Institucional



Docentes ecanos criam coletivo para fomentar ações contra o racismo

Entre outros projetos, o grupo pretende mapear práticas antirracistas de docentes da ECA e realizar programas de letramento racial

Vida acadêmica

Criado no final de 2022, o Coletivo de Docentes Antirracistas da ECA tem como objetivo estimular ações de combate ao racismo na vivência acadêmica da Escola por meio da realização de projetos, eventos e outras ações. Para entender como o corpo docente está tratando a temática racial com os estudantes, o grupo deu início a um diagnóstico das práticas antirracistas nas atividades de ensino.

A primeira etapa do diagnóstico é mapear as ações antirracistas dos professores da ECA, para, assim, articular outras iniciativas conjuntas. Esse processo será realizado a partir do preenchimento de um formulário online. Todo o corpo docente da unidade está convidado a responder.

O Coletivo de Docentes Antirracistas da ECA está aberto para novos integrantes

Os docentes interessados em integrar o coletivo podem enviar email para o endereço eletrônico diversidadenaeca@usp.br.

Recentemente, o grupo foi responsável por uma moção aprovada na última reunião da Congregação da ECA. A proposta apoia a implantação de ações afirmativas nos concursos para o ingresso de docentes na USP. Cerca de 2% do corpo docente da Universidade é composto por pessoas que se autodeclaram negras.

De acordo com o Jornal da USP, em 2021, mais de 40% dos estudantes ingressantes são autodeclarados pretos, pardos e indígenas (PPI), o que configura um aumento de 8% em relação a 2017, ano do último vestibular sem cotas raciais para ingresso na graduação. Iniciativas para a reserva de vagas em programas de pós-graduação também já estão sendo realizadas.

Fotografia de dois homens sentados em uma sala fechada. Em primeiro plano, há uma mesa de centro com alguns livros. À esquerda, está sentado um homem branco de óculos e cabelo grisalho. Ele veste terno azul e gravata vermelha e  olha para algumas folhas de papel em sua mão. À direita, um homem negro, de óculos e tranças curtas. Ele veste uma boina bege, camiseta azul e calça branca enquanto fala e olha para o homem ao seu lado. Em segundo plano, há uma porta de madeira, alguns quadros na parede e parte de uma mesa.
Em 2022, um grupo de docentes negros e negras apresentou  ao reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior proposta de reserva de vagas nos concursos para o ingresso de docentes na USP. Na imagem, o professor Dennis de Oliveira, do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), com o reitor. Imagem: reprodução/Adusp (site) 

Segundo o coletivo, o perfil da comunidade ecana se diversificou social e racialmente, o que indica a necessidade do letramento racial por parte dos professores e professoras, outra proposta que o grupo pretende implementar. “É fundamental que o corpo docente tenha letramento racial para que possa lidar com este perfil de aluno de graduação e pós graduação”, pontua o grupo em resposta coletiva ao Laboratório de Comunicação da ECA (LAC-ECA). A intenção é estender as iniciativas de letramento racial ao corpo de funcionários técnico-administrativos.

 

"A ECA sempre se afirmou como uma unidade que luta pela democracia e justiça social. Não há como defender democracia e justiça social se o conjunto de todos os integrantes da sua comunidade, em especial o corpo docente, não tiver compromisso efetivo com práticas antirracistas".

 
Coletivo de Docentes Antirracistas da ECA

 

Com a diversificação do perfil dos estudantes, repensar posturas no ambiente acadêmico, diversificação de bibliografias e práticas pedagógicas também são medidas necessárias. 

O coletivo conta, ainda, que começará a realizar atividades conjuntas com a Universidade Zumbi dos Palmares (Unipalmares), por meio de  convênio firmado entre a ECA e a instituição, em 2021.

O evento Ações afirmativas: atualidade e necessidade nas Universidades marca o início das atividades. José Vicente, reitor da Unipalmares, Eunice Prudente, professora da Faculdade de Direito (FD) da USP e Dennis de Oliveira, professor da ECA, serão os palestrantes do debate — que acontecerá no dia 25 de maio, às 19h30, no auditório Paulo Emílio.

 

Origem e composição do coletivo 

O Coletivo de Docentes Antirracistas surgiu a partir da iniciativa da professora Cláudia Lago, do Departamento de Comunicações e Artes (CCA), de  formar um grupo de professores para discutir a temática do racismo na Escola. O grupo se fundamenta na experiência acumulada na Comissão de Direitos Humanos da ECA (CDH/ECA) e em ações realizadas por coletivos negros.

A formação do grupo tem como contexto a ampliação da discussão do tema racial — que vem sendo fomentada pela luta de estudantes negras e negros da USP — a conquista das cotas raciais e, de maneira geral, as ações do movimento negro no Brasil

O coletivo conta com professores dos Departamentos de Jornalismo e Editoração (CJE), Cinema, Rádio e Televisão (CTR) e Comunicações e Artes (CCA), mas está aberto a todos os docentes que queiram participar. Confira a lista de atuais membros:

O grupo indica como seu objetivo principal “conscientizar o conjunto do corpo docente da ECA para a importância deste tema [racismo], tanto para ser pautado nas relações internas na instituição, como também contaminar as discussões no âmbito do ensino, da produção do conhecimento, dos projetos extensionistas”. 

Além de criar um espaço que permita a discussão e conscientização do corpo docente em relação ao racismo, a presença, na Universidade, de um grupo como o Coletivo de Docentes Antirracistas possibilita que “todos/as alunos e alunas, mas também servidores/as e docentes, independente do seu pertencimento racial, sintam-se acolhidos na unidade, apontam. 

 

 


Imagem de capa: Adusp (site)