130 anos de Graciliano Ramos: um modernista "antimodernista"
Professor da ECA, Thiago Mio Salla é um dos organizadores de obra que expõe as críticas do escritor alagoano ao movimento modernista

“Nossa proposta foi ir na contracorrente e mostrar que os agentes culturais literários históricos vinculados ao evento, não foram unanimidades (...). Havia uma voz crítica a esses autores.”
Thiago Mio Salla, professor do Departamento de Jornalismo e Editoração

Como bem apresenta a sinopse do livro, a obra traz um Graciliano desconfiado e vigilante, que discute o papel do movimento modernista e as escolhas feitas pelos intelectuais daquela época. Para o docente, o fato de Graciliano Ramos ter críticas ao modernismo não o torna um escritor reacionário, mas sim “um moderno por excelência, alguém a quem um moderno não engana, alguém que em vez de entrar nessa corrente triunfalista do moderno procura (...) representá-lo criticamente”.
O Antimodernista na ABL
Para celebrar os 130 anos de Graciliano Ramos, completados no dia 27 de outubro, o professor Thiago Mio Salla participou do 7º Ciclo de Conferências "Vozes do Nordeste", organizado pela Academia Brasileira de Letras (ABL). Acesse o link e assista à palestra O antimoderno Graciliano Ramos e o modernismo de 1922 visto a contrapelo.
Outro aspecto problemático do movimento modernista, segundo Graciliano Ramos, é o fato de tentar reler o passado e se colocar numa condição de prevalência, rejeitando tudo o que veio antes sem fazer um questionamento adequado e atento à perspectiva histórica. Ao seguir em direção ao progresso, o modernismo também deixa de lado temas importantes, como as desigualdades sociais do país. Sobre isso, o professor do CJE explica que a própria obra de Graciliano Ramos também sintetiza sua posição crítica: enquanto o modernismo retrata, com frequência, temas relacionados à vida da classe média paulista, o escritor, por sua vez, aborda temas atuais do Brasil a partir de um olhar distinto. “A proposta dele é colocar em primeiro plano essas mazelas do interior do país, mostrar o quanto que elas são decorrentes de uma estrutura social desigual que ainda é um elemento fundante para se pensar o Brasil de hoje.”