CAP | Departamento de Artes Plásticas



Portal divulga conhecimento em Arte-Educação

Grupo Multidisciplinar de Estudo e Pesquisa em Arte e Educação reúne 12 anos de produção em site; estudos buscam promover um novo entendimento sobre arte e educação

Vida acadêmica

No dia 10 de maio, o Grupo Multidisciplinar de Estudo e Pesquisa em Arte e Educação (GMEPAE) lançou seu portal, em evento divulgado pela ECA

Foto em preto e branco. Sumaya Mattar, uma mulher branca de cabelo castanho. Na foto, usa uma camiseta preta, um colar e óculos de sol.
Sumaya Mattar. Imagem: Reprodução/Lattes

Sumaya Mattar, professora do Departamento de Artes Plásticas (CAP) e diretora do grupo, explica que a criação do site é um sonho antigo. O grupo já tinha feito outras tentativas de ter esse espaço, mas que não deram certo.  

“Sempre foi ficando como uma vontade e ao mesmo tempo como uma preocupação grande de não ter um lugar que a gente pudesse bater o olho e reconhecer o que nós estamos fazendo e divulgar o que nós estamos fazendo”, conta. 
 

 

Sobre o grupo
 
O  GMEPAE é um grupo dedicado ao ensino e aprendizado de arte. O grupo foi fundado há doze anos por  Sumaya. “Ele surgiu exatamente de uma questão central para todos nós que fomos nos reunindo em torno do grupo, que é a ideia de que o professor de arte também é uma pessoa que pesquisa, que cria, que inventa”, conta a pesquisadora. 
 
Cartaz amarelo anunciando "I Seminário Multidisciplinar de Estudo e Pesquisa em Arte e Educação: Processos de Criação na Educação e nas Artes. 22 e 23 de setembro de 2011". O cartaz também apresenta informações sobre o evento e sua programação.
Imagem: Reprodução/Site do GMEPAE
O grupo surgiu a partir de uma perspectiva  de prática multidisciplinar e, desde o começo, congregou artistas, professores e teóricos. Seu primeiro evento aconteceu em setembro de 2011 e buscou discutir os processos de criação na educação e nas artes. Segundo Sumaya, muitas pessoas que participaram desse primeiro encontro seguem no grupo até hoje.  
 
Sumaya Mattar e Alberto Roiphe, professor do Departamento de Didática da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e vice-coordenador do grupo, fizeram mestrado e doutorado juntos, na Faculdade de Educação (FE) da USP, sob orientação da professora Hercilia Tavares de Miranda. 
 
É a professora Hercilia, que hoje participa do GMEPAE, que apresentou a Sumaya a perspectiva da criação didática, pedagógica. Hercilia discutia a figura do professor, sobretudo o de escola pública, como alguém capaz de renovar sua prática e criar aulas, como um artista cria suas obras.
 
O GMEPAE desde o começo busca acolher pesquisas de mestrado e doutorado, mas também professores que desejam  renovar suas práticas de ensino e se aproximar da universidade. Ele ganha, assim, essa característica de não ser só um ambiente de estudo, mas também de oferecimento de atividades de extensão e de contato com a sociedade.
 
 
A criação do portal
 
O sonho começa a virar realidade com a chegada de Leandro de Oliva Costa Penha, doutorando orientado por Sumaya e  pesquisador bolsista do CNPq.  Ele estuda o  ensino de arte na escola pública periférica com o território onde está inserida. Também é líder do Projeto Palco, que promove as artes entre pessoas em vulnerabilidade social. 
Foto em preto e branco. Leandro é um homem de pele negra e cabelo preto, com barba. Na foto, sorri. Usa uma camiseta clara com a frase "deixa eu dançar pro meu corpo ficar odara" e óculos de armação preta. Ao fundo, algumas árvores.
Leandro de Oliva Costa Penha. Imagem: Reprodução/Lattes
Leandro já tinha experiência com a criação de portais acadêmicos  por causa de sua participação na criação da plataforma Conexões USP periferias,  parte do projeto Democracia, Arte e Saberes Plurais (DASP) da Cátedra Olavo Setubal de Artes, Cultura e Ciência do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. A plataforma agrega teses, dissertações e trabalhos de conclusão de curso sobre favelas e periferias.
 
