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Gaudêncio Torquato recebe título de professor emérito da ECA

Reconhecimento destaca legado acadêmico do docente, pioneiro nos estudos sobre comunicação nas organizações

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Foto de três pessoas em pé, lado a lado. No centro, um homem branco, idoso, vestindo terno escuro, camisa azul e gravata listrada, segurando e exibindo um certificado. À esquerda, uma mulher branca de cabelos loiros e longos, vestida com uma roupa preta e branca, está batendo palmas. À direita, há outra mulher branca, idosa, de cabelos castanhos curtos, vestindo uma blusa florida. Ao fundo, tela de projeção exibindo texto em azul e branco.
Da esquerda para a direita: Clotilde Perez, diretora da ECA, Gaudêncio Torquato, professor emérito, e Margarida Maria Krohling Kunsch, também professora emérita da ECA

A Congregação da ECA concedeu, no dia 7 de maio, o título de professor emérito ao jornalista, pesquisador e professor Francisco Gaudêncio Torquato do Rego. Ele é o 22º docente da ECA a receber essa distinção, dedicada a professores que marcaram a trajetória da Escola e contribuíram para o desenvolvimento da sociedade.

A cerimônia foi realizada no Auditório Freitas Nobre, no Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE) e reuniu docentes, ex-alunos e amigos. O evento contou com a presença da diretora da ECA, Maria Clotilde Perez Rodrigues, do vice-diretor Mário Rodrigues Videira Junior, do chefe do CJE, Wagner Souza e Silva, e de três convidados que acompanharam de perto a trajetória do homenageado: Renato Gasparetto, vice-presidente de relações institucionais e de sustentabilidade da Vivo; o professor aposentado do CJE, José Coelho Sobrinho; e a professora emérita Margarida Maria Krohling Kunsch.

Professor da ECA entre 1969 e 1998, Gaudêncio Torquato teve, durante o período da ditadura militar, papel pioneiro na construção de uma linha de pesquisa sobre comunicação nas organizações, ao lado de docentes como Cândido Teobaldo de Souza Andrade e José Marques de Melo — esse último responsável por seu ingresso na docência. Em 1972, defendeu na ECA a primeira tese de doutorado no Brasil sobre comunicação empresarial.

A professora Margarida Kunsch lembrou esse percurso com admiração. Segundo ela, a produção intelectual de Torquato foi decisiva para estruturar o campo da comunicação nas organizações. “Uma das características marcantes de Gaudêncio Torquato é sua excepcional capacidade intelectual de acompanhar os acontecimentos do mundo político, econômico e social e aplicá-los em seus estudos e práticas profissionais nos campos da comunicação política e da comunicação nas organizações.”

Ela destacou, em especial, os livros Jornalismo Empresarial (1984), um dos primeiros a sistematizar o jornalismo empresarial no Brasil, e Comunicação Empresarial / Comunicação Institucional (1986), obra que lançou as bases do pensamento sobre comunicação organizacional no país. “Além de meu mestre, é também meu amigo. Nossa convivência na ECA e na Intercom, desde os anos 1980, sempre foi prazerosa e afetiva”, disse.

 

Outorga do Titulo de Professor Emérito a Gaudêncio Torquato

Foto de homem branco, idoso e de cabelos pretos, em pé em frente de um púlpito. Ele veste um paletó azul-escuro com gravata listrada e camisa azul. O homem segura um microfone, enquanto fala para uma plateia. O fundo mostra janelas com barras verticais de metal e uma parede branca. Na plateia,  pessoas de costas, observando o homem que está falando.

Em seu discurso de agradecimento, Torquato lembrou os primeiros anos da carreira e falou sobre o crescimento do campo da comunicação empresarial.

Foto de uma sala pouco iluminada com pessoas sentadas em cadeiras azuis, de frente para uma grande tela exibindo a projeção de uma fotografia em preto e branco. A fotografia mostra um grupo de pessoas, incluindo adultos e crianças, em pé, juntas. Um círculo vermelho destaca uma das crianças na imagem.

Vídeo exibido na cerimônia trouxe depoimentos e um pouco da história do professor Gaudêncio.

Foto de um homem de semi perfil, ao microfone, lendo um texto para uma plateia. Ele é branco, idoso, possui barba branca e óculos, veste um terno marrom e uma camisa clara. À direita, há dois homens sentados, um com cabelo curto e óculos, vestindo uma camisa rosa, e o outro com cabelo escuro e paletó azul. A sala tem janelas com barras verticais. Um monitor de computador está colocado em uma mesa perto do palestrante. Em frente ao púlpito, há um arranjo de flores amarelas e laranjas com folhas verdes.

José Coelho Sobrinho, professor aposentado do CJE, durante saudação ao professor Gaudêncio Torquato.

