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ECA indica Vladimir Herzog para título de Doutor Honoris Causa in memoriam

Proposta aprovada por unanimidade será encaminhada ao Conselho Universitário da USP

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A Congregação da ECA aprovou por unanimidade e por aclamação, no último dia 25 de junho, a indicação do jornalista Vladimir Herzog para receber o título de Doutor Honoris Causa in memoriam da Universidade de São Paulo. 

Foto em preto e branco de um homem, branco, de cabelos curtos, lisos e escuros, sentado em uma mesa com uma máquina de escrever à sua frente. Ele veste blazer e camiseta, tem os cotovelos apoiados sobre a mesa e uma das mãos próxima do rosto. Na mesa, há um cinzeiro, um grampeador e bolsas. Atrás dele, uma parede clara e uma porta aberta
Vladimir Herzog. Foto: reprodução/ Instituto Vladimir Herzog.

A iniciativa partiu do Conselho do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), onde Herzog lecionou Jornalismo Televisivo em 1975, até sua morte em outubro daquele ano. Em 2025, completam-se 50 anos de sua morte, ocorrida sob tortura nas dependências do DOI-CODI, durante a ditadura militar — episódio que causou comoção nacional e se tornou símbolo da luta pela democracia.

“Em função da atuação de Herzog enquanto jornalista comprometido com a comunicação pública e o direito à informação de qualidade, bem como com os direitos e a formação de jornalistas, tanto enquanto reconhecimento profissional, como também por uma política de memória e verdade defendidas pela USP para promoção da democracia, entendemos que Vladimir Herzog faz jus ao recebimento do título de honoris causa in memoriam pela Universidade de São Paulo”, afirmou o professor Wagner Souza e Silva, chefe do CJE, ao ler a manifestação do Conselho Departamental durante a reunião da Congregação.

A proposta agora será encaminhada ao Conselho Universitário da USP, instância responsável pela decisão final.

 

Quem foi Vladimir Herzog?

Nascido na antiga Iugoslávia, na região da atual Croácia, Vladimir Herzog imigrou para o Brasil com pouco mais de dez anos. Em 1959, iniciou sua carreira como repórter no jornal O Estado de S. Paulo. Poucos anos depois, em 1962, formou-se bacharel em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Mais tarde, passou a se dedicar ao jornalismo cultural, com foco na crítica de cinema, e também à produção cinematográfica. Realizou formação em direção cinematográfica no curso Arne Sucksdorff, entre 1962 e 1963, e obteve diploma em Direção e Produção de TV pelo BBC Film and TV Course for Overseas Students em 1968.

Herzog teve passagens pela TV Excelsior, BBC de Londres e TV Cultura, onde, em 1975, assumiu a direção de jornalismo. No mesmo ano, ingressou como professor de Jornalismo Televisivo na ECA-USP.

Em sua memória, foi criado o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, que em 2025 chega à sua 47ª edição. O prêmio é organizado por diversas entidades e pelo Instituto Vladimir Herzog, fundado em 2009 com o objetivo de celebrar a vida do jornalista e promover a democracia, os direitos humanos e a liberdade de imprensa.

Conforme o Estatuto da USP, o título de Doutor Honoris Causa é conferido a “personalidades nacionais ou estrangeiras que tenham contribuído, de modo notável, para o progresso das ciências, letras ou artes; e aos que tenham beneficiado de forma excepcional a humanidade, o País, ou prestado relevantes serviços à Universidade”. Para ser aprovada, a proposta deverá contar com o voto favorável de dois terços dos integrantes do Conselho Universitário.

 

 

 


Foto de capa: reprodução/ Instituto Vladimir Herzog.