CAC | Departamento de Artes Cênicas



Docente de Artes Cênicas dá continuidade a projetos desenvolvidos na Bélgica

Professora Andréia Nhur tem trabalhado em produções acadêmicas e audiovisuais com foco na integração de som, voz e movimento corporal

Vida acadêmica

Entre 2020 e 2021, durante sua visita à Ghent University, na Bélgica, a professora Andréia Nhur participou de residências artísticas e elaborou estudos sobre “sonorocoreografia” (palavra inventada que dá título à essa investigação integrada de som, voz e movimento, segundo a docente). Além disso, durante o contexto pandêmico, promoveu reflexões políticas por meio da dança.

Agora que está de volta ao Brasil, a docente do Departamento de Artes Cênicas (CAC) se dedica a adaptar a obra O Cisne, Minha Mãe e Eu para um filme de dança, desenvolver projetos solo e atuar em um curta-metragem.
 

Desdobramentos da passagem pela Bélgica

 

Durante sua visita ao Departamento de História da Arte, Musicologia e Estudos do Teatro da Ghent University, Andréia participou de projetos no IPEM (Instituto de Musicologia da universidade), no qual são realizadas experiências que conectam artes, tecnologia e ciência. 

“Minha pesquisa reuniu técnicas de captura de movimento e simulação sonora, tendo como base minha própria performance dançando, cantando e tocando instrumentos, a fim de observar e analisar, em meta-perspectiva, as relações integradas entre esses diferentes saberes do corpo”, relata a professora.

A partir desse estudo artístico-acadêmico, Nhur tem desenvolvido novos projetos de pesquisa, criações artísticas e artigos nas línguas portuguesa e inglesa. Algumas destas produções já foram publicadas  em periódicos como a Revista Voz e Cena e a Revista Brasileira de Estudos da Presença.

Além disso, o período na Bélgica se relaciona a um outro projeto da professora, um solo temporariamente nomeado de Um Grito Dançando no Ar, que também é fortemente associado às pesquisas realizadas junto ao Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPGAV) da ECA. A obra conta com apoio do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo (ProAC), assistência de direção de Paola Bertolini, colaboração de Janice Vieira e provocação coreográfica do artista moçambicano Horácio Macuacuá.

Confira abaixo uma das cenas do solo:

 
Filme O Cisne, Minha Mãe e Eu
 

Está prevista para o final deste ano a estreia do curta-metragem O Cisne, Minha Mãe e Eu, que está sendo produzido e roteirizado pela docente. Nhur explica que trata-se de uma dança-documentário sobre linhagens, diferentes gerações e a relação entre mãe e filha — tudo isso por meio do cisne como figura poética.

A apresentação foi exibida pela primeira vez ainda em 2008, quando Andréia e Janice Vieira, sua mãe, reativaram o Grupo Pró-Posição, que fora fundado por Janice e Denilto Gomes nos anos 70. “O tema desse espetáculo havia sido assunto de um solo desenvolvido por mim um ano antes, que já abordava memória, história e transmissibilidade na dança por meio da figura espectral do cisne”, a professora relata.

Juntamente com outras obras, O Cisne, Minha Mãe e Eu completou uma trilogia sobre o cisne e conquistou o Prêmio APCA de Pesquisa em Dança em 2013. Andréia conta que, neste mesmo ano, surgiu a ideia de apresentar a tríade de performances em diferentes suportes. “No entanto, o projeto ficou engavetado e só foi retomado no ano passado, quando conseguimos apoio para esta realização, por meio do ProAC-LAB-45 (Prêmio por Histórico de Realização em Dança)”.

Duas mulheres estão na frente de uma parede preta. À esquerda, há uma senhora (Janice), que é branca, tem cabelos lisos curtos, veste uma blusa cinza, toca sanfona e olha para baixo. Ao centro, há uma jovem (Andréia), que é branca, tem roupas e cabelos escuros e está dançando. Seu tronco está voltado para a direita, mas seu rosto olha para frente.
Andréia e Janice em Linhagens, um dos espetáculos da trilogia. Foto: Ines Correa/Site Andréia Nhur

Após interrupções de ensaios e mudanças de datas das gravações - devido à saúde dos integrantes do grupo ainda durante os meses de pré-produção -, as filmagens devem acontecer na última semana de maio, em diferentes cidades do interior paulista. 

 

Produção em família
 

Para Nhur, a obra é sobre um elo, uma conexão, uma continuidade do saber artístico através das gerações. “Uma dança que minha mãe aprendeu no passado e que agora passa para mim, para que eu faça à minha maneira. [...] Não se trata de um saber qualquer, mas de um saber cultural que deve ser mantido, transformado, continuado.” Para que isso aconteça, a professora destaca a urgência da manutenção de políticas de valorização da cultura, especialmente quando se considera o cenário político atual, “não só para nós, uma família de artistas, mas para a sociedade como um todo.”

A equipe de O Cisne, Minha Mãe e Eu, além de ter Andréia e Janice no elenco, é composta pela produtora Paola Bertolini, o diretor Guilherme Telli e sua equipe Azul Banana, o colaborador e iluminador Roberto Gill Camargo, pai da professora, e outras pessoas envolvidas no set de filmagem e na pós-produção. 

São muitas histórias e vivências que se cruzam, trazendo afetos, conflitos, mas também processos de troca e diferenciação. É um presente poder compartilhar meus saberes e aprender continuamente com meus pais, que considero dois mestres das artes da cena no Brasil”, declara a docente a respeito do trabalho com a família.

 

Foto com fundo totalmente preto. Em primeiro plano, está o rosto de Andréia, uma jovem branca, de cabelos claros e curtos que olha para sua mão. Atrás dela, em pé, está uma senhora, Janice, que também é branca e tem cabelos curtos. Ela veste uma blusa cinza, segura uma sanfona e olha para a mão da filha.
Mãe e filha em cena do filme O Cisne, Minha Mãe e Eu. Imagem: Lenise Pinheiro
Participação em curta-metragem

 

A obra A Sombra da Terra, que será protagonizada por Andréia e Paulo Betti, fala sobre solidão, compaixão, isolamento e memória. “É um encontro entre duas pessoas excluídas da sociedade, um andarilho e uma pianista que sofre de transtorno de estresse pós-traumático”, descreve Nhur.

O filme de Marcelo Domingues traz como inspiração as obras dos cineastas   Krzysztof Kieslowski e Andrei Tarkovsky, entre outras referências, e tem produção prevista para o segundo semestre de 2022.

 

 


Foto de capa: Reprodução/Youtube