Leandro se dedicou ao processo de pesquisa e curadoria para o portal GMEPAE. Estudou sites de outros grupos de pesquisa em arte-educação, levantou os materiais a serem incluídos no site e fechou a parceria com a VAR digital, empresa que cuidou gratuitamente da parte técnica da produção do site .
Sobre a importância do site, Sumaya destaca: “É necessário dar visibilidade para aquilo que, com muita dificuldade, a gente faz. Tanto para mostrar que é possível fazer, quanto para mostrar que precisa ser feito”. A pesquisadora também comenta a importância de duas bolsistas contempladas pelo Programa Unificado de Bolsas (PUB), que ajudam a abastecer o site do projeto.

 

A atuação do grupo
 
O GMEPAE tem buscado incluir nas discussões sobre o ensino de arte e a formação de professores pautas sobre questões étnico-raciais, de diversidades culturais e de gênero, buscando assumir uma perspectiva que se distancia da abordagem hegemônica tradicional.
 
Uma de suas ações nesse sentido é o Curso de Extensão Arte e Educação para Professores, projeto de extensão gratuito, oferecido a professores de escola pública. O curso é ministrado pelos próprios membros do grupo, que também criaram o programa de ensino. 
 
“O cerne, o coração é exatamente um ensino de arte antirracista, decolonial, democrático , emancipatório, que reforce o comprometimento com a escola pública, com a educação pública de qualidade”, comenta Sumaya. 
Outro projeto do grupo  é o Matizes: diversidade na roda da arte educação. Criado pelos estudantes da licenciatura em Artes Visuais, surge a partir da necessidade de confrontar situações constrangedoras envolvendo questões étnico-raciais vividas por alunos. 
 
Segundo Sumaya, esses estudantes perceberam a necessidade de ação político-pedagógica, que visasse mudar o currículo do curso para incluir tópicos ligados às etnias indígenas e afro-brasileiras. O grupo busca “inserir na formação do artista e do professor esses tópicos para que, quando eles forem atuar de fato, eles atuem já numa outra ‘chave’, que não seja uma chave racista, etnocentrista, ocidentalista, etc.”
Em uma sala, há mesas de madeira. Sobre as mesas, pacotes de argila e esculturas. Ao redor das mesas há pessoas, que usam máscaras de proteção facial e interagem entre elas e com a argila. Ao fundo, há duas grandes janelas.
Em maio de 2022, o Matizes realizou o encontro “Argila, Ancestralidade e Memórias”, acompanhado pela artista Priscila Leonel. Imagem: Reprodução/Site do GMEPAE
 
O GMEPAE conta também com o Acervo Múltiplas Vozes, projeto onde, através do método da história oral, estudantes recolhem diferentes narrativas. O projeto está vinculado à disciplina História do Ensino da Arte no Brasil: trajetória política e conceitual e questões contemporâneas, integrante da licenciatura em Artes Visuais.
 
Os estudantes escolhem uma pessoa para entrevistar e estudam seu universo, trazendo questões como arte e educação nas periferias, pautas LGBTQIA+, culturas afro-brasileiras e indígenas, questões ligadas à migração, às infâncias ou questões familiares. 
Essa abordagem menos convencional dada à disciplina está de acordo com o “DNA” do GMEPAE, que busca trazer um novo olhar para arte e educação. Nas palavras da própria Sumaya:
 
“[Essas dinâmicas] podem não ter nada a ver diretamente com essa ideia de arte e educação que está consolidada, que está muito ligada a essa formação romântica deste artista. Mas quando a gente vai ver, existe muito de arte e muito de educação nessas histórias de vida”. 
 
 

Imagem de capa: reprodução/ GMEPAE
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