Videodança narra a ancestralidade da mulher afro-colombiana
Memorias de Viento, de Ayda Mena, é destaque pelo projeto CURADORIAS, da Comissão de Direitos Humanos da ECA
Divulgada por meio de uma parceria entre a Comissão de Direitos Humanos (CDH) da ECA e o grupo de pesquisa Videoesferas da Universidad de Magdalena, na Colômbia, a obra Memorias de Viento, criado por Ayda Mena, conta a narrativa da mulher afro-colombiana na História da América Latina. Categorizado pela artista como uma videodança, o trabalho possui 19 minutos e está disponível no Youtube.

A videodança representa a chegada dos povos escravizados da África no Caribe Colombiano e os fundamentos do mundo colonial. É também sobre o legado desses pretos e pretas, que é transmitido de geração em geração até os dias atuais. Sua criadora, a artista Ayda Mena, nasceu na comunidade de Chocó, na Colômbia, e seu trabalho investiga a memória ancestral africana. A produção de Ayda coloca a mulher negra caribenha como protagonista e questiona as narrativas históricas impostas pela colonização.
“A pesquisa de Ayda é belíssima e cria diálogos entre as artes visuais, as artes cênicas, a dança, a música e o cinema.”Dália Rosenthal, presidente da CDH e docente do Departamento de Artes Plásticas (CAP)
Memorias de Viento faz parte do projeto CURADORIAS, cujo objetivo é “apresentar investigações artísticas que promovam o diálogo entre as artes e os direitos humanos a partir de pesquisas produzidas pela comunidade acadêmica de nossa Escola e convidados externos”, afirma Dália Rosenthal, professora do Departamento de Artes Plásticas (CAP) e presidente da CDH.
O CURADORIAS começou em 2021, quando o cenário pandêmico obrigou que a divulgação de obras ficasse restrita ao digital. Desde então, o projeto facilita a troca entre universidades e pesquisadores ao redor do mundo. A outra produção contida no CURADORIAS é a exposição Tempo para Iroko, de autoria da professora Dália.
Assim como Memorias de Viento, Tempo para Iroko também é uma denúncia, porém contra o atentado religioso sofrido pelo Iroko, uma árvore da espécie gameleira branca, que é sagrada para os povos de terreiro nagô. A violência ocorreu em Recife, no Sitio de Pai Adão, ou Terreiro de Ilê Obá Ogunté.

A videodança de Ayda é carregada de significados. Para melhor entendê-la, é necessário apreciar a obra com atenção. Caso a pessoa que assiste queira uma análise mais crítica, a professora Dália recomenda indagar as seguintes questões e refletir sobre as respostas:
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“como cada cena é construída?”;
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“quais são os símbolos presentes?”;
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“como cada corpo presente se expressa?”;
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“como o som e a paisagem se articulam com os demais elementos cênicos?”.
A docente ainda sugere que, a partir desse estudo pessoal, se faça uma conexão entre a narrativa histórico-artística com a narrativa interna de cada um, destacando o poder da obra de Ayda: “É um trabalho sensível e forte ao mesmo tempo, e que confronta paradigmas memoriais e históricos”.