“Estudantes de escola pública precisam ver a USP como algo possível”

Graduandos da ECA foram embaixadores do programa De volta à escola: Eu na USP, que levou universitários para as escolas públicas onde estudaram

Comunidade

A tradicional Feira USP e as Profissões, organizada pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU), aconteceu entre os dias 1 e 3 de outubro. Esse ano, o evento, antes realizado na Praça do Relógio, no campus da capital, foi em formato diferente: palestras online ao vivo que apresentaram a universidade e seus cursos para estudantes de todo o país. Outra novidade foi o programa De volta à escola: Eu na USP, que levou estudantes da USP de volta às escolas públicas do estado de São Paulo nas quais cursaram o ensino médio

O objetivo da iniciativa que transformou estudantes de graduação voluntários em embaixadores da universidade foi levar informações sobre a USP, incentivando estudantes de mais de 500 escolas públicas do estado a concorrerem a uma vaga na instituição.

De acordo com a docente do curso de Jornalismo e presidente da Comissão de Cultura e Extensão (CCEX) da ECA, Mônica Rodrigues Nunes, 29 estudantes ecanos participaram do programa, um dos números mais expressivos de toda a universidade. Durante as visitas, os embaixadores apresentaram aos estudantes das escolas os cursos, as formas de ingresso e as políticas afirmativas da USP, além de terem compartilhado suas experiências pessoais de quando eram vestibulandos e de agora, como universitários.  

 

“Ao participarem desse projeto, os alunos USP se tornam a ponte entre a universidade e os alunos de ensino médio de escolas públicas do estado de São Paulo.”

Mônica Rodrigues Nunes, docente e presidente da CCEX

 

 

Foto de papéis dispostos sobre uma superfície preta. Há alguns cartazes, panfletos e livretos de divulgação da USP, com escritos sobre “inclusão e pertencimento”, “jornal”, “cartilha de apoio”, “extensão”, “segurança” e “roteiros”.  Todos são coloridos. Também há um objeto marrom que imita o fóssil de um pequeno animal.
Estudantes voluntários receberam um kit para levar às escolas com cartazes, atividades e livretos informativos sobre a universidade. Foto: Maria Eduarda Lameza/LAC ECA USP.

 

 

A USP é possível

Foto de duas mulheres brancas, cada uma com um microfone em uma sala. Uma delas fala olhando para uma projeção no quadro branco que tem diversas imagens e o título “entidades”.  Ao lado delas, uma mesa branca sobre a qual há duas caixas. As caixas estão fechadas, são brancas e têm uma foto e a palavra “USP” estampadas na tampa. As paredes e o teto da sala são brancos, com lâmpadas e um ventilador.
Maria Luiza foi acompanhada de uma colega da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), que também estudou na Etec Raposo Tavares. Foto: acervo pessoal/Maria Luiza Santos de Carvalho.

 

Maria Luiza Santos de Carvalho, estudante de Artes Visuais, foi uma das embaixadoras da ECA no programa. Ela voltou à Escola Técnica Estadual (Etec) Raposo Tavares, na zona oeste da cidade de São Paulo. Ela afirma que, como estudou em escola pública a vida toda, aceitou prontamente o convite da PRCEU como uma oportunidade de retribuir a ajuda que recebeu: “tem gente igual eles, que saiu do mesmo lugar que eles, estudando na USP. Os professores ficam orgulhosos, e os alunos, admirados”.

Maria Luiza também buscou, em sua visita, esclarecer dúvidas dos estudantes e explicitar carreiras e institutos da USP que se relacionam com os cursos oferecidos pela Etec (Química, Administração e Desenvolvimento de Sistemas). Para ela, essa é uma forma de motivar os alunos, aproximando-os daquilo que já estudam no técnico e oferecendo perspectivas para o futuro. 

