CRP | Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo



Livro apresenta o turismo como contador de histórias

Publicação organizada pela professora Clarissa Gagliardi agrupa práticas de pesquisa, ensino e extensão do curso de Turismo da ECA na região do Vale Histórico Paulista
 

Vida acadêmica
livro
turismo
turismo histórico
patrimônio histórico
crp

Muitas vezes, são os livros os aliados no conhecimento da história e cultura de uma sociedade. Contudo, esse aprendizado pode vir também de experiências mais palpáveis. Muito se descobre sobre a história de povos e culturas em visitas a museus ou exposições, por exemplo. Por que não, então, utilizar o turismo como um dos agentes contadores da História? 
 
Reflexões como essa estão presentes na publicação Turismo no Vale Histórico Paulista: debatendo experiências integradas de ensino, pesquisa e extensão, organizada pela professora Clarissa Gagliardi, do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo (CRP). O projeto é resultado de um trabalho de planejamento turístico na região do Vale Histórico, no Vale do Paraíba Paulista.
 
Desenvolvida pelo grupo de pesquisa Centro de Estudos sobre Turismo e Desenvolvimento Social (CETES), com financiamento do CNPq, a pesquisa tem sido difundida desde 2015 por meio de seminários, artigos e fóruns de debate e busca discutir o turismo em municípios que tiveram sua história marcada pela lavoura cafeeira. Um dos principais objetivos é propor diferentes perspectivas de análise sobre processos de patrimonialização, governança, gestão e planejamento turístico, entrecruzando ações de ensino, pesquisa e extensão.
 

imagem de fragmento da carta corográfica da capitania de são paulo
Fragmento da Carta Corográfica da Capitania de São Paulo (1766) disponível no livro Turismo no Vale Histórico Paulista. Fonte: Arquivo do Estado de São Paulo, São Paulo/SP.

 

A ideia era também entender como os profissionais de turismo operam com o passado dessas cidades, considerando que a região possui o turismo histórico como um de seus pilares. Para Clarissa, esse é um tópico importante, visto que “os trabalhos escritos dos historiadores não são os únicos recursos de representação do passado. Na minha opinião, as narrativas turísticas também desempenham essa função de ‘representar o passado’, de contar a história”.
 
Entre os temas abordados há o estudo das estratégias discursivas utilizadas nas ex-fazendas cafeeiras. Segundo a pesquisa, existe um apagamento da vivência dos escravizados, em contraste com um enfoque maior no visual e arquitetura dos locais. Apesar de não parecer uma narrativa previamente calculada, essa “é uma lógica que impede que se compreenda mais profundamente o que foi a escravidão, como ela se instala e perdura tanto tempo”, explica Clarissa no artigo.  
 
Essa discussão em particular reforça a importância desta pesquisa para a preservação das nuances históricas presentes na região. A docente defende que o turismo deve servir como uma forma de cultura pública, assumindo quando necessário um caráter crítico. “E acho que há público pra tudo isso, porque o turista não é um receptor passivo de tudo.”
 
Para os envolvidos no projeto, a necessidade de compreender os aspectos históricos e culturais presentes no local e a maneira como o turismo lida com isso é essencial para a preservação do Vale como patrimônio nacional. “Esta perspectiva, em nosso ver, pode se revelar capaz de atentar permanentemente para um reconhecimento e preservação das singularidades locais, assim como para as dinâmicas turísticas (passadas e presentes) em seus propósitos, formas e sentidos."
 
O livro também reúne um compilado de publicações acadêmicas sobre o tema e transcrições de debates realizados pelos participantes do estudo. A publicação pode ser lida na íntegra no repositório USP