Retorno presencial ainda é desafio para entidades de extensão
Voluntários da ECA Social e do Projeto Redigir comentam dificuldades impostas pela pandemia e novos projetos
Os anos de 2021 e 2022 foram desafiadores para as universidades públicas. A necessidade de isolamento social implicou em pausas nas atividades presenciais para estudantes e docentes, afetando também as atividades de extensão e ação social. Na ECA, entidades como a ECA Social, o ECursinho e o Projeto Redigir são exemplos de grupos que tiveram dificuldades para se manter durante a pandemia e continuam enfrentando as adversidades do retorno presencial.
Entre manter o engajamento dos membros e questões mais estruturais das atividades, como dar aulas online ou não poder realizar ações presencialmente, as entidades da ECA passaram por momentos de incertezas e instabilidades durante o auge da pandemia, tendo que mudar suas rotinas de trabalho para se adaptar ao novo contexto.
Agora, durante o retorno presencial, quando a Universidade de São Paulo e a ECA reabriram suas portas para o público interno e externo, as entidades encaram novos obstáculos. Para Gabriel Santos e Julia Peres, estudantes de Relações Públicas e coordenadores de relações institucionais da ECA Social, as maiores dificuldades da volta às atividades presenciais são a reestruturação da entidade e a construção de laços e entrosamento entre os voluntários. “Todo o nosso processo é feito de maneira coletiva e sempre aberta a todo mundo da entidade que queira participar”, contam os estudantes.
Outro desafio enfrentado pelas entidades diz respeito aos voluntários e a rotatividade de participantes nas entidades. “Muitos alunos da USP que davam aula no Redigir se formaram, e os novos membros ainda não estão habituados a dar aula. O desafio deste retorno, então, está sendo formar novos educadores e coordenadores para as atividades estruturais do projeto”, afirma a coordenadora de comunicação do Projeto Redigir, Samantha Culceag .
Infelizmente, algumas entidades não conseguiram se manter durante a pandemia ou se reestruturar para o retorno presencial. O Ecursinho, cursinho pré-vestibular social criado por estudantes da ECA em 2021, anunciou na primeira semana de outubro uma pausa nas atividades por tempo indeterminado. Além disso, o Rosa dos Ventos, projeto de turismo social criado em 2001 pelos alunos do CRP, não realiza atividades desde 2021.
ECA Social: A ECA Social é a entidade que realiza trabalho voluntário e outras ações de cunho social. A proposta é utilizar o que os estudantes aprendem na graduação para gerar impacto positivo na sociedade, retornando à comunidade os aprendizados e benefícios adquiridos na universidade pública. Atuam, principalmente, com a realização de campanhas e diagnósticos de comunicação para Organizações Não Governamentais (ONGs) paulistas, além de outras ações sociais – como arrecadação de materiais escolares, roupas para inverno, entre outras – para a comunidade dos arredores da USP.
Projeto Redigir: O Projeto Redigir é um curso gratuito de comunicação e cidadania voltado para pessoas de baixa renda e/ou baixa escolaridade e organizado totalmente por alunos da USP. Seguindo o método Paulo Freire, oferece aulas com o objetivo de melhorar a comunicação dos educandos, tanto escrita quanto falada, por meio do ensino da gramática, de debates sobre temas atuais e do contato com diversos tipos de textos. O objetivo do Redigir também é ajudar o educando a construir conhecimento, perder o medo de escrever e se sentir mais seguro para se expressar. É uma forma de trazer a população de baixa renda para ocupar o espaço universitário e acabar com o paradigma de que a universidade pública não é lugar de todos.
A pandemia também trouxe aprendizados para os estudantes, apesar dos obstáculos. Algumas entidades têm trabalhado para retornar com novas atividades, utilizando estratégias que desenvolveram durante o isolamento, como realizar algumas reuniões online para facilitar a rotina dos membros.
Em agosto, o Projeto Redigir abriu as portas para uma nova turma de educandos, voltando a realizar o curso por um semestre completo, como acontecia no período pré-pandemia. Já a ECA Social tem realizado atividades desde o início do ano, como a participação na Páscoa Voluntária na Casa de Acolhimento Dom Luciano, que oferece apoio aos imigrantes estrangeiros refugiados no Brasil. Atualmente, o grupo tem apostado em parcerias com outras entidades que promovem ações similares para concretizar novos projetos. No dia 17 de outubro, os voluntários da entidade se juntaram à Poli- Social para a atividade PoliBen, evento que traz crianças do Jardim São Remo para conhecer a USP.
As atividades de ação social e extensão são essenciais para o desenvolvimento de novas habilidades para os estudantes, criando oportunidades para praticar muito do que aprendem em sala de aula. Além disso, esses projetos promovem novas conexões entre a universidade e a comunidade externa, gerando diálogos com a sociedade e produção de conhecimentos de interesse público.
Os representantes do Projeto Redigir explicam o que é necessário para integrar a entidade: "para fazer parte do Redigir basta ser estudante da USP (qualquer curso de graduação ou pós-graduação) e nos enviar uma mensagem! Não temos processo seletivo, todo mundo é super bem-vindo”, comentam os membros da entidade. Os voluntários podem atuar em diferentes frentes do projeto:
- Setor pedagógico (organização e oferecimento de aulas como educador ou monitor)
- Comunicação (produção de conteúdo para as redes sociais)
- RH (gestão do relacionamento interno dos voluntários)
- Institucional (gestão de aspectos burocráticos e da relação com a ECA)
Para o ECA Social, o processo é bem similar: "Para fazer parte da ECA Social é só querer. Não temos processo seletivo! Basta aguardar o período de entrada de novos membros, que deve acontecer no início de 2023, para participar. Outra forma de apoiar a entidade é acompanhando as nossas atividades no Instagram (@ecasocial) e sugerindo novos projetos para nós. Críticas construtivas e indicações são sempre muito bem-vindas.”