A Biblioteca da ECA existe desde que a Escola de Comunicações e Artes da USP foi criada, em 1966. Inicialmente, era vinculada à antiga Biblioteca Central da USP. Foi transferida ao Departamento de Biblioteconomia e Documentação (CBD) da ECA em 1970 e tornou-se independente desse Departamento em 1973.
Em maio de 1970 foi inaugurada oficialmente, abrindo suas portas com cerca de 1.000 livros e 50 títulos de periódicos, como noticiado numjornal estudantil da época.
Em junho, julho e setembro do mesmo ano, incorporou, respectivamente, as doações de Francisco Matarazzo Sobrinho, constituída por livros de arte; a Biblioteca da Escola de Arte Dramática, contendo livros, periódicos, peças e programas de teatro; a hemeroteca do Departamento de Jornalismo e Editoração, composta de revistas e recortes de jornais.
A Biblioteca da ECA sempre se caracterizou pela presença de coleções de audiovisuais e outros documentos diferentes dos acervos típicos de bibliotecas universitárias, como filmes, discos, partituras, fotografias, slides, catálogos de exposições de artes, recortes de jornais, peças teatrais não publicadas, histórias em quadrinhos e outros. Um acervo diversificado, fundamental para apoiar e complementar o amplo universo de atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas na ECA.
Foram criados setores para agrupar e organizar as diversas coleções e oferecer atendimentos especializados. Em 1972 foi criada a Fonoteca, com um acervo de discos, partituras e fitas cassetes e, em 1978, a Filmoteca, que mantinha os filmes produzidos pelos alunos do Departamento de Cinema, Rádio e TV e, posteriormente, incorporou acervos de vídeos, DVDs, fotografias e slides.
A Biblioteca da ECA tornou-se pioneira na organização de documentos audiovisuais e musicais, desenvolvendo metodologias específicas para o tratamento desse tipo de coleção. Essa experiência foi compartilhada por meio da publicação de dois manuais, hoje disponíveis no Portal de Livros Abertos da USP: Manual de catalogação de partituras e Manual de catalogação de filmes.
Em 1988 foi aberto ao público o setor de Histórias em Quadrinhos, cujo núcleo central era a coleção de revistas raras do Museu de Imprensa "Júlio de Mesquita Filho”, do Departamento de Jornalismo, doada à Biblioteca em 1983.
Nas décadas de 1970 e 1980, a equipe da Biblioteca da ECA dedicou-se à elaboração de bibliografias especializadas, em parceria com outras instituições da área, entre as quais: Boletim de Documentação Musical (1977 a 1981); Catálogos de obras (de compositores brasileiros), série publicada pelo Ministério das Relações Exteriores; Bibliografia da música brasileira: 1977 a 1984, com o Centro Cultural São Paulo; Bibliografia da dramaturgia brasileira, com o Museu Lasar Segall. Muitos levantamentos bibliográficos foram realizados para apoiar eventos da Escola e publicados pela própria Biblioteca, como as bibliografias sobre o expressionismo, sobre Glauber Rocha e outras.
INOVAÇÃO
A Biblioteca desenvolveu serviços de caráter inovador, entre os quais se destacou o Serviço de Difusão de Partituras (SDP), criado em 1978 e voltado à publicação e distribuição de partituras inéditas de compositores brasileiros. O manuscrito era depositado pelo autor na Biblioteca, que enviava cópias aos interessados, recolhendo um valor simbólico destinado ao compositor. Assim, de forma quase artesanal, a Biblioteca contribuía para amenizar as dificuldades de acesso a partituras de autores brasileiros contemporâneos.
Leia mais:
MILANESI, L.A. Memorial. 1997. Memorial (Professor titular). Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997. Disponível em formato impresso no acervo.
ESTRUTURAÇÃO
O primeiro organograma da Biblioteca da ECA foi aprovado em 1986 e implantado no ano seguinte. A partir desse momento, pôde estruturar novos serviços e ampliar o quadro funcional. Em 1991 e 2012, o organograma foi atualizado, a fim de adequar-se às novas políticas de recursos humanos da Universidade.
MUDANÇAS
O período entre 1989 e 1992 foi marcado por uma série de mudanças administrativas que alteraram as prioridades da Biblioteca. O Serviço de Difusão de Partituras foi extinto; o acervo de recortes de jornais nas áreas de Comunicações e Artes foi doado à Biblioteca Mário de Andrade; o setor de Histórias em Quadrinhos foi desativado e seu acervo removido do espaço da Biblioteca, retornando apenas em 1998.
