluno para conversar com os pais e professores. Essas visitas ajudam a acompanhar melhor o desenvolvimento do aluno.

Além do Projeto Girassol, o Circo Escola, espaço que atende a cerca de 700 jovens por mês, também possui atividades para crianças na faixa dos 6 aos 17 anos, em alguns dias da semana durante meio período. Dança, capoeira, teatro, esporte, circo, artes plásticas, informática, confeitaria, panificação e percussão são os cursos oferecidos pelo local, todos gratuitos. A criança pode escolher dois deles.

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CRECHES NA REGIÃO
CEI Jaguaré
Av. General Mac Arthur, 50
Tel.: 3714-9134

Creche Sinhazinha Meirelles
Av. Rio Pequeno, 1159
Tel.: 3714-5338

Creche Maria de Nazaré
Av. Corifeu Azevedo Marques, 2530
Tel.: 3735-7462

Mariana Miranda e Pâmela Carvalho

 

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