CRP | Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo



Revista Organicom: as estratégias narrativas por trás de megaeventos esportivos

Artigo publicado na nova edição do periódico analisa as redes discursivas e os sentidos mobilizados para a construção da Cidade Olímpica, no Rio de Janeiro

Vida acadêmica

As Olimpíadas de Tóquio acabaram de terminar e os preparativos para a edição de Paris, prevista para 2024, já estão a todo vapor. Afinal, a organização das cidades-sede para a recepção de megaeventos esportivos é longa e trabalhosa. O Brasil recebeu os Jogos Olímpicos pela primeira vez em 2016, no Rio de Janeiro, e ainda precisa lidar com o “legado” deixado pelo evento, como obras inacabadas ou paradas.

Esse é o cenário analisado no estudo Entre o COI e o RIO: narrativas oficiais para a produção da Cidade Olímpica, produzido pelos pesquisadores Ana Teresa Gotardo, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Ricardo Ferreira Freitas, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O artigo examina como as narrativas desenvolvidas em documentos do Comitê Olímpico Internacional (COI) impulsionaram o desejo das autoridades brasileiras em sediar os Jogos Olímpicos e envolveram parte da população em uma fantasia de futuro melhor, com base na ideia de que megaeventos são catalisadores de mudanças positivas para as cidades. 

Segundo os autores, esses eventos necessitam da adesão popular para não ficarem marcados internacionalmente por suas repercussões negativas. “Para os cidadãos, portanto, é necessário tangibilizar uma ideia de benefício em forma de legado, tanto para que se construa uma percepção positiva das dificuldades enfrentadas no cotidiano durante as transformações urbanas como para que essa percepção de benefício seja utilizada para ‘vender’ os próximos jogos para uma nova cidade-sede.”

O artigo coloca em debate as redes discursivas por trás dos megaeventos, que articulam sentidos essenciais para a lógica do turismo e da especulação imobiliária, em detrimento de políticas públicas de planejamento urbano. “Trata-se de toda uma política de desenvolvimento baseada na imagem, uma condição que parte da ideia que as cidades de hoje não são construídas a partir de uma produção tangível, mas pela flutuação do dinheiro; além disso, a competição entre as cidades para atrair capital e a importância da imagem da cidade, quando ser parte dela torna-se um status e valor.”
 

Imagem de monumento em cor verde das palavras Rio 2016, criado para as Olimpíadas do Rio de Janeiro. Ao lado esquerdo, uma estátua em bronze do poeta Carlos Drummond de Andrade sentado em um banco. Ao fundo, a praia de Copacabana e prédios.
Foto: Renato Sette Camara/ EOM/ Riotur.

 

Revista Organicom 

A edição nº 36 da revista Organicom, produzida pelo Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo (CRP), foca nas abordagens do discurso organizacional, evidenciando contextos, práticas e processos de produção e circulação de sentidos dentro das organizações e com seus diferentes públicos.

A publicação conta com uma resenha escrita pelo professor Eneus Trindade (CRP) sobre o livro Há limites para o consumo?, de Clotilde Perez (CRP), que discute os sentidos éticos, morais e afetivos como horizonte para as ações de consumo.

O periódico traz também uma entrevista com o francês Dominique Maingueneau, professor emérito da Universidade Sorbonne (França), que discorre sobre a evolução das teorias de análise de discurso, estabelece diferenças epistemológicas entre comunicação e discurso, problematiza a questão da ética do discurso organizacional e faz considerações sobre a pandemia de covid-19 como fenômeno discursivo.

A Organicom é lançada desde 2004 como publicação semestral produzida pelo curso de pós-graduação lato sensu de Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas (Gestcorp). 

Essa e outras edições estão disponíveis gratuitamente no Portal de Revistas da USP.
Notícias do