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São Paulo: pesquisas da ECA apresentam diferentes olhares sobre a cidade

São Paulo comemora 468 anos; conheça alguns estudos recentes que têm os indivíduos, os espaços e os projetos da capital paulista como tema

Vida acadêmica

A cidade de São Paulo completa 468 anos no dia 25 (terça-feira) e, para comemorar, selecionamos pesquisas recentes realizadas na ECA que resgatam um pouco da história da capital abordando suas diferentes nuances, como sociedade, educação, comunicação e cultura. Confira algumas delas: 

 

Carnaval de rua 
 
grupo de pessoas na rua, em bloco de carnaval. No centro da imagem, um jovem de máscara de carnaval olha diretamente para a câmera. Ao fundo, carro de som.
Bloquinhos de rua proporcionam novas maneiras de vivenciar e ocupar as ruas da cidade. Reprodução: Agência Brasil

No artigo Comunicação, consumo e memes do carnaval: os blocos de rua na imersão sígnica da juventude urbana em São Paulo, a docente Clotilde Perez, do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo (CRP), e Clóvis Teixeira Filho e Eduardo Correa de Godoy, integrantes do Grupo de Estudos Semióticos em Comunicação, Cultura e Consumo (GESC3), analisam a ocupação das ruas de São Paulo pelos blocos de carnaval. 

Para os pesquisadores, o carnaval brasileiro é “sensível, repleto de comunicações, mediações e rico em sentidos, colocados em circulação em um curto período de tempo” e os blocos urbanos proporcionam uma nova forma de vivenciar a cidade e a própria cultura local.

O artigo vai além ao analisar também os perfis de alguns megablocos da cidade, para entender como a comunicação, o consumo e os memes modificam o evento e sua ligação com a juventude.

 

Os habitantes e suas narrativas
 

A pesquisa Bibliotecas comunitárias: espaços de informação e cultura em territórios de vulnerabilidade, da estudante de Biblioteconomia Nathália Zaneratto Rosa e da professora Asa Fujino, do Departamento de Informação e Cultura, propõe um estudo sobre o trabalho desenvolvido por bibliotecas comunitárias da cidade de São Paulo e sua importância como ambientes de formação educacional e cultural para jovens em situações vulneráveis. Além disso, também discute a função social do curso de Biblioteconomia e as políticas públicas que envolvem bibliotecas, livros e leitura.

Na tese Entre narrativas enunciadas e o silenciamento: a interface das representações sociais de indivíduos que coabitam em um espaço urbano, a autora Natália de Campos Tamura estuda as narrativas de indivíduos que convivem em espaços do centro da cidade de São Paulo, “sejam moradores de residências ou da favela, os trabalhadores e os indivíduos em situação de rua”. O estudo se baseia em questões sociológicas sobre a construção da cidade e a distribuição das populações pelo seu território, assim como as segregações sociais entre seus habitantes. 

A pesquisa defende a necessidade do

Fotografia de um grafite de um rapaz negro grafitando, com um cartaz escrito "Periferia em Movimento" em posição central. Na frente o título do livro "Periferias Insurgentes" em letras brancas.
Capa do livro Periferias Insurgentes. Grafite na sede do Coletivo Periferia em Movimento, Zona Sul de São Paulo. Foto de capa: Guilherme Lima

contato entre as diferentes narrativas existentes na cidade, superar o mito de que os territórios onde vivem definem a capacidade das pessoas e também substituir a narrativa de compaixão pelo que a autora chama de uma  “solidariedade honesta”. 

Outro trabalho é a publicação Periferias Insurgentes, coordenada pelo professor Dennis de Oliveira, do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), em parceria com as pesquisadoras Maíra Carvalho Moraes, Juliana Salles de Souza e Mariana de Sousa Caires, do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (CELACC-USP). O livro se debruça sobre projetos de valorização cultural em bairros periféricos financiados pelo Programa Valorização das Iniciativas Culturais (VAI) da Prefeitura Municipal de São Paulo, que existe há 17 anos. Com o objetivo de demonstrar a potencialidade da periferia, os autores refletem sobre o movimento hip-hop, o samba e a rede de mulheres periféricas da zona leste e sul. 

 

A cidade em movimento
 

A dissertação Entre Lugares, da estudante Ilana Cunha Elkis, aborda a dança fora do espaço cênico. Para isso, a autora escolheu os trabalhos Blow-up (2014), realizado em locais públicos da cidade, e Plongeé (2011), desenvolvido na Praça das Bibliotecas do Centro Cultural de São Paulo. A intenção era enfatizar as práticas de dança utilizadas pelos trabalhos e discutir o momento atual da dança contemporânea paulistana.

 

Os sons da cidade

 

Duas pesquisas recentes da ECA abordam a musicalidade na cidade. Em A experiência da música chinesa em São Paulo: sonoridades, identidades e territórios cosmopolitas, a autora Cintia Harumi Sauer Matsuda cria um panorama da música chinesa contemporânea praticada na cidade, como ocorrem os processos de afiliações identitárias musicais e a maneira como isso resulta em um hibridismo cultural. A análise se concentra em dois grupos musicais: o Ensemble Gaoshan Liushui e a Associação Guqin Brasil.

Já em O mundo do violão em São Paulo: processos de consolidação do circuito do instrumento na cidade (1890-1932), de Flavia Rejane Prando, vemos outra perspectiva. Nessa pesquisa, é analisado o surgimento e desenvolvimento do circuito do violão na cidade, como o instrumento se enraizou na comunidade paulista e o repertório criado pelos principais instrumentistas da época. 

 

Memórias e histórias

 

Monumento em busto do jornalista Luiz Gama.
Monumento em homenagem à Luiz Gama fica localizado no centro de São Paulo. Reprodução: Wikipedia Commons

A dissertação Carandiru: formas de lembrar, maneiras de esquecer: informação, memória e esquecimento, de Adriana Mariana de Araujo Rodrigues, permite uma reflexão sobre o massacre do Carandiru e como diferentes instituições (públicas e privadas) constroem e difundem informações que contribuem para a manutenção da memória ou para o esquecimento do fato. A pesquisa tem caráter exploratório e analisa conteúdos bibliográficos (livros, jornais, publicações, sites) sobre o massacre. 

Outra pesquisa que carrega um pouco da memória e da história da capital é O que era preto se tornou vermelho: representação, identidade e autoria negra na imprensa do século XIX por Luiz Gama, de Cinthia Gomes. Nela, a autora revive a figura de Luiz Gama, um dos principais comunicadores da cidade, responsável por inaugurar uma autoria negra na literatura e no jornalismo nacional e assim promover transformações na representação dos negros na mídia. 

 


 

Quer saber mais sobre as pesquisas da ECA?

Todos os trabalhos citados nesta reportagem e várias outras pesquisas da ECA estão disponíveis no Repositório Intelectual da USP, que concentra o registro e armazena as publicações oriundas de pesquisa e a produção científica, artística, acadêmica e técnica em formato digital de toda a USP.

Só no ano passado, o repositório registrou mais de 450 trabalhos de discentes e docentes da ECA.