Institucional



Ocam, Orquestra Sinfônica Heliópolis e Anelis Assumpção abrem comemorações dos 60 anos da ECA

Na ocasião, a Ocam também celebrou seu 30º aniversário com um concerto em homenagem a Itamar Assumpção

 

Gestão
ECA 60 anos
Ocam 30 anos
orquestra
OCAM
Anelis Assumpção
Itamar Assumpção
Orquestra Sinfônica Heliópolis
Aniversário

A ECA deu início, no dia 27 de junho, às comemorações pelos seus 60 anos, a serem completados em 16 de junho de 2026. A abertura das celebrações foi marcada por um espetáculo em parceria entre a Orquestra de Câmara (Ocam) da ECA e a Orquestra Sinfônica Heliópolis, que ocorreu no Auditório do Centro de Difusão Internacional (CDI) da USP. O concerto integrou a temporada 2025 da Ocam: Novos Sons, Novos Tempos, que faz parte da Série Eventos Especiais Ocam 30 anos. Além de apresentar obras de música clássica, o programa homenageou o cantor e compositor Itamar Assumpção, com participação especial de sua filha, a cantora Anelis AssumpçãoA celebração dos 60 anos da ECA teve o lançamento de um selo, de um manifesto e ainda prevê uma exposição e outros eventos artísticos e culturais, que devem ocorrer ao longo de 2025 e 2026.

 

Abertura oficial das comemorações pelos 60 anos da ECA-USP

A mestre de cerimônia, Verônica Reis Cristo, chefe da Divisão de Comunicação e Relações Institucionais  e supervisora do Laboratório Agência de Comunicação (LAC) da ECA, anunciou e agradeceu as presenças de autoridades acadêmicas presentes. Entre elas o professor Aluisio Augusto Cotrim Segurado, pró-reitor de graduação, o professor Marcos Garcia Neira, pró-reitor adjunto de Graduação, a professora Ana Lucia Duarte Lanna, pró-reitora de Inclusão e Pertencimento,  professor Arlindo Philippi Junior, chefe de gabinete da USP, o professor Marcílio Alves, diretor executivo da Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (Fusp), Murilo Nogueira, diretor administrativo e financeiro da Fundação Bradesco e representantes do Consulado da Coreia do Sul e do Conselho Consultivo da Direção da ECA. 

Entre docentes da ECA mencionados, estavam o professor Paulo Nassar, do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo (CRP) e diretor-presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), o professor Mário Rodrigues Videira Junior, do Departamento de Música (CMU) e vice-diretor da ECA, a professora Maria Margarida Krohling Kunsch, ex-diretora da ECA e professora emérita da Escola e o professor Eduardo Henrique Soares Monteiro, do CMU e ex-diretor da ECA. Além dos nomes mencionados na cerimônia de abertura, diversos outros docentes, funcionários e estudantes da ECA e de outras unidades da USP, além da comunidade externa, lotaram a plateia.

 

Foto tirada do palco, com foco em contrabaixos dispostos à frente de cadeiras vazias. Ao fundo, há uma grande projeção que ocupa toda a parede, com o rosto de um homem negro com dreads longos e uma das mãos levantada próxima ao rosto. A imagem é acompanhada por texto colorido com nomes, títulos e informações sobre o concerto nas cores vermelha e amarela, principalmente. A iluminação é predominantemente azul, com refletores voltados para a frente do palco.
Foto: Amanda Ferreira/ LAC-ECA.

 

No início da cerimônia foi exibida para o público uma mensagem gravada pelo reitor, o professor Carlos Gilberto Carlotti Jr., em que ele relembra quando a ECA foi criada, em 1966:

 

"a Escola refletia a importância que a esfera da cultura começava a adquirir na sociedade brasileira.”

Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da USP

 

Em sua fala, o reitor destacou o trabalho da Escola ao proporcionar uma formação universitária humanista em confluência com as demandas do setor produtivo e do mercado, reforçando o lugar da ECA como referência nacional e internacional nas áreas de Comunicações e Artes. Ele finalizou mencionando grandes nomes da cultura e da arte que fazem parte da história da Escola, como o cineasta Paulo Emílio Salles Gomes, o maestro Camargo Guarnieri, o compositor Olivier Toni, o jornalista Vladimir Herzog e a escritora Lupe Cotrim,  ressaltando que “muitos são os nomes que ajudam a consolidar a pujança e a importância que essa Escola tem no mundo da Comunicação e das Artes.”.

