CMU | Departamento de Música

No dia 27 de junho, o Auditório do Centro de Difusão Internacional da USP recebe um concerto da Orquestra de Câmara (Ocam) da ECA em parceria com a Orquestra Sinfônica de Heliópolis. O espetáculo integra a temporada 2025 da Orquestra: Novos Sons, Novos Tempos, que faz parte da Série Eventos Especiais Ocam 30 Anos, que marca o trigésimo aniversário da Ocam. O evento também irá marcar a abertura oficial das celebrações dos 60 anos da Escola de Comunicações e Artes, que serão completados em junho de 2026. Sob a regência dos maestros Ricardo Bologna, docente do Departamento de Música (CMU) e regente da Ocam, e Edilson Venturelli, regente da Orquestra Sinfônica de Heliópolis, o repertório será dedicado à obra do compositor Itamar Assumpção, um dos maiores nomes da música brasileira contemporânea. A apresentação contará ainda com a participação especial da cantora Anelis Assumpção, filha do homenageado.

Andrea Costa, diretora de produção da Ocam, explica que esse concerto será um marco cultural e simbólico para toda a USP: “é a primeira vez que uma orquestra oriunda de uma favela se apresenta dentro da Universidade de São Paulo, reafirmando o compromisso da instituição com a inclusão, a diversidade e o diálogo com as periferias”. Além do concerto, o evento terá estandes de exposição e venda de produtos da Feira Divas do Sol, um coletivo de mulheres empreendedoras da comunidade de Heliópolis e regiões periféricas, com os objetivos de gerar renda, promover o desenvolvimento econômico, cultural e político e ser uma rede de apoio. A entrada do concerto será franca, com a arrecadação de alimentos, agasalhos e cobertores, que serão destinados à Central Única das Favelas (Cufa).

A parceria entre Ocam e Cufa acontece desde 2019 e, de acordo com Andrea, já arrecadou mais de nove toneladas de alimentos, brinquedos e agasalhos, que são distribuídos para a Cufa e para comunidades carentes dos arredores da USP. Andrea explica que essa relação entre música e ações sociais já é uma característica antiga da orquestra: “essas ações reforçam o compromisso contínuo da Ocam com a responsabilidade social e a promoção da inclusão, ampliando sua atuação para além do palco e reforçando o papel da música como ferramenta de transformação e integração comunitária, ampliando o alcance cultural e solidário da orquestra”.

Um exemplo dessa vertente social da Ocam ocorreu na última sexta-feira, dia 16 de maio, em um concerto especial no Centro Cultural Camargo Guarnieri que teve como público estudantes e professores da Fundação Bradesco. Essa instituição foi fundada em 1956 com o objetivo de proporcionar educação gratuita e de qualidade para crianças, jovens e adultos, prioritariamente em regiões de vulnerabilidade socioeconômica. O concerto também contou com a estreia da obra A Roda da Fortuna, da compositora Isabel Vilela, aluna do CMU. Outro convidado foi o pianista Eduardo Monteiro, também professor do CMU, que realizou uma interpretação de um concerto de Beethoven. Houve ainda a exposição e venda de produtos dos coletivos Tem Sentimento, que atua com pessoas trans no território da Cracolândia, e Guerreiras da Tradição, feito por mulheres indígenas das terras do Jaraguá. Confira imagens do evento:

Ocam e Fundação Bradesco

O professor Ricardo Bologna é diretor e regente da OCAM desde 2024. Foto: Cecília Gidali/Ocam

O professor Eduardo Monteiro é um dos coordenadores do Laboratório de Piano da USP, vinculado ao Departamento de Música da ECA. Foto: Cecília Gidali/Ocam

Estudantes da Fundação Bradesco na plateia do Centro Cultural Camargo Guarnieri Foto: Cecília Gidali/Ocam

Itens artesanais expostos e vendidos durante o concerto feito por mulheres das comunidades indígenas do Jaraguá, em São Paulo. Foto: Cecília Gidali/Ocam

Durante seus 30 anos, a Ocam já formou mais de 800 músicos, que hoje ocupam posições em orquestras e instituições musicais no Brasil e no exterior, e também já realizou mais de 300 masterclasses. A Ocam se concretizou como um laboratório musical que promove experiências formativas únicas para músicos e para comunidades dentro e fora da USP. Além da formação de músicos, a orquestra tem uma forte atuação em ações sociais e educativas. “A Ocam tem vários projetos justamente de formação de plateia, de formação de público, e a gente sempre convida diversos grupos e escolas. Nesse caso, a visita da Fundação Bradesco para participar, para assistir o concerto, é uma coisa inédita, é uma primeira vez”, afirma o docente e maestro Ricardo Bologna.

A orquestra realiza ensaios abertos e concertos didáticos destinados a estudantes de escolas e conservatórios. Há também programas voltados para alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para Andrea Costa, essas ações buscam aproximar o público jovem da música clássica, ampliar o alcance das atividades para diferentes faixas etárias e contextos sociais, promover a inclusão e o acesso à cultura e incentivar a criatividade e o desenvolvimento de novos talentos. “Com seu compromisso pedagógico e social, a Ocam tem sido um modelo de como a arte pode ir além do palco, impactando diretamente a vida de estudantes, músicos e comunidades em geral”, explica Andrea. 

“Suas ações demonstram como a educação musical, aliada a uma prática orquestral de excelência, pode transformar vidas, enriquecer a cultura nacional e promover uma sociedade mais inclusiva e acessível.”

^{Andrea Costa, diretora de produções da Orquestra de Câmara}

Imagem de capa: Cecília Gidali/Ocam