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José Marques de Melo é homenageado no Prêmio Vladimir Herzog

Docente da ECA foi um dos principais pensadores da Comunicação e do Jornalismo no Brasil e na América Latina; homenagem acontece em cerimônia remota no dia 25 de outubro

Comunidade

Em cerimônia virtual no dia 25 de outubro, às 20h, a 43ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos homenageará (in memoriam) José Marques de Melo, professor emérito da ECA. Criada em 1979, a premiação é uma das mais importantes no cenário jornalístico brasileiro. Além de reconhecer os principais destaques do jornalismo humanitário em diversas categorias, o Prêmio homenageia personalidades e profissionais que se destacam em causas relevantes da Democracia, da Justiça Social e dos Direitos Humanos.

Por 21 anos, José atuou como professor e pesquisador na ECA, sendo seu diretor entre 1989 e 1993. Além de integrar o corpo docente fundador da Escola, ele foi responsável pela criação do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE) e um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM).

professor, jornalista e colunista Eugênio Bucci, do Departamento de Informação e Cultura (CBD) destaca a importância de José Marques de Melo na evolução do pensamento sobre a imprensa: “[ele] é, para nós, uma figura inaugural. Ele foi o primeiro doutor em Jornalismo [por uma universidade brasileira], ele firmou o modelo de intelectual e professor e pesquisador que pensa a imprensa e o jornalismo e disso extrai a sua autoridade pública sem necessidade de ser praticante do Jornalismo."

Eugênio também ressalta o importante papel que o professor emérito teve para a reflexão sobre gêneros jornalísticos, com contribuições que seguem atuais. "Figura acolhedora" e dono "de um olhar muito agudo", José, segundo o docente do CBD, "influenciou decisivamente alguns dos maiores estudiosos do jornalismo ou dos meios de comunicação do nosso tempo, na ECA especialmente, mas em todo o Brasil.”

Arte da homenagem a José Marques de Melo. Sobre um fundo com a identidade visual da 43a. edição do Prêmio Vladimir Herzog há uma fotografia colorida de José Marques de Melo, um homem idoso, de pele e cabelos brancos. Ele usa óculos retangulares, uma camiseta vermelha e sorri para a câmera. Abaixo da foto, em letras pretas, se lê José Marques de Melo, jornalista e professor, decano da comunicação no Brasil. Em letras pretas, nas laterais e inferior da imagem, informações sobre data, horário e transmissão via Youtube da homenagem.
Cartaz informativo do Prêmio Vladimir Herzog sobre a homenagem especial feita ao José Marques de Melo que será realizada na cerimônia de premiação. Imagem: divulgação. 

“Sua atuação pioneira em agências de fomento à pesquisa, como CAPES, CNPq, FAPESP, foi fundamental para o reconhecimento e legitimação da Comunicação como área de conhecimento”, afirma a professora Maria Immacolata Vassallo de Lopes, do Departamento de Comunicações e Artes. “Estimulou, como poucos à época, a participação coletiva de pesquisadores brasileiros e latino-americanos em associações internacionais da área, como a IAMCR e ICA, além de ter atuado na construção de um pensamento comunicacional brasileiro, latino-americano e ibero-americano.”

Para o professor Ricardo Alexino Ferreira, representante do CJE e da ECA na comissão do Prêmio Vladimir Herzog, “Falar em José Marques de Melo é pensar nos estudos das Comunicações. Ele tira [...] o Jornalismo de um lugar reservado historicamente como sendo apenas técnico e o alça para campos científicos e epistemológicos. Isso é de grande importância porque possibilitou a formação de cientistas e pesquisadores nesse campo de estudos. Também, consolida as Ciências das Comunicações como sendo interdisciplinares e transdisciplinares.”

“Na época em que a ciência está sob ataque e a desinformação corrói o tecido imaginário da sociedade, cresce de importância o papel do jornalismo – e a própria formação do jornalista”, destaca Ana Luisa Zaniboni Gomes, jornalista, pesquisadora e curadora do Prêmio. Ela afirma também que “o Prêmio Especial Vladimir Herzog é um reconhecimento àqueles que, com seu trabalho exemplar e dedicado, colaboram para a transformação do mundo. E essa transformação é sempre mais um passo na defesa dos valores democráticos, da Justiça e da Solidariedade.” Para ela, “homenagear José Marques de Melo é homenagear a ciência, o jornalismo, e o jornalista. Nós, que estamos ao lado da Democracia, sabemos o quanto isso, junto, pode mudar o mundo para melhor.”  

Maria Immacolata completa: “[no] Prêmio Vladimir Herzog, homenageamos também as práticas em defesa da liberdade e da democracia que tanto marcaram a vida do Prof. José Marques de Melo e que saibamos levar em frente o compromisso de dar continuidade ao seu trabalho e manter vivo o espírito humanista de colaboração e coletividade que tanto o caracterizava.”

Confira a lista completa de homenageados. A cerimônia de premiação será transmitida ao vivo no Canal do Prêmio Vladimir Herzog no Youtube. Antes, no dia 24 de outubro, a partir das 17h, acontece a Roda de Conversa virtual com os vencedores nas categorias competitivas. Neste ano, cerca de 700 produções concorreram nas categorias Artes; Fotografia; Produção jornalística em texto; Produção jornalística em vídeo; Produção jornalística em áudio; Produção jornalística em multimídia e Livro-reportagem.

 

Sobre José Marques de Melo

     

José Marques de Melo nasceu em 1943, em Palmeira dos Índios, interior de Alagoas, e formou-se em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco em 1964. No ano seguinte,  obteve o título de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco. Fez pós-graduação em Ciências da Informação Coletiva no Centro Internacional de Estudos Superiores de Comunicação para a América Latina, em Equador, no ano de 1966. Lecionou na Fundação Cásper Líbero, na Universidade Metodista e na USP, onde foi cassado pela ditadura e só retornou a ministrar aulas em 1979, permanecendo na ECA até 1993. Faleceu em 2018.

Ele publicou 173 livros, colaborou em mais de 150 publicações de outros pesquisadores e produziu centenas de artigos em revistas científicas, sendo um dos autores mais importantes das áreas de Comunicação e Jornalismo na língua portuguesa e na América Latina. Sua obra mais citada é A opinião no Jornalismo Brasileiro, de 1985, elaborada a partir do aprofundamento nos estudos sobre os gêneros jornalísticos.

 

 


 

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