Mensagem do reitor Carlos Gilberto Carlotti Jr. parabenizando a ECA

 

Manifesto dos 60 anos da ECA e lançamento do selo comemorativo

foto em moldura circular de uma mulher branca, de óculos redondos, de cabelos ruivos e lisos um pouco abaixo da altura dos ombros. Ela fala ao microfone diante de uma estante de partitura preta. Ela usa um terno com camisa branca e um broche dourado
Clotilde Perez, diretora da ECA. Foto: Amanda Ferreira/ LAC-ECA.

Na sequência, a diretora da ECA Clotilde Perez (CRP) fez saudações aos realizadores que tornaram o evento possível. Ela também fez agradecimentos especiais à Comissão ECA 60 anos, presidida pelo professor Luiz Alberto de Farias, do CRP, ao regente titular, diretor artístico da Ocam e professor do CMU, Ricardo Bologna,  aos instrumentistas da Orquestra, à produtora Andrea Costa e aos demais integrantes da equipe da Ocam. A diretora também agradeceu o trabalho do regente da Orquestra Sinfônica Heliópolis, Edilson Venturelli, aos instrumentistas e à equipe da orquestra, bem como à cantora Anelis Assumpção.

 

"Estamos aqui para celebrar. Celebrar conquistas e celebrar o início de tantas que virão. A Escola de Comunicações e Artes fará 60 anos no dia 16 de junho de 2026 e, até lá, teremos muito trabalho pela frente."

Clotilde Perez, diretora da ECA

 

Foto em moldura circular de um homem branco, com olhos castanhos, cabelos lisos, curtos e brancos penteados para trás e barba branca. Ele está vestindo um terno escuro e camisa clara. O fundo é de cor marrom clara com textura.
Luiz Alberto Beserra de Farias, presidente da Comissão ECA 60 anos. Foto: Reprodução/ Lattes.

A professora não deixou de mencionar a celebração dos 30 anos da Ocam, Orquestra de Câmara da ECA, criada em 1995 pelo professor, maestro e compositor Olivier Toni, que figura como uma das principais referências da música orquestral contemporânea no Brasil.

 

“Parabenizo a Ocam e expresso o meu mais profundo orgulho por dirigir uma escola que tem uma orquestra tão admirável, talentosa e em total sintonia com as grandes questões do nosso tempo.”

Clotilde Perez, diretora da ECA

 

Um momento importante da cerimônia foi a leitura realizada pela diretora do Manifesto pelos 60 anos da ECA, redigido por ela e pelo professor Bruno Pompeu, do CRP.

Foto de um homem branco com um ligeiro sorriso. Ele tem olhos castanhos, cabelos curtos, lisos e castanhos e veste camisa preta com detalhe em xadrez na gola. O fundo é cinza.
Bruno Pompeu Marques Filho, coautor do Manifesto pelos 60 anos da ECA. Foto: Acervo Pessoal.

O manifesto dirige-se a integrantes da comunidade ecana, e, entre outras coisas, menciona a essência da Escola, presente em sua dualidade própria da convivência dos universos das comunicações e das artes, e enfatiza que a ocasião dos 60 anos, além de ser um motivo para festas e comemorações, é também um momento que pede reflexões, questionamentos e planejamentos. 

O texto lembra que a Escola, fundada em plena ditadura militar, desde sua criação expressa ideias e valores que desafiam o autoritarismo, algo que se expressa no trecho do manifesto que diz “nascemos impregnados de luta, consciência, coragem, força, graça, juventude, irreverência, ousadia, confiança, esperança.”

Diante dos recentes processos de promoção da diversidade na USP, o manifesto anuncia que o tema escolhido para a festa de 60 anos é democracia e diversidade. Os autores reconhecem as raízes da Escola, formada por uma elite financeira de pessoas brancas, mas afirmam que “agora a ECA é composta por corpos diversos, corpos que, na perspectiva mais ampla deste nosso complexo e desafiador país, são muitas vezes marginalizados.”

