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Grupo de pesquisa inicia nova catalogação de acervo teatral

Base de dados do Centro de Documentação Teatral, com mais de 30 mil itens catalogados, passará por processo de aperfeiçoamento e atualização tecnológica 

Comunidade

A proposta do Centro de Documentação Teatral (CDT) para revisão da base de dados do Laboratório de Informações e Memória (LIM) do Departamento de Artes Cênicas (CAC) foi um dos 41 projetos contemplados no 5º Edital Santander / USP / FUSP de Fomento às Iniciativas de Cultura e Extensão. A base de dados reúne hoje 30 mil itens catalogados do acervo do CDT, entre documentos em papel, fotografias, desenhos, audiovisuais e outros tipos de material.

O projeto será desenvolvido ao longo do segundo semestre deste ano. Elizabeth Azevedo, coordenadora do CDT e professora sênior do CAC, afirma que será possível realizar o trabalho apesar da quarentena, uma vez que toda a base de dados está em plataforma digital. A catalogação da base de dados consiste em uma série de etapas. Num primeiro momento, é registrada a procedência do documento e sua tipologia. A docente explica que, entre as particularidades de um acervo de teatro, está o fato de um mesmo conjunto documental poder conter variados tipos de suportes – maquetes, figurinos, textos e fotografias são alguns exemplos. A partir deste registro preliminar, é possível selecionar um conjunto documental e trabalhar numa descrição pormenorizada.

Manter a documentação integrada, o que preserva a complexidade e complementariedade dos vestígios teatrais, é um dos diferenciais da ação do CDT. Segundo a docente, não existe hoje em São Paulo um centro de documentação especializado em teatro; observam-se somente iniciativas isoladas, ligadas a alguns teatros da capital, caso dos Centros de Documentação e Memória do Teatro da PUC-SP e do Teatro Alfa. Para Elizabeth, a USP, que conta em seu patrimônio com importantes acervos históricos e mantém em sua estrutura o Teatro da USP, é hoje a única capaz de pensar em uma política para a preservação da memória do teatro. “Não vejo outra instituição que possa fazer isso hoje em São Paulo”, avalia a coordenadora do CDT. Na ausência de outras instituições que atuem nesta área, o CDT começa a figurar como uma referência para artistas e pesquisadores da história do teatro.

A chegada recente de dois acervos importantes à ECA confirma a maior visibilidade das ações do CDT para a memória do teatro em São Paulo: os conjuntos documentais do ator e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri e da atriz e produtora Ruth Escobar. O primeiro, doado à ECA no final de 2018, está na reta final do trabalho de catalogação. Já o acervo de Ruth Escobar chegou ao CDT no final do ano passado e hoje está acondicionado em duas salas da reserva técnica do antigo Instituto de Estudos Brasileiros – e futura sede do CDT. O CDT já prepara o projeto para a organização deste acervo – que conta com algumas raridades e itens que exigem cuidados especiais – por meio de parcerias e apoio de agências de fomento.

O tratamento do acervo Ruth Escobar e a revisão da base de dados do CDT figuram no plano de atividades da professora Elizabeth Azevedo para o Programa de Professor Sênior da USP, iniciado neste primeiro semestre. A proposta da docente inclui ainda uma nova etapa do projeto Inventário da Cena Paulistana, a fim de aprofundar as pesquisas sobre grupos de teatro amador em São Paulo do século XVIII até 1930; a participação no Conselho Editorial da Revista Sala Preta, e as aulas e orientações de trabalhos de mestrado e doutorado junto ao Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas (PPGAV).

História do CDT

Clóvis Garcia foi professor do Departamento de Artes Cênicas (CAC) por mais de 30 anos, onde ministrou diversas disciplinas de graduação e pós-graduação e desenvolveu pesquisas sobre a história do teatro, teatro infantil e teatro brasileiro. Foi também crítico teatral, ensaísta, cenógrafo, figurinista e ator; fundou o Grupo de Teatro Amador (GTA) e a Federação Paulista de Amadores Teatrais; atuou em diversas montagens como ator e cenógrafo e escreveu para revistas como Teatro Brasileiro (da qual também foi um dos fundadores) e O Cruzeiro, além dos jornais Folha de São Paulo e Jornal da Tarde, nos quais se dedicou ao teatro infantil.

No final da década de 1990, seu acervo pessoal – fichas de críticas, manuscritos das críticas enviadas aos jornais onde trabalhou, coleção de matérias jornalísticas acumuladas ao longo de décadas e outros documentos históricos que resgatam a rica trajetória acadêmica e artística do docente – foi doado ao Departamento e, a partir deste primeiro conjunto documental, que se somou a outros que chegaram anos mais tarde, surgiu o LIM CAC: Laboratório de Informações e Memória do Departamento de Artes Cênicas.

Em pouco mais de 20 anos, o LIM CAC cresceu e tornou-se o Centro de Documentação Teatral (CDT), passando a abrigar também o Núcleo de Apoio à Pesquisa Traje de Cena. De acordo com o guia do acervo, o CDT hoje tem sob sua guarda 33 conjuntos documentais de pesquisadores e artistas, especializando-se na conservação preventiva, catalogação, pesquisa e difusão da história do teatro em São Paulo.

Além de Elizabeth, colaboram com o CDT os professores Fausto Viana, vice-coordenador e responsável pelo Núcleo de Pesquisa Traje de Cena, Ferdinando Martins, Fábio Cintra e Isabel Italiano, esta última da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, além de bolsistas, pesquisadores e voluntários.