CJE | Departamento de Jornalismo e Editoração



Revista Babel: turma de Jornalismo convida leitores a explorar a América Latina

Estudantes cuidaram de toda a produção da revista: da escolha das pautas à redação das reportagens, criação de arte, diagramação e edição

Vida acadêmica
Imagem da capa desta edição da revista. À esquerda, está uma foto em preto e branco de uma mulher e de um bebê, que está no colo dela. Ambos olham para a direita. A foto tem as bordas recortadas no formato do mapa da América Latina de ponta-cabeça. À direita, estão o título da revista, o nome da edição e a data da edição em letras pretas. No canto inferior esquerdo, há o logo da Babel, também em preto. O fundo é branco.
Imagem: Reprodução/Revista Babel

Um convite para descobrir as Américas é o título da mais nova edição da Revista Babel, trabalho final de uma das disciplinas laboratoriais do curso de Jornalismo. O periódico foi todo produzido por 13 estudantes do sétimo semestre, sob orientação dos professores Alexandre Barbosa e Dennis de Oliveira, do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE). Os textos da revista passam por temas como cultura, meio ambiente, economia, política e esportes.

O professor Alexandre, atual responsável pela disciplina, explica que a Babel se diferencia dos outros jornais-laboratório por demandar textos mais complexos e aprofundados. Enquanto a disciplina que produz o Jornal do Campus foca em práticas de hard news (nome dado para notícias de rápida apuração e publicação) e a Agência Universitária de Notícias se concentra em abordagens científicas, a Babel “trabalha com jornalismo de revista, destinado a proporcionar debates e reverberar alguns assuntos”, esclarece o professor. 

O nome do periódico, de acordo com o docente, é inspirado na narrativa bíblica que explicaria o surgimento dos diversos idiomas. Com a ideia de polifonia, a revista Babel se propõe a reunir diversos pontos de vista.

 

“A América também é nossa”

No texto de abertura, os estudantes reforçam a importância da valorização e da disseminação das diversas histórias que compõem a História do continente: “O latino-americano não é um só, nem suas lutas, e suas conquistas, tampouco.”

A temática da América Latina foi uma sugestão do professor Alexandre, que é pesquisador dessa área e faz parte do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (Celacc), que é vinculado à ECA. Os estudantes aceitaram a ideia e começaram a pensar em pautas que se encaixassem nas editorias da revista, conforme conta Rebeca Alencar, editora-chefe da edição.

Fotografia de diversas pessoas na natureza. As pessoas vestem roupas brancas e acessórios comumente usados em terreiros. Elas estão à margem de um rio, que ocupa a porção inferior da foto e reflete a imagem do grupo. Ao redor deles, há grandes árvores e mato alto.
Para uma das reportagens, o estudante Theo Sales fotografou comunidades de terreiros alagoanos subindo a Serra da Barriga no Dia da Consciência Negra. Imagem: Theo Sales/Revista Babel

“Em dado momento, nos demos conta que estávamos abordando a América Latina com um ar muito pessimista. Isso foi importante para balancear o conteúdo da revista com um viés de maior orgulho e admiração também”, relata a aluna.

Em seu texto da revista, que oferece dicas de turismo, Rebeca quis dar oportunidades de espaço de fala para pessoas nativas daquelas localidades, ao invés de usar opiniões de visitantes. Colegas de estágio de diferentes países latino-americanos contribuíram com a matéria. “Todas as recomendações foram de pessoas que moram nesses países, porque eles sabem mais do que ninguém como fazer esses passeios e a importância deles para a cultura local”, argumenta.

Outras reportagens da edição falam sobre a preservação cultural e ambiental da Serra da Barriga, em Alagoas; uma feira para quadrinistas LGBTQIA+ em São Paulo e a vida de comunidades pesqueiras no Uruguai.

 

Elaboração do projeto

uma das páginas da revista. à esquerda, no topo, o titulo da materia, escrito em preto, abaixo, duas colunas de igual tamanho distribuem o texto
Com a Revista Babel, estudantes puderam praticar a diagramação, que consiste em organizar textos, imagens e outros elementos em uma página. Foto: Reprodução/Revista Babel

A editora-chefe aponta que a principal diferença entre a Babel e os outros jornais-laboratório é a experiência de estruturar o projeto do zero. Nos últimos anos, as produções da disciplina vinham sendo veiculadas em um site, mas, dessa vez, a turma decidiu elaborar um projeto gráfico para poder praticar mais a diagramação, o que foi difícil em aulas anteriores devido à pandemia

Enquanto outras disciplinas já possuíam linhas editoriais e designs bem definidos, a Babel precisou ser totalmente elaborada pelos próprios estudantes, o que demandou muitas tentativas. “[Essa edição] tem um visual bem mais cuidadoso, porque tudo para a gente era um teste. Com certeza, as próximas turmas vão fazer diferente, elas podem fazer diferente, e a gente fica muito empolgado para ver o que elas vão preparar”, declara Rebeca.

Para a aluna, o maior aprendizado ocorreu justamente no dia da finalização. “Todo mundo acha que está tudo certo com sua própria matéria até chegar no fechamento e ouvir opiniões dos outros colegas sobre as imagens, diagramação e escrita”, conta. Conseguir ter controle do andamento da produção e poder auxiliar a todos no último dia de trabalho foi a maior dificuldade como editora-chefe, acredita Rebeca: “eram muitas mudanças para administrar em um curto período de tempo”.

Para Alexandre, esses obstáculos e a convivência em grupo fazem parte do processo de aprendizagem: “o jornalismo é uma atividade humana que é feita em conjunto. Ninguém faz nenhum veículo de comunicação sozinho”

 

A Revista Babel

O periódico propõe que o estudante encontre pessoas para entrevistar que sejam capazes de falar sobre os assuntos escolhidos e os traduza para o público. Além disso, “é necessária pesquisa de outras fontes de documentação para ajudar a ilustrar a matéria. Ela tem que ter dados, e esses podem gerar infografias. Ou seja, tem um conteúdo mais amplo”, explica Alexandre.

Ao mesmo tempo, é preciso ter em mente que o suporte (no caso da Babel, a página) possui tamanho determinado. Por isso, é preciso treinar e aprender a colocar uma grande quantidade de informações em um espaço limitado. Nesse sentido, Alexandre explica que a redação da Revista funciona em dois grandes eixos: a pesquisa de fontes e documentação e a edição do texto.

Ele acrescenta que a presença de disciplinas laboratoriais durante toda a graduação é um diferencial no curso de Jornalismo da ECA. O plano pedagógico é reconhecido pelo professor como “muito de vanguarda, muito revolucionário e ousado”, o que é ótimo para a experiência dos estudantes.

A Revista Babel é produzida desde 1997 e já foi veiculada de diferentes maneiras. Na Biblioteca da ECA, há exemplares das impressões do ano de surgimento até 2003 e do ano de 2007. Na internet, também é possível encontrar sites que reúnem os textos de 2010 e de 2017 a 2022.
 

Fotomontagem com oito imagens de capas da revista Babel. A maioria das capas é em preto e branco ou cores neutras. Todas contém figuras de pessoas, o nome da revista em letras grandes e outros detalhes sobre a produção (como data e número da edição) em letras menores.
Capas de edições publicadas em 1997, 1998, 2000, 2001, 2003 e 2007. Imagens: Acervo da Biblioteca.

 


Imagem de capa: Reprodução/Revista Babel