Arte de um selo comemorativo. Na parte superior, o texto "eca" está escrito em uma fonte arredondada e minúscula, em lilás. Abaixo, um desenho do número "60" em forma de espiral, na cor laranja. Na parte inferior, a palavra "anos”, na cor lilás. O fundo é roxo.
Selo comemorativo dos 60 anos da ECA. Arte: Dorinho Bastos, Juliana Baracat e Susana Narimatsu.

Após a leitura do Manifesto foram exibidos pela primeira vez o clipe e o selo comemorativo dos 60 anos da ECA, desenvolvido, a convite da professora Clotilde, pelo professor Heliodoro Teixeira de Bastos Filho (Dorinho) do CRP,  Susana Narimatsu, designer do LAC, e Juliana Baracat, assistente de design do professor.  Dorinho foi responsável pelo desenvolvimento dos guias de identidade visual mais recentes da ECA, da USP e de outras unidades da universidade.

Foto de homem branco esboçando sorriso. Ele tem  olhos castanhos, cabelos curtos, cacheados e grisalhos, barba, bigode grisalhos e usa camisa branca e casaco preto. O fundo é marrom.
Heliodoro Teixeira Bastos Filho (CRP). Foto: Alê Oliveira

Durante uma reunião de brainstorming, Dorinho lembrou-se de uma pesquisa que desenvolveu na década de 90 sobre a identidade visual da ECA. “O espiral era uma imagem muito recorrente nos muros da ECA”, afirma o professor, que diz ser próprio dessa imagem uma simbologia de dinamismo. “O espiral tem tudo a ver com a ECA”, ele conclui.

Foto de uma mulher amarela, de óculos de armação redonda, cabelos pretos, lisos e longos sorrindo. Ela usa um colar, brinco de argolas e roupa preta
Susana Narimatsu. Foto: acervo pessoal.

Susana acrescenta que o selo remete “à criatividade, diversidade, energia e ousadia que emanam de nossos discentes, docentes e servidores. Também alude ao momento que celebramos, de relembrar e vibrar com uma história que vem se desenrolando com força e esperança.” A escolha da paleta cromática, segundo a designer, refere-se às cores que costumam ser adotadas pelas entidades e grupos estudantis da Escola. “A ideia foi absorver e valorizar elementos da identidade já assumida naturalmente pela nossa comunidade, sem impor algo que lhe fosse estranho".

 

30 anos da Ocam: a música une a Escola em uma dupla celebração

Foto de um homem pardo, cabelos lisos e brancos, barba branca e terno preto falando com um microfone na mão. Ele está diante de uma estante preta de partitura
Ricardo Bologna. Foto: Amanda Ferreira/ LAC-ECA.

Dando continuidade às comemorações, o regente titular e diretor artístico da Ocam, professor Ricardo Bologna, sobe ao palco e relembra a criação da Orquestra há 30 anos pelo professor Olivier Toni, anunciando para 2026 uma temporada de concertos especiais em homenagem aos 100 anos do fundador.

 

"É uma grande honra estar participando das comemorações dos 60 anos da ECA e, ao mesmo tempo, comemoramos os 30 anos da Orquestra de Câmara, que é uma orquestra da ECA, com muito orgulho."

Ricardo Bologna, regente titular e diretor artístico da Ocam

 

O regente agradece a colaboração de Edilson Venturelli e da Orquestra Heliópolis, que juntamente com a Ocam realizam o concerto. Na sequência, Bologna apresenta o programa, que começa com uma curta história cronológica do desenvolvimento da música clássica brasileira, com a composição Suíte Brasileira, de 1890, de Alexandre Levy, que apresenta elementos da música européia com outros que prenunciam o que se tornaria a música erudita brasileira, em especial no último movimento da obra, intitulado Samba.

O programa também contou com a obra Encantamento, de 1941, de Camargo Guarnieri, compositor e regente da Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo (Osusp) de 1975 até 1993. A obra é caracterizada pela presença de ritmos brasileiros e é mais dançante. Em seguida, foi executada a obra Nhanderú, de Clarice Assad, compositora brasileira residente nos Estados Unidos, que escreveu a peça em homenagem ao povo Tupi Guarani, contando a história do ritual da chuva realizado pelos indígenas. Nessa parte, a orquestra vai além da performance usual, fazendo movimentos de percussão corporal e usando a voz.

