Pró-reitorias vêm à ECA falar sobre a curricularização da extensão
Marli Quadros Leite, Pró-Reitora de Cultura e Extensão, e Marcos Neira, Pró-Reitor Adjunto de Graduação, apresentaram as ações da USP para incluir atividades extensionistas nos cursos de graduação

Curricularizar a extensão consiste em incorporar as atividades de cultura e extensão desenvolvidas na Universidade à grade curricular dos cursos de graduação. Na prática, isso significa oferecer aos estudantes, durante a sua formação universitária, atividades que priorizem a troca de conhecimentos e experiências com a sociedade.
No dia 22 de março, docentes da ECA, do Instituto de Astronomia e Geofísica (IAG), Instituto Oceanográfico (IO) e Centro de Biologia Marinha (Cebimar) estiveram reunidos com a Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária, Marli Quadros Leite, e o Pró-reitor Adjunto de Graduação, Marcos Neira, para falar sobre a curricularização da extensão em suas unidades. O encontro fez parte de uma série organizada pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão (PRCEU) em unidades de ensino de toda a USP. O objetivo da Pró-reitoria é falar diretamente ao corpo docente da Universidade sobre a implementação da curricularização da extensão nos cursos de graduação.
“É um mito que a Universidade é uma torre de marfim, isolada. Isso não existe. E essa ida à sociedade [com a curricularização] está fazendo esse mito cair definitivamente”, falou a professora Marli. Entre os benefícios da extensão na graduação estão a formação integral do estudante pelo contato direto com a realidade social, o atendimento às demandas sociais e o impacto social dessas atividades para a sociedade. Segundo o pró-reitor adjunto de graduação, o foco da curricularização da extensão são os estudantes. “Nós [docentes] já fazemos muitas atividades de extensão. O que nós estamos falando agora é de extensão para os alunos”.
Curricularizar a extensão é hoje uma exigência do Conselho Nacional de Educação (CNE): de acordo com a resolução 07/2018 do CNE, os cursos de graduação devem ter, no mínimo, 10% da carga horária dedicada às atividades de extensão. Do total de horas de extensão, 30% podem ser dedicadas à realização de estágio. Atualmente, o reconhecimento dos cursos de graduação depende do cumprimento dessa norma, explicou a pró-reitora. “A resolução foi o ‘ultimato’ para que esse processo se fizesse nos cursos”.

Para dar conta da tarefa, a Pró-reitorias de Graduação e a de Cultura e Extensão se juntaram para trabalhar na revisão dos currículos dos cursos de graduação da USP. Reuniões com integrantes das Comissões de Graduação e de Cultura e Extensão das unidades, encontros presenciais, vídeos, atendimento virtual e a criação do Guia da Curricularização são algumas das ações das Pró-reitorias até o momento. “A USP é uma universidade de pesquisa e altamente extensionista. Isso não aparece porque muitas das atividades de extensão não são conhecidas institucionalmente”, acredita a pró-reitora. Segundo a docente, a PRCEU irá criar até junho um Escritório de Valorização da Extensão que vai auxiliar diretamente o corpo docente em questões relacionadas ao tema.
Atualmente, a curricularização da extensão nos cursos de graduação da USP ocorre em duas grandes etapas. Em um primeiro momento, as unidades devem identificar a parcela extensionista das disciplinas já existentes que, até agora, estavam sendo registradas no sistema Júpiter como “horas-trabalho”. Em seguida, deve ser feito o registro de atividades extensionistas propriamente ditas – tanto aquelas já existentes como também novas atividades.
O pró-reitor de graduação explica que será necessário alterar os projetos pedagógicos dos cursos para abrir espaço no currículo para as atividades de extensão. “O [sistema] Júpiter é somente a tradução digital do projeto político pedagógico”, afirma o docente e conclui “Mexer no currículo é sempre delicado, mas, aos poucos, a mudança vai sendo incorporada. E sempre há tempo da gente mudar, de aperfeiçoar o caminho durante a trajetória”.
Diferente de criar novas disciplinas, a curricularização contempla propostas de extensão mais abrangentes. A oferta de vagas é mais ampla do que nas disciplinas, podendo ter a participação de estudantes da USP, mas também de pessoas de fora da Universidade. E, mais importante, fazer extensão significa interagir com a sociedade. “Nosso papel como docente é orientar os estudantes para que eles possam agir junto a um grupo social”, explicou à pró-reitora. A ideia é ter projetos extensionistas propostos pelos docentes, assim como projetos liderados pelos próprios estudantes.
Confira a gravação do Encontro realizado na ECA: