Departamentos da ECA homenageiam docentes falecidos durante a pandemia
Evento contou com plantio de árvores e inauguração de placas em memória dos professores; outras homenagens a ecanos que partiram serão realizadas pela Escola
Nesta sexta, 16 de setembro, alguns docentes da ECA que faleceram durante a pandemia foram homenageados com o plantio de mudas de árvores e a inauguração de placas em sua memória no gramado em frente ao Teatro Laboratório e outras áreas da Escola. Docentes, estudantes e funcionários acompanharam a cerimônia e proferiram discursos sobre os homenageados.
Idealizada pelo Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR), a cerimônia celebrou a vida e o legado dos seguintes docentes:
- Vânia Debs e Arlindo Machado, do CTR;
- Renata Pallottini e Marcelo Denny, do Departamento de Artes Cênicas (CAC);
- e Dirceu Lopes e Ciro Marcondes, do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE).
Em breve, a ECA realizará outras homenagens a ecanos que faleceram nos últimos anos, contemplando todos os docentes, funcionários e estudantes dos quais não foi possível se despedir adequadamente em razão do isolamento imposto pela pandemia de covid-19.
Após formar-se em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, em 1951, e em Direito pela USP, em 1953, Renata Palottini estudou teatro em cursos livres da Université Sorbonne Nouvelle, na França. De volta ao Brasil, graduou-se em Dramaturgia e Crítica pela Escola de Arte Dramática (EAD). Iniciada no teatro amador, sua carreira passou também pela televisão e pela literatura infantil, além da pesquisa e da docência, que exerceu na ECA, na EAD e na Escuela Internacional de Cine y Television de San Antonio de los Baños, em Cuba. Em 2012, foi agraciada com o título de professora emérita pela ECA.
Marcelo Denny foi diretor de teatro, cenógrafo e artista plástico. Pela ECA obteve seu mestrado e doutorado em Artes, onde lecionou por quase 20 anos em áreas como cenografia e performance. Foi um dos fundadores dos grupos Cia. Teatral “Cadê Otelo?”, Desvio Coletivo e da Cia. Sylvia Que Te Ama Tanto, e Teatro da Pomba Gira – Coletivo de Criadores, onde atuou como diretor e cenógrafo em mais de 20 espetáculos. Como pesquisador, dedicou-se principalmente a investigações sobre o corpo e as visualidades contemporâneas, com produções acadêmicas e artísticas marcadas pela fluidez entre teatro experimental, performance e artes visuais.
Vânia Debs era uma prolífica montadora, tendo trabalhado em mais de 30 filmes ao longo de sua carreira, com destaque para importantes produções da retomada do cinema nacional, nos anos 90, como o Árido Movie (1996) do pernambucano Lírio Ferreira. Enquanto docente, começou no CTR em 1985 ministrando aulas de montagem e ficou no departamento até o fim de sua vida. Vânia foi vice-chefe do departamento, vice-diretora do Cinusp e uma das responsáveis pela fusão, no início dos anos 2000, dos antigos cursos de Cinema e Rádio & TV, dando origem ao Curso Superior do Audiovisual. Mesmo depois de aposentada, continuou suas atividades de ensino como professora sênior.
Arlindo Machado era professor e pesquisador das chamadas imagens técnicas, como a fotografia e o cinema, tendo publicado diversas obras sobre o tema. Seu pensamento foi marcado pela ausência de tabus e pela rejeição dos limites entre as diferentes linguagens artísticas. Machado também destacou-se como curador, realizando ao longo de sua vida inúmeras exposições, que lhe renderam reconhecimentos como o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), o Prêmio Nacional de Fotografia da Funarte, em 1995, e o Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, em 2007.
Dirceu Lopes tinha mestrado e doutorado em Ciências da Comunicação pela ECA, obtidos ainda nos anos 80, quando também começou sua carreira como docente, em paralelo com a de jornalista, que já exercia desde a década de 1960. Escreveu sobre diversos temas, indo do jornalismo esportivo à cobertura policial. Além da ECA, lecionou na Faculdade de Comunicação da Universidade Católica de Santos (Unisantos).
Bacharel em Ciências Sociais e em Jornalismo pela USP, Ciro Marcondes Filho era professor titular da ECA desde 1987, doutor pela Universidade de Frankfurt e pós-doutor pela Universidade de Grenoble, na França. Docente da ECA desde 1974, transitou entre as áreas de comunicação, filosofia e sociologia, com produção intelectual reconhecida internacionalmente, com destaque para a chamada Nova Teoria da Comunicação. Publicou mais de 50 livros, foi editor do Jornal da USP, colaborador do jornal Leia e colunista da Rádio USP (93,7 MHz) e da revista Caros Amigos. Quando faleceu, estava coordenando o projeto de pesquisa internacional Tragédias Políticas, que buscava analisar o fenômeno da desinformação e seus impactos sobre a política e a sociedade.