Estudante de Música ganha prêmio em concurso de violão

Rafael Soares conta um pouco de sua trajetória artística e acadêmica após ganhar o segundo lugar no V Concurso de Violão de Teresina
 

 

Comunidade

​Rafael Soares, 25 anos, bacharelando em Violão Erudito no Departamento de Música (CMU) da ECA, recebeu o prêmio de segundo lugar no V Concurso de Violão, parte do VI Festival de Violão de Teresina, que ocorreu nos dias 24 e 25 de fevereiro de 2024. Rafael é orientando da professora Adriana Lopes em uma pesquisa de iniciação científica sobre o compositor Heitor Villa-Lobos e aluno de Edelton Gloeden. Além disso, Rafael também teve aula com Breno Chaves, Luciano Morais e Robert Martins, professores de violão em outras instituições. 

 

“Nos concursos é muito bom quando a gente tem a oportunidade de ganhar, mas é o fato da gente se preparar muito, tecnicamente e emocionalmente, que faz com que a gente amadureça no palco e como músicos”

Rafael Soares, estudante de Música  

 

O Festival contou com recitais e workshops que deram foco para os talentos da terra piauiense. No cenário violonístico, o evento é considerado de enorme importância, tanto no âmbito erudito, quanto no popular, e contou com  a presença de violonistas e compositores ilustres como Josué Costa, Wellington Torres e Lula Galvão, além da Orquestra de Violões de Teresina

 

Fotografia a partir do alto de um palco de madeira no qual estão dez violonistas sentados em cadeiras dispostas em um semicírculo. O palco é iluminado por uma mistura de tons quentes e frios. Os músicos trajam roupas escuras e tocam seus violões enquanto olham partituras dispostas diante de cada um. Nas laterais do palco há vasos de plantas e, ao fundo, duas coxias com cortinas. O cenário é composto por painéis de madeira e, no centro, há uma porta dupla e quatro quadros decorativos com linhas criando formatos geométricos.
A Orquestra de Violões de Teresina (OVT) se apresenta na noite de abertura do Festival de Violão de Teresina 2024. Imagem: Acervo Violão Brasileiro.

 

A competição foi acirrada e teve competidores de diversas regiões do Brasil. Entre os ganhadores, estão mestres e graduados em violão. Por ter sido o segundo colocado, Rafael Soares recebeu 3 mil reais em dinheiro, enquanto o primeiro colocado, o catarinense Leonardo Muller, recebeu 10 mil, além do convite para fazer recital na próxima edição do Festival de Violão de Teresina com cachê e despesas pagas. Já a terceira colocada, a paraense Odília Santana, recebeu o valor de 2 mil.

 
Do primeiro violão à USP 

Rafael Soares conheceu o violão aos 12 anos por meio do Projeto Guri em sua cidade natal, Álvares de Carvalho, no interior de São Paulo. Vindo de uma família humilde, o estudante relata que seu primeiro violão foi um presente de seu professor, já que seus pais não tinham condições de lhe comprar um

Fotografia de um homem jovem e pardo de cabelos curtos e escuros, sentado em uma sala de paredes brancas, segurando um violão sobre seu colo. Ele usa calças brancas e camiseta cinza, olha para a câmera e sorri, enquanto apoia a base do violão sobre suas pernas e passa os braços em volta do instrumento. Atrás dele há uma porta branca com uma pequena janela de vidro.
Rafael Soares, vencedor do concurso, está no terceiro ano de graduação e possui diversos prêmios de outros concursos de violão. Imagem: Luiza Miyadaira/ LAC ECA

Após se formar em um curso técnico e dar aulas na cidade vizinha, em 2019, Rafael se candidatou a uma bolsa de estudos e intercâmbio através do projeto Move, Musicians and Organizers Volunteer Exchange, ou Intercâmbio Voluntário de Músicos e Organizadores, em português. Graças ao projeto norueguês, o jovem teve a oportunidade de aperfeiçoar seus estudos em Oslo, na Noruega, e ensinar jovens e crianças em instituições de trabalho voluntário em Maputo, capital de Moçambique. Entretanto, o intercâmbio teve de ser interrompido com a chegada da pandemia de covid-19 em 2020, obrigando-o a voltar para o Brasil.

Rafael afirma que o contato com outros músicos durante o intercâmbio despertou seu desejo de adquirir mais conhecimento e se graduar em música. Interessado em ser aluno do professor Edelton Gloeden, o músico passou a estudar para ingressar na USP ao mesmo tempo em que trabalhava para ajudar a família. "Quando eu voltei do intercâmbio, eu fui trabalhar no supermercado como entregador [...] trabalhava das 7h da manhã até às 7h da noite. Aí, depois que chegava, eu estudava matérias do vestibular e também estudava violão".

Graças ao seu esforço e ao auxílio do Programa de Apoio à Permanência e à Formação Estudantil (PAPFE) da USP, o jovem conseguiu ingressar na ECA em 2021 e permanecer na universidade. Desde então ele participou de outros concursos: em 2022 ganhou o prêmio de 1° lugar no XVI Concurso de Violão do Conservatório Musical Villa-Lobos em Osasco, SP e, em 2023, ficou em 3° lugar no XXXIV Concurso de Violão Souza Lima, em São Paulo. 

Rafael avalia que não há muito espaço para violonistas nas orquestras e que a saída para ele é seguir participando de concursos: “Todos os concursos que tiver, vou tentar participar e me formar o melhor possível para poder fazer um mestrado. Fora o meu desejo de tentar aproveitar alguns dos intercâmbios da USP”. Segundo Rafael, a participação em concursos é uma grande oportunidade, não apenas de ganhar, mas também de se aprimorar e encontrar outras figuras relevantes no campo musical

Atualmente, Rafael Soares realiza recitais solo e em grupo de Câmara, e participa regularmente em festivais de violão e masterclasses com professores da América Latina, Europa e Estados Unidos. 

 

 

Música: Soleares, Joaquin Turina.

Conheça a pagina oficial de Rafael Soares no Instagram. 

 

Projeto Guri: Música para todos

O Projeto Guri é um programa brasileiro de educação musical que oferece aulas gratuitas de música para crianças e adolescentes em diversas regiões do estado de São Paulo. Foi criado em 1995, pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, com o objetivo de promover o acesso à cultura e à educação musical, contribuindo para o desenvolvimento humano e social dos participantes.

As aulas abrangem uma variedade de instrumentos musicais, como violino, violão, piano, flauta doce, saxofone, entre outros, além de canto coral. O programa atende crianças e jovens de 6 a 18 anos, divididos em diferentes níveis de aprendizado, desde iniciantes até avançados. Além das aulas, o projeto promove atividades como apresentações musicais, workshops, palestras e intercâmbios culturais, buscando enriquecer a experiência musical dos participantes e promover o contato com diferentes estilos e tradições musicais.

O Projeto Guri é considerado uma das maiores iniciativas de educação musical do Brasil. Ao todo, já atendeu cerca de 1 milhão de crianças e oferece todo ano 70 mil vagas distribuídas em 400 polos no estado de São Paulo. 

 

 


Imagem de capa: Jefferson Santos/ Unsplash ​