CJE | Departamento de Jornalismo e Editoração



Novo livro de docente do Jornalismo discute o racismo estrutural brasileiro

Dennis de Oliveira propõe uma análise crítica sobre o conceito de racismo estrutural e a apropriação do termo pela ideologia capitalista

 

 

Vida acadêmica

As políticas públicas de combate ao racismo têm aumentado e, cada vez mais, negros e negras encontram redes de apoio para denunciar casos de preconceitos raciais. Esses avanços são resultado da luta contínua do movimento negro em pressionar as instituições e a sociedade. Ainda assim, parece haver um crescimento significativo do discurso racista nos últimos tempos. Por que casos como o de Kathlen Romeu e de George Floyd continuam acontecendo?
 
O livro Racismo estrutural: uma perspectiva histórico-crítica nasce desses questionamentos, em um momento no qual o “racismo sai do armário e se ‘empodera’ ”. Escrita pelo professor Dennis de Oliveira, do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), a obra busca entender e discutir o conceito de racismo para além dos comportamentos preconceituosos. 
 
A ideia teve inspiração no aumento da visibilidade da luta contra o racismo e, em especial, na repercussão do assassinato de George Floyd, em 2020, nos Estados Unidos. Dennis afirma que esses casos abriram um espaço maior para a “discussão sobre o racismo no Brasil, inclusive uma disseminação do conceito de racismo estrutural”.
 
Para o docente, a análise desse conceito deve considerar a ideologia capitalista e seus desdobramentos. A “apropriação do capital das demandas antirracistas que relegam o problema do racismo ao comportamento disfuncional é insuficiente e banaliza o conceito de racismo estrutural para um ‘estruturalismo racial’, que parte do pressuposto de uma essencialidade racial e não a discussão das relações raciais construídas historicamente na sociedade capitalista brasileira”, explica.
 

Capa livro Racismo Estrutural
Foto: Divulgação/Editora Dandara via Facebook

Fundamentado em teorias marxistas, em particular no “marxismo negro” do pensador estadunidense Cedric Robinson e de pensadores brasileiros como Leila Gonzalez e Clóvis Moura, o livro possui orelha escrita por Helio Santos, Presidente do Instituto Brasileiro de Diversidade (IBD) e referência dentro do movimento.
 
O prefácio ficou a cargo de Fábio Nogueira, professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e membro do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (Celacc) da ECA,  que define a obra como complexa e rica. “Com certeza ocupará um lugar de destaque nos diálogos travados entre partidos e as organizações de esquerda, no movimento negro e nos movimentos sociais em geral e no debate nas ciências sociais”.
 
Dennis, que também assina o livro Jornalismo e emancipação – uma prática jornalística baseada em Paulo Freire  e organizou a coletânea A luta contra o racismo no Brasil, busca evidenciar em sua obra recém lançada a relevância da potencialização do debate racial, pois “é impossível pensar qualquer transformação social mais profunda sem considerar o enfrentamento do racismo estrutural”. 
 
Racismo estrutural: uma perspectiva histórico-crítica está disponível no site da Editora Dandara, por R$ 35,00.