Foto de uma mulher, ao microfone, lendo um texto que está à sua frente em um púlpito. Ela é branca, idosa, tem cabelos castanhos, lisos e curtos e veste uma blusa com estampa floral. Atrás dela, uma tela grande exibe a imagem desfocada de um homem e um texto. Ao fundo, duas pessoas estão sentadas: uma mulher de cabelos longos e claros e um homem de óculos e barba.

Margarida Maria Krohling Kunsch, durante saudação ao professor Gaudêncio Torquato.

Foto de três pessoas em pé, lado a lado. No centro, um homem branco, idoso, vestindo terno escuro, camisa azul e gravata listrada, segurando e exibindo um certificado. À esquerda, uma mulher branca de cabelos loiros e longos, vestida com uma roupa preta e branca, está batendo palmas. À direita, há outra mulher branca, idosa, de cabelos castanhos curtos, vestindo uma blusa florida. Ao fundo, tela de projeção exibindo texto em azul e branco.

Da esquerda para a direita: Clotilde Perez, diretora da ECA, Gaudêncio Torquato, professor emérito, e Margarida Maria Krohling Kunsch, também professora emérita da ECA.

Foto de um grupo de pessoas sentadas em cadeiras estofadas azuis. O foco está em duas pessoas em primeiro plano. À esquerda, um homem branco de cabelos curtos e  castanhos, vestindo uma camisa jeans e olhando atentamente para a frente. À direita, uma mulher branca, idosa, de cabelos castanhos e de tamanho médio, usa óculos e uma blusa marrom texturizada, segurando uma bengala. Ao fundo, há outros participantes, uma janela e uma parede bege.

Público presente reuniu docentes da ECA e amigos do professor Gaudêncio.

Foto de um homem de meia-idade em pé, fazendo um discurso em um púlpito, segurando um microfone e gesticulando. Ele é calvo e branco, usa óculos, camisa azul-clara e blazer cinza-claro. O fundo é composto por grandes janelas com barras verticais. A frente dele, há flores em tons de amarelo e laranja.

Renato Gasparetto, vice-presidente de relações institucionais e de sustentabilidade da Vivo.

 

Coelho Sobrinho emocionou o público ao relembrar um episódio vivido em 1976, apenas poucos meses após a morte do professor Vladimir Herzog, também do CJE, em um período marcado por um forte clima de insegurança na universidade. Na ocasião, o professor Coelho foi chamado a depor em um edifício ligado à Secretaria de Segurança Pública, por causa de uma edição do Jornal do Campus. Torquato, sem hesitar, o acompanhou. “O professor Torquato, de pronto, foi até o veículo e se ofereceu para me acompanhar.” Os dois permaneceram no local por cerca de duas horas até serem liberados. “Se hoje torno público esse fato, creio que devo a oportunidade à sua amizade e coragem”, contou.

 

“O professor Torquato me fez ver a importância do jornalismo para a sociedade. E a importância do docente para formar profissionais com competência técnica e, principalmente, ética.”

José Coelho Sobrinho, professor aposentado do CJE

 

A diretora Clotilde Perez ressaltou o simbolismo do título de emérito como reconhecimento do mérito e da trajetória exemplar de um docente que formou gerações de profissionais e pesquisadores. “Ser emérito é ser veterano, experiente, conhecedor, mas também é ser vitorioso. Merecedor de honras, prêmios e deferências”, afirmou. “Por tudo isso e ainda mais, por continuar nos brindando com seus ensinamentos e presença, manifesto minha alegria por se tornar você, Gaudêncio Torquato, o 22º professor emérito da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.”

Em sua fala de agradecimento, Torquato fez memória de sua formação e trajetória acadêmica. Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Católica de Pernambuco, iniciou sua carreira jornalística ainda jovem, recebendo, em 1966, o Prêmio Esso de Jornalismo, na categoria Científica, por uma série de reportagens sobre a esquistossomose. No mesmo ano, passou a colaborar com a Folha de S.Paulo. Na ECA, onde ingressou aos 22 anos, chegou ao cargo máximo de professor titular. Junto com José Marques de Melo e outros professores, em um momento em que as áreas das humanidades eram perseguidas pelo regime militar, ajudou a criar a Intercom, em 12 de dezembro de 1977, da qual foi presidente entre 1985 e 1987.

Atualmente, é consultor, conferencista e analista político. Citando o jornalista Cláudio Abramo, Torquato afirmou que “o jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter”, Ao final, agradeceu aos professores José Marques de Melo e Manuel Chaparro e resumiu: “Eu pautei a minha trajetória sobre o compromisso de não desanimar ante eventuais percalços que pudessem atrapalhar meus passos.”

 

 

Fotos: Amanda Ferreira/LAC ECA USP.
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