Retorno presencial ainda é desafio para entidades de extensão

Voluntários da ECA Social e do Projeto Redigir comentam dificuldades impostas pela pandemia e novos projetos 
 

Vida acadêmica

Os anos de 2021 e 2022 foram desafiadores para as universidades públicas. A necessidade de isolamento social implicou em pausas nas atividades presenciais para estudantes e docentes, afetando também as atividades de extensão e ação social. Na ECA, entidades como a ECA Social, o ECursinho e o Projeto Redigir são exemplos de grupos que tiveram dificuldades para se manter durante a pandemia e continuam enfrentando as adversidades do retorno presencial. 

Entre manter o engajamento dos membros e questões mais estruturais das atividades, como dar aulas online ou não poder realizar ações presencialmente, as entidades da ECA passaram por momentos de incertezas e instabilidades durante o auge da pandemia, tendo que mudar suas rotinas de trabalho para se adaptar ao novo contexto. 

Foto de atividade realizada pela ECA Social. Em primeiro plano há um jovem de costas, usando um casaco de capuz azul marinho. Ao fundo, duas crianças, um menino e uma menina, brincam com uma bola de futebol laranja. A menina usa uma calça rosa e blusa branca, enquanto o menino usa calça jeans azul, camiseta azul e casaco azul marinho. À esquerda, há uma jovem que também participa da brincadeira, usando calça jeans, blusa preta e tênis vermelho. Todos os integrantes da foto estão brincando no espaço de uma lavanderia. Ao fundo há um varal com roupas penduradas e à direita há máquinas de lavar e um varal de chão com mais roupas.
Páscoa Voluntária na Casa de Acolhimento Dom Luciano, promovida pela ECA Social. Foto: acervo pessoal/Gabriel Santos

Agora, durante o retorno presencial, quando a Universidade de São Paulo e a ECA reabriram suas portas para o público interno e externo, as entidades encaram novos obstáculos. Para Gabriel Santos e Julia Peres, estudantes de Relações Públicas e coordenadores de relações institucionais da ECA Social, as maiores dificuldades da volta às atividades presenciais são a reestruturação da entidade e a construção de laços e entrosamento entre os voluntários. “Todo o nosso processo é feito de maneira coletiva e sempre aberta a todo mundo da entidade que queira participar”, contam os estudantes.

Outro desafio enfrentado pelas entidades diz respeito aos voluntários e a rotatividade de participantes nas entidades. “Muitos alunos da USP que davam aula no Redigir se formaram, e os novos membros ainda não estão habituados a dar aula. O desafio deste retorno, então, está sendo formar novos educadores e coordenadores para as atividades estruturais do projeto”, afirma a  coordenadora de comunicação do Projeto Redigir, Samantha Culceag . 

Infelizmente, algumas entidades não conseguiram se manter durante a pandemia ou se reestruturar para o retorno presencial. O Ecursinho, cursinho pré-vestibular social criado por estudantes da ECA em 2021, anunciou na primeira semana de outubro uma pausa nas atividades por tempo indeterminado. Além disso, o Rosa dos Ventos, projeto de turismo social criado em 2001 pelos alunos do CRP, não realiza atividades desde 2021. 

 

Conheça algumas entidades que seguem ativas
 

ECA Social: A ECA Social é a entidade que realiza trabalho voluntário e outras ações de cunho social. A proposta é utilizar o que os estudantes aprendem na graduação para gerar impacto positivo na sociedade, retornando à comunidade os aprendizados e benefícios adquiridos na universidade pública. Atuam, principalmente, com a realização de campanhas e diagnósticos de comunicação para Organizações Não Governamentais (ONGs) paulistas, além de outras ações sociais – como arrecadação de materiais escolares, roupas para inverno, entre outras – para a comunidade dos  arredores da USP.