 

Foto de palco durante apresentação musical. Uma cantora está em pé ao centro, diante de um microfone, vestindo um vestido preto e um casaco branco e longo. À esquerda, um músico pardo, vestido de branco, toca guitarra sentado. À direita, um maestro de cabelos brancos está de pé sobre uma plataforma, virado para a orquestra, com uma batuta na mão. Ao fundo, músicos da orquestra estão sentados com instrumentos de cordas. A iluminação é colorida, com luzes alaranjadas e brancas no alto, e há uma projeção no fundo de um homem´negro e idoso de óculos sorrindo.
Foto: Amanda Ferreira/ LAC-ECA.


O programa culmina na obra de Itamar Assumpção, interpretada por sua filha, a cantora Anelis Assumpção, com acompanhamento de Saulo Duarte, na guitarra, voz e violão, e Jether Garotti, no teclado e arranjos. Mesmo que a obra de Itamar integre o que é considerado música popular, Bologna destaca que ela apresenta elementos da música clássica:

 

"O Itamar é membro da Vanguarda Paulistana, ao lado de Arrigo Barnabé, que também é um compositor que sempre navegou entre os mundos da música clássica e da música popular, provando que música é música."

Ricardo Bologna, regente titular e diretor artístico da Ocam

 

A Sinfônica Heliópolis participou do concerto a convite do professor Ricardo Bologna, a quem Edilson Venturelli prestou agradecimento. O regente também mencionou que a ECA está entre os sonhos de muitas crianças que estudam música na favela de Heliópolis, ressaltando os potenciais das favelas ao dizer que “favela é lugar de gente potente, favela é lugar de gente solidária, favela sabe conjugar o verbo ‘ajudar’ como a maioria das pessoas não sabem.” Edilson também anunciou que, em breve, será inaugurada uma sala de concertos em Heliópolis, reforçando seus desejos de que pessoas que nasceram em lugares pouco favorecidos possam ingressar na USP e em outras universidades.

Na segunda parte do concerto, Anelis Assumpção dividiu o palco com dezenas de instrumentistas. A combinação entre as orquestras, a artista convidada, a obra de Itamar e as projeções, que contaram com fotos e vídeos do compositor homenageado, resultaram em uma performance expressiva e comovente. Entre as músicas interpretadas estavam sucessos como Tristeza Não, Nego Dito e Milágrimas.

 

Foto tirada do auditório em direção ao palco. No centro da imagem, um homem pardo de bigode e cabelos curtos castanhos e uma mulher negra de cabelos crespos e ruivos estão de mãos dadas, lado a lado, ambos sorrindo. À direita, outro homem pardo, de cabelos brancos e terno também sorri olhando para os dois. Ao fundo, há uma orquestra sentada com instrumentos e partituras, enquanto o público aparece em primeiro plano, de pé, visto de costas.
Foto: Amanda Ferreira/ LAC-ECA.

 

Anelis agradeceu as orquestras, parabenizou a ECA e a Ocam pelas celebrações e agradeceu a homenagem feita para Itamar. Tirando risos da plateia, ela fala sobre a sensação de participar da homenagem ao seu pai e das comemorações: “É tudo muito formal aqui. A gente vem com uma roupa de seda, um sapato de bico fino...” No entanto, antes de encerrar a festa com um bis da música Milágrimas, a pedido da plateia, ela deixou as brincadeiras de lado e resumiu o que o momento representava para ela, concluindo que 

 

"É um ambiente maravilhoso, um aprendizado imenso, oportunidade incrível para mim e para Saulo, eu tenho certeza. Também pro Ita ouvir a música dele em outros acordes, outras sinfonias. Que bonito! ‘Sorte não haver o que segure som’*, já dizia o poeta."

Anelis Assumpção, cantora

 

* referência à canção Prezadíssimos Ouvintes, de Itamar Assumpção.

 

 

 


Foto de capa: Amanda Ferreira/ LAC ECA.
Notícias do