Institucional



ECA mapeia atuação docente relacionada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Levantamento com docentes mostra que ensino, pesquisa e extensão da Escola estão fortemente conectados a temas como educação, redução das desigualdades e igualdade de gênero

Conheça a ECA
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Organização das Nações Unidas
escola de comunicações e artes
sustentabilidade
corpo docente
produção docente
pesquisa e extensão

Você já ouviu falar dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável? Eles fazem parte da Agenda 2030, um compromisso feito pela Organização das Nações Unidas (ONU), composto por 17 objetivos e 169 metas, que buscam erradicar a pobreza e promover o desenvolvimento sustentável para todo o planeta nas dimensões social, econômica e ambiental. 

O conceito de desenvolvimento sustentável foi proposto pela primeira vez em 1987, pela então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, em um documento que ficou conhecido como relatório Brundtland. Esse conceito expõe a necessidade de atingir o desenvolvimento social sem prejudicar a natureza: “significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social, econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais”, afirmou a norueguesa.

 

“O desenvolvimento sustentável procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades.” 

Relatório Brundtland

 

Quase três décadas após a elaboração desse conceito, em 2015, os 193 países membros da ONU, incluindo o Brasil, se comprometeram com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) a serem alcançados até 2030. São eles: 

 

magem com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, cada um representado por um quadrado com um ícone e uma cor. São eles. Erradicação da Pobreza, Fome Zero e Agricultura Sustentável, Saúde e Bem-Estar, Educação de Qualidade, Igualdade de Gênero, Água Potável e Saneamento, Energia Limpa e Acessível, Trabalho Decente e Crescimento Econômico, Indústria, Inovação e Infraestrutura, Redução das Desigualdades, Cidades e Comunidades Sustentáveis, Consumo e Produção Responsáveis, Ação Contra a Mudança Global do Clima, Vida na Água, Vida Terrestre, Paz, Justiça e Instituições Eficazes, e Parcerias e Meios de Implementação.
Além dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a ONU também estipulou 169 metas, que detalham de forma mais específica como atingir cada um dos objetivos. Imagem: Reprodução/Organização das Nações Unidas

 

ODS da ECA

Durante o primeiro semestre, o LAC - Laboratório Agência de Comunicação realizou um levantamento com todos os 170 docentes ativos e 46 docentes seniores da ECA, a fim de identificar quais ODS têm mais interface com as linhas de trabalho atualmente desenvolvidas por cada professor. Até o momento, foram obtidas 198 respostas por meio de um formulário enviado aos docentes, que responderam livremente indicando os ODS. Os resultados desse trabalho já podem ser consultados nas páginas de corpo docente de cada departamento no site da ECA: 

 

 

A partir desse levantamento, também foi possível analisar a frequência com que cada Objetivo de Desenvolvimento Sustentável apareceu nas respostas dos docentes e, dessa forma, quais são os ODS com os quais a ECA mais contribui por meio de sua produção de conhecimento

 

Gráfico de barras com o título ODS da ECA. Do lado esquerdo, estão escritos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, também há opção Nenhum. Do lado direito,  um total de 18 barras coloridas com uma variedade de números na ponta, de 9 a 156, de acordo com o tamanho da barra.

Gráfico gerado a partir das respostas dos docentes da ECA ao formulário de ODS. Imagem: Maria Eduarda Lameza/LAC-ECA/Datawrapper.

 

O ODS mais frequente entre as respostas dos professores foi Educação de Qualidade (156 respostas), seguido por Redução das Desigualdades (106 respostas), Igualdade de Gênero (86 respostas) e Paz, Justiça e Instituições Eficazes (70 respostas). Esse padrão se repete entre os oito departamentos da ECA e também na Escola de Arte Dramática. Para Clotilde Perez, diretora da ECA, esses resultados refletem o tipo de formação e pesquisa que a Escola realiza. “Acho que esse levantamento tem múltiplos significados. Um deles é a gente se reconhecer, reconhecer o que somos, o que pesquisamos e como formamos”, afirma a professora. 

Além dos assuntos abordados em sala de aula por cada docente, projetos de pesquisa e extensão também estão atrelados aos Objetivos da ONU. É o caso do projeto Como a educomunicação pode ampliar e qualificar as práticas de educação climática na Educação Básica no Brasil? que atua diretamente no ODS 13: Ação Contra a Mudança Global do Clima. O projeto, que tem parceria com o Ministério do Meio Ambiente, é co-coordenado por Thaís Brianezi, docente do Departamento de Comunicações e Artes (CCA) e Ismar de Oliveira Soares, professor sênior também do CCA. 