 

Foto de atividade do Projeto Redigir. Nela, aparecem 6 pessoas que seguram cartazes. Em dois deles, lê-se “toda forma” e “amor”.  Ao fundo, há um painel com projeções de computador e uma bandeira LGBTQIA+ pendurada. Entre as pessoas na imagem, 5 são mulheres e um é homem.
Atividade do Projeto Redigir. Foto: acervo pessoal/Samantha Culceag
 

Projeto Redigir: O Projeto Redigir é um curso gratuito de comunicação e cidadania voltado para pessoas de baixa renda e/ou baixa escolaridade e organizado totalmente por alunos da USP. Seguindo o método Paulo Freire, oferece aulas com o objetivo de melhorar a comunicação dos educandos, tanto escrita quanto falada, por meio do ensino da gramática, de debates sobre temas atuais e do contato com diversos tipos de textos. O objetivo do Redigir também é ajudar o educando a construir conhecimento, perder o medo de escrever e se sentir mais seguro para se expressar. É uma forma de trazer a população de baixa renda para ocupar o espaço universitário e acabar com o paradigma de que a universidade pública não é lugar de todos.

 

Novas atividades e parcerias
 

A pandemia também trouxe aprendizados para os estudantes, apesar dos obstáculos. Algumas entidades têm trabalhado para retornar com novas atividades, utilizando estratégias que desenvolveram durante o isolamento, como realizar algumas reuniões online para facilitar a rotina dos membros. 

Em agosto, o Projeto Redigir abriu as portas para uma nova turma de educandos, voltando a realizar o curso por um semestre completo, como acontecia no período pré-pandemia. Já a ECA Social tem realizado  atividades desde o início do ano, como a participação  na Páscoa Voluntária na Casa de Acolhimento Dom Luciano, que oferece apoio aos imigrantes estrangeiros refugiados no Brasil. Atualmente, o grupo tem apostado em parcerias com outras entidades que promovem  ações similares para concretizar novos projetos. No dia 17 de outubro, os voluntários da entidade se juntaram à Poli- Social para a atividade PoliBen, evento que traz crianças do Jardim São Remo para conhecer a USP. 

 

Como participar 
 

As atividades de ação social e extensão são essenciais para o desenvolvimento de novas habilidades para os estudantes, criando oportunidades para praticar muito do que aprendem em sala de aula. Além disso, esses projetos promovem novas conexões entre a universidade e a comunidade externa, gerando diálogos com a sociedade e produção de conhecimentos de interesse público. 

Foto durante atividade realizada pela ECA Social. Na imagem, estudantes universitários estão desenhando com crianças. Há seis crianças sentadas ao redor de uma mesa, cada uma com um papel e lápis. Próximos às crianças, há quatro jovens adultos conversando e auxiliando nas atividades.
Voluntários da ECA Social em atividade junto à Poli-Social, no dia 17 de outubro. Foto: acervo pessoal/Gabriel Santos
 

Os representantes do Projeto Redigir explicam o que é necessário para integrar a entidade: "para fazer parte do Redigir basta ser estudante da USP (qualquer curso de graduação ou pós-graduação) e nos enviar uma mensagem! Não temos processo seletivo, todo mundo é super bem-vindo”, comentam os membros da entidade. Os voluntários podem atuar em diferentes frentes do projeto:

  • Setor  pedagógico (organização e oferecimento de  aulas como educador ou monitor)
  • Comunicação (produção de  conteúdo para as redes sociais)
  • RH (gestão  do relacionamento interno dos voluntários) 
  • Institucional (gestão de aspectos  burocráticos e da relação com  a ECA)
     

Para o ECA Social, o processo é bem similar: "Para fazer parte da ECA Social é só querer. Não temos processo seletivo! Basta aguardar o período de entrada de novos membros, que deve acontecer no início de 2023, para participar. Outra forma de apoiar a entidade é acompanhando as nossas atividades no Instagram (@ecasocial) e sugerindo novos projetos para nós. Críticas construtivas e indicações são sempre muito bem-vindas.”

 

 

 


Imagem de capa: acervo pessoal/Gabriel Santos