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No dia 30 de junho, os professores Maria Cristina Castilho Costa, do Departamento de Comunicações e Artes (CCA) e Ronaldo Coutinho de Miranda, do Departamento de Música (CMU), foram homenageados pela Diretoria da ECA. Ambos se aposentaram no ano passado, mas seguem desenvolvendo projetos em diferentes frentes. “Eu espero poder continuar a ter a colaboração de vocês na ECA, seja como professor sênior ou convidado. Espero que a gente possa não perder estes laços”, disse a professora Brasilina Passarelli, diretora da ECA.

"Quando eu entrei na ECA, em 1996, eu achei que ia ensinar, mas eu fui é aprender".

Cientista social, mestre e doutora em Antropologia pela USP com estudos na área da Sociologia da Arte, Cristina Costa se notabilizou pela sua atuação em temas ligados à liberdade de expressão, censura e direitos humanos. Em 2000, liderou a organização e tratamento arquivístico do Arquivo Miroel Silveira – documentação que estava na ECA desde 1988 – que possibilitou o seu acesso à pesquisa acadêmica. Para Ferdinando Martins, docente do CCA, o projeto foi “marco histórico de contribuição ímpar para a história do teatro brasileiro e para os estudos sobre censura e liberdade de expressão”. 

As pesquisas sobre o Arquivo Miroel Silveira se tornaram o maior projeto temático da área de Humanidades de todo o estado de São Paulo e deram origem ao OBCOM – Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura, Núcleo de Apoio à Pesquisa liderado pela docente. Para o professor Ferdinando, “uma grande vitrine da ECA e da USP”. Cristina Costa é hoje pesquisadora, professora sênior do CCA e psicanalista. 

Walter de Sousa Junior, vice-coordenador do OBCOM, e orientando da professora Cristina no mestrado e no doutorado, lembrou algumas lições aprendidas com a docente: “Eu aprendi com ela a sintonizar plenamente a minha visão crítica, a aguçar a minha curiosidade científica e a compartilhar com generosidade. Um aprendizado que eu levo para a vida toda”. Uma “acadêmica notável”, Cristina Costa “expressa o que há de melhor na Universidade”, uma gestora com “grande capacidade de fazer as coisas crescerem”, disse Ferdinando Martins. 

"É o aluno que adquire a técnica e coloca no papel as suas ideias. É preciso ser autêntico, sincero, sem atender à críticas ou modismos".

Ronaldo Coutinho de Miranda já era um profissional experiente ao ingressar no CMU da ECA, em 2002: compositor premiado, suas obras já foram apresentadas em salas de concertos no Brasil e no exterior. Durante anos, foi crítico musical do Jornal do Brasil, além de diretor da Sala Cecília Meirelles, no Rio de Janeiro, e professor de composição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

Ronaldo Miranda é um dos compositores brasileiros eruditos vivos mais executados da atualidade,
com “capacidade de atingir o seu ouvinte de forma muito clara, o que faz dele um compositor muito apreciado logo na primeira escuta”, explica o professor Eduardo Monteiro, docente do CMU. No ano passado, o selo SESC e a OSESP lançaram álbum comemorativo pelos 70 anos compositor, disponível gratuitamente pela internet.

Pela carreira acadêmica – tardia, nas palavras do próprio docente – passaram muitos alunos de composição, hoje artistas bem-sucedidos. “Isso é resultado do trabalho deles; o professor orienta, aponta caminhos, mas não pode dar a receita do bolo”, disse o professor Ronaldo. “O que a gente pode deixar para os alunos é o fruto da nossa experiência e uma sinceridade naquilo que a gente faz como compositor”, contou.