Outro exemplo é o  grupo de pesquisa AlterGen, coordenado pela professora Claudia Lago, também do CCA, que se relaciona com o ODS 5: Igualdade de Gênero. O grupo pesquisa alteridade, subjetividades, estudos de gênero e performances nas comunicações e artes, com foco na presença de mulheres na mídia

Já o grupo de pesquisa Jornalismo, Direito e Liberdade, vinculado ao Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), pode ser relacionado com o ODS 16 - Paz, Justiça e Instituições Eficazes. O grupo conta com a atuação dos professores Vitor Blotta e Eugênio Bucci e tem como principal objetivo investigar a opinião pública. 

Entre abril e maio, o Espaço das Artes (Eda) recebeu a exposição Húmus, mostra com trabalhos de artistas nacionais e internacionais que buscou relembrar que somos dependentes de outras formas de vida, relacionando microrganismos, fungos e bactérias com a vida humana, em uma relação direta com o ODS 15: Vida Terrestre. A exposição faz parte das iniciativas do grupo de pesquisa Imaginatur, que promove eventos acadêmicos e artísticos que relacionam arte e natureza e é liderado por Hugo Fortes, docente do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo (CRP)

 

Foto de um grande salão de uma galeria de arte com piso cinza, paredes brancas, onde estão expostas pinturas e uma instalação. À esquerda, há quadros grandes com tons escuros, com cenas de florestas. No chão, há esculturas de folhas de vitória-régia. À direita, destaca-se uma armação com um tecido translúcido vermelho. Ao fundo, há obras em tecido com manchas pretas e uma obra à direita com tons de roxo.
A exposição Húmus recebeu obras de 54 artistas. Foto: Reprodução/Instagram Hugo Fortes.

 

Outro exemplo, desta vez ligado ao ODS 10: Redução das Desigualdades, é o projeto Des-habitar Escutas: Escuta em Disputa na Cracolândia. As pesquisadoras Lílian Campesato Custódio da Silva e Valéria Muelas Bonafé, ambas do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Sonologia (NuSom), do Departamento de Música, realizaram uma exposição que contou com obras de arte sonoras, visuais e audiovisuais realizadas durante um ano com outros artistas habitantes do território da Cracolândia. 

A docente Dália Rosenthal, do Departamento de Artes Plásticas (CAP), coordena o curso de extensão Ateliê de Artes para Crianças, que está sendo realizado durante o primeiro semestre de 2025. A iniciativa, que busca estimular a criatividade por meio de técnicas artísticas e diálogos sobre arte e cultura, está vinculada com o ODS 4: Educação de Qualidade

O ODS 9: Indústria, Inovação e Infraestrutura também é representado na ECA. Um exemplo é o Observatório do Mercado de Trabalho do Profissional da Informação na Era Digital. O grupo é uma iniciativa de Francisco Carlos Paletta, docente do Departamento de Informação e Cultura (CBD), e realiza pesquisas e debates associados às competências digitais do profissional da informação e à complexidade do mercado de trabalho no entorno digital. O Observatório também promove anualmente o Congresso Internacional em Tecnologia e Organização da Informação, que já está em sua décima primeira edição.

 

Próximos passos

A professora Clotilde Perez afirma que o levantamento feito a partir das respostas dos docentes caracteriza o tipo de formação que a Escola de Comunicações e Artes oferece

 

“Temos uma formação humanista, cidadã. Formamos um jornalista, um publicitário, um artista, mas com uma visão voltada para a construção de cidadania. Isso tem muito a ver com o nosso DNA. Isso mostra essa posição de uma escola pública que se compromete com a construção da cidadania, portanto, muito atenta às transformações”. 

Clotilde Perez, diretora da ECA

 

Esse levantamento, segundo Clotilde, também funciona como um instrumento de gestão, a fim de gerenciar os próximos passos e os pontos que precisam de atenção dentro das atividades de ensino, pesquisa, cultura e extensão da ECA. “Ao olharmos para os ODS, podemos pensar: isso aqui eu não tenho. Mas eu quero ter? Eu posso atuar nesse ODS?  Esse tipo de levantamento pode ser tratado estrategicamente para incentivarmos pesquisas de formação nas áreas onde ainda temos pouca presença”, afirma a diretora da ECA

Ela acredita que a ECA tem potencial para mais ações ligadas às áreas de meio ambiente e saúde, em colaboração com outros institutos. Ela cita a parceria entre o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM) e o Centro de Biologia Marinha da USP (Cebimar), com bolsas de pesquisa sobre a comunicação dos oceanos. O projeto Comunicação na Década da Ciência Oceânica nasceu de uma visita de Clotilde ao Cebimar, onde percebeu uma dificuldade do centro de conseguir se comunicar. “Esse é o tipo de ação que podemos desenvolver. Todas as áreas demandam comunicação”, explica a professora ao afirmar que, a partir desse levantamento, será possível buscar diversas parcerias dentro e fora da USP para contribuir cada vez mais com os ODS

 

 

 

Imagem de capa: Reprodução/Organização das Nações Unidas.
Notícias do