O combate à desinformação também foi um dos objetivos do programa. O estudante de Jornalismo Davi Pereira Alves voltou à Escola Estadual Samuel Wainer, no Grajaú, zona sul da cidade. Ele relata que foi questionado por um estudante do 3º ano do ensino médio se a USP cobrava mensalidade: “percebo que uma grande parcela não conhece nem um pouco dessa universidade que é tão importante”. Para ele, fomentar conversas sobre o assunto, como feito pelo De volta à escola: Eu na USP, é essencial para levar essas informações ao conhecimento do público.

 

 

Foto de um grupo de cerca de 30 pessoas, todas sentadas em um auditório de cadeiras estofadas azuis e paredes brancas. O grupo é formado, em sua maioria, por jovens negros, tanto homens quanto mulheres. Há ventiladores pendurados nas paredes.
Davi conta que “era visível o interesse dos alunos no assunto, afinal de contas, até pouco tempo eu fazia parte do ciclo deles”. Foto: acervo pessoal/Davi Pereira Alves.

 

 

Davi fez questão de falar sobre as diferentes formas de ingresso, especialmente o Provão Paulista. O jornalista em formação explica que, por ser uma modalidade nova e ainda pouco conhecida, muitos estudantes não a levam em consideração e não se preparam com a devida seriedade, mas foi por meio dela que Davi garantiu sua vaga na ECA. 

Foto do visor de uma câmara em primeiro plano que está filmando uma mulher negra, de cabelos crespos e camiseta laranja. Ela está falando a um microfone com o logo da rede Globo para um homem de camiseta branca. Ao fundo e desfocado, um grupo de pessoas sentadas em cadeiras brancas.
Paula está na segunda graduação, é formada em Ciência da Computação e viu na Biblioteconomia uma forma de “atuar com divulgação científica e educação”, seus maiores sonhos. Foto: acervo pessoal/Paula Eugenia da Silva.

Os embaixadores também deram dicas sobre o vestibular. Paula Eugenia da Silva, graduanda em Biblioteconomia e Ciências da Informação, retornou à Escola Estadual Odete Maria de Freitas, na cidade de Embu das Artes, região metropolitana de São Paulo. Lá, Paula explicou para os estudantes que, hoje, existem diversas formas gratuitas de estudar para o vestibular, como aplicativos, videoaulas disponíveis na internet e cursinhos populares: “o mais importante é não desistir!”. 

A palestra de Paula contou com a presença da Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária, a docente Marli Quadros Leite, de representantes da Secretaria de Educação do estado de São Paulo, de repórteres da Rádio USP e de uma equipe da TV Globo, que produziu uma reportagem sobre o projeto. Paula conta que, no início, estava um pouco apreensiva com tamanha visibilidade, mas que, em seguida, percebeu que ações como essa são essenciais para divulgar a USP e seus espaços (como bibliotecas e museus) não apenas para os futuros universitários, mas para toda a sociedade.

O principal ponto em comum destacado por Maria Luiza, Davi e Paula foi a importância de mostrar que entrar na USP é possível, e não uma “lenda urbana”, como pensava Paula. Para Maria Luiza, a iniciativa De volta à escola: Eu na USP é extremamente necessária, pois coloca os estudantes da rede pública em contato direto com universitários, algo que Paula também revela ter sentido falta na época em que estava no ensino médio.

 

“A USP é possível. Por mais que cada um tenha uma realidade, conversar com os alunos da sua antiga escola mostra, em certa medida, que uma pessoa que estava no mesmo barco que você encarou muitos desafios, mas conseguiu. Isso é contagiante.”

Davi Pereira Alves, estudante de Jornalismo 

 

 

ECA na Feira USP e as Profissões

A Feira USP e as Profissões foi dividida em três dias (de 1 a 3 de outubro). Cada dia foi dedicado a uma área do conhecimento: Ciências Biológicas, Exatas e Humanas, respectivamente.

Além de uma live geral em cada dia, ocorreram bate-papos virtuais sobre cada carreira com docentes e estudantes. Você pode encontrar as gravações de todos os cursos da ECA no site do evento.

Confira aqui a live das Ciências Humanas:

 

 

 

 

 


Imagem de capa: acervo pessoal/Paula Eugenia da Silva.