Pela alteração no organograma aprovada em 1991, a Fonoteca e a Filmoteca deixaram de existir como seções da Biblioteca, tendo seu acervo e atividades de atendimento reunidas na nova Seção de Multimeios.
Nesse período teve início a informatização dos catálogos, considerada necessária devido à insuficiência dos recursos então oferecidos pelo Banco de Dados Bibliográficos da USP – Dédalus. Usando o software CDS-ISIS, na época uma das poucas opções viáveis, foram desenvolvidas bases de dados para os catálogos de livros, periódicos, filmes, partituras e produção acadêmica da ECA. Além disso, a Biblioteca colaborou com projetos coordenados por docentes da Escola, criando e alimentando bases de dados referenciais especializadas em diversas áreas. Posteriormente, os projetos foram descontinuados e a Biblioteca voltou a se concentrar na alimentação de seus catálogos.
Leia mais:
ALMEIDA, M.C.B. de. Por uma rearquitetura dos serviços de informação em arte na cidade de São Paulo. 1998. Tese (Doutorado). Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. Disponível em formato impresso no acervo.
ANTÔNIO, I. Informação e música no Brasil : memória, história e poder. 1994. Dissertação (Mestrado). Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994. Disponível em formato impresso no acervo.
CONSERVAÇÃO
A Oficina de Encadernação e Restauro, criada em 1994, estabeleceu uma cultura de conservação que transformou o acervo da Biblioteca, e incluiu uma experiência pioneira de capacitação na área, que atingiu funcionários, usuários e público externo.
REFORMAS
Em 1997 a Biblioteca ganhou novo espaço, totalmente remodelado. A reforma total das instalações, bem como a compra de mobiliário adequado e novos equipamentos foi financiada pela FAPESP. Outras reformas ocorreram em 2018, para ajustes no espaço, em dezembro de 2019, para reparos no piso.
O INCÊNDIO DA ECA
Em 2001, um incêndio atingiu o segundo andar do prédio central da ECA, destruindo totalmente o Departamento de Comunicações e Artes e parcialmente o Departamento de Biblioteconomia e Documentação e o Departamento de Cinema, Rádio e Televisão. A Biblioteca não foi atingida pelo fogo, mas a água usada para combatê-lo causou estragos nas instalações e equipamentos. Poucos itens do acervo foram totalmente perdidos. A grande perda foi o acervo do Núcleo de Estudos em Telenovela, que não pertencia à Biblioteca e foi totalmente destruído.
NA INTERNET
Em 1996, a USP adquiriu o software Aleph, que permitiu melhorar consideravelmente o Dédalus, catálogo unificado de todas as bibliotecas da Universidade. Com o novo software, tornou-se possível a consulta remota aos catálogos de livros e periódicos da ECA.
A Biblioteca lançou seu primeiro website em 2001. Contando com assessoria técnica eventual, terceirizada, a equipe assumiu o desenvolvimento e criação de conteúdo do site.
A partir de 2009 a Biblioteca entra nas redes sociais, criando inicialmente um blog e perfis no Twittere Flickr para divulgação de serviços e outros conteúdos. Outros recursos foram incorporadas nos anos seguintes: atendimento online, perfis no Facebook, Pinterest, Pearltrees, Instagram e canal no Youtube, com a finalidade de estabelecer formas de comunicação mais dinâmicas e informais com o público.
Em 2017, o catálogo de partituras foi incorporado ao Dédalus, com uma interface criada especialmente para a busca nesse acervo.
O Programa Permanente de Treinamentos, implantado em 2014, oferece diversas possibilidades de capacitação para o usuário, que pode escolher o conteúdo de seu interesse e marcar atendimento individual por meio de um formulário online
PROJETOS
Em 2012, foi aprovado e realizado o projeto Conservação dos álbuns de fotografias de Leon Kaniefsky, que permitiu a conservação e a digitalização da documentação fotográfica doada pela família do regente. O projeto Preservação das Obras Raras doadas por Francisco Matarazzo Sobrinho à USP – acervo da Biblioteca da ECA, aprovado na mesma ocasião, não foi concluído devido à suspensão da liberação da verba pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. No ano de 2015 teve início a organização do acervo de livros de artistas, que contém trabalhos importantes de artistas brasileiros contemporâneos. Em 2018 a Biblioteca da ECA começou a desenvolver o projeto da Biblioteca Digital da Produção Artística da ECA. Em 2020, a Biblioteca da ECA começou a participar do GLAM das Bibliotecas da USP, destinado a melhorar a cobertura dos projetos Wikimedia nos temas relacionados à arte e cultura.