Catálogo reúne filmes sobre povos originários brasileiros na biblioteca

Lista foi elaborada em parceria entre a Biblioteca da ECA e a Comissão de Inclusão e Pertencimento da Escola

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Foto de mulher branca sorrindo. Ela tem cabelos lisos, compridos e castanhos e usa uma blusa de frio roxa sobre outra blusa cinza. Ela tem um cotovelo apoiado sobre um móvel. Ao fundo, uma parede de vidro com adesivos de letras que formam parte da palavra biblioteca.
Mayza Bendinskas, estagiária da CIP e idealizadora do projeto. Foto: Maria Luiza Negrão/LAC-ECA​​​.

Os povos originários brasileiros foram o foco de um novo catálogo da Biblioteca da ECA, elaborado em parceria com a Comissão de Inclusão e Pertencimento (CIP). A curadoria identificou 79 títulos presentes no acervo da biblioteca e foi realizada pela bibliotecária Marina Macambyra e por Mayza Bendinskas, estagiária da CIP. 

Segundo Mayza, a ideia surgiu a partir de uma proposta da comissão de realizar um projeto especial todos os meses. Em abril, no dia 19, é comemorado o Dia dos Povos Indígenas — daí a ideia foi fazer uma seleção de obras audiovisuais, com títulos que vão de curta-metragens de ficção a longas documentários e, até mesmo, produções televisivas, como a minissérie A Muralha (2000), produzida pela TV Globo. 

 

O catálogo

Marina conta que o processo demorou apenas algumas semanas para ser finalizado, entre a seleção do conteúdo através do sistema Dédalus e a diagramação do catálogo. Ela destaca as etapas de revisão e reestruturação de algumas sinopses para melhorar o entendimento do conteúdo de algumas obras.

Foto de mulher branca sorrindo. Ela tem cabelos curtos, lisos e grisalhos e usa um cachecol verde estampado por cima de um blazer roxo. Ao fundo, prateleiras com CDs e livros do acervo da biblioteca.
Marina Marchini
Macambyra, ​​​bibliotecária
da ECA e curadora do
catálogo. Foto: Maria Luiza Negrão/LAC-ECA​​​​.

Na apresentação da coletânea elas avisam que o catálogo pode apresentar filmes que ofereçam uma visão estereotipada ou, até mesmo, preconceituosa com relação aos povos originários. A bibliotecária afirma que isso é “porque [ela e Mayza] não teriam condições de assistir todos esses filmes. Muitos eu assisti e conheço, mas nem todos. Então, pode ser que tenha, a gente não entrou numa análise um por um”. 

Já Mayza destaca outro ponto da elaboração do catálogo: o trabalho com a base de dados do sistema Dédalus, que centraliza informações sobre todo o acervo bibliográfico da USP. Marina, por sua vez, comenta a importância de ter a participação de pessoas da área de publicidade (caso de Mayza, estudante de Publicidade e Propaganda) porque “quando você pensa em exibir, em divulgar, em tornar mais agradável, mais acessível, mais conhecido, aí a gente [da biblioteca] já começa a falhar um pouco”.

Entre as obras listadas, 13 fizeram parte do Vídeo nas Aldeias (VNA), projeto criado em 1986 pelo indigenista e documentarista francês Vincent Carelli. A iniciativa independente buscava oferecer uma formação em audiovisual para povos indígenas de diferentes territórios. Um dos filmes produzidos pelo VNA, disponível na biblioteca da ECA, é Marangmotxíngmo Mïrang — Das Crianças Ikpeng para o Mundo (2001). Nele, em estilo documental, crianças da aldeia Ikpeng respondem a questionamentos de uma carta enviada por um grupo de crianças cubanas. No documentário, as protagonistas mostram seus hábitos cotidianos na aldeia, como as suas brincadeiras.

 

Frame de um filme. Na imagem é dia e há dois homens indígenas em meio à floresta, ambos de cabelos curtos, pretos e lisos. O da esquerda segura um arco com uma mão e uma flecha com a outra. O da direita grava a cena com uma câmera de vídeo.
Cena do média-metragem Imbé Gikegü, Cheiro de Pequi (2006), de Maricá Kuikuro e Takumã Kuikuro, que integra o catálogo. O projeto Vídeo nas Aldeias promove formação audiovisual para povos originários, estimulando a produção de imagens e narrativas de forma autônoma. Foto: reprodução/ Mostra Ecofalante de Cinema.

 

Frame de um filme. Na imagem, um grupo com alguns indígenas adultos com pinturas corporais. Os homens possuem cabelos lisos, pretos e curtos até a altura das sobrancelhas e as mulheres têm os cabelos longos, lisos e pretos até a cintura. À frente, um homem com um arco de caça. O chão é de terra batida e no fundo há estruturas de madeira como colunas.
O longa Brincando nos Campos do Senhor (1991),
de Hector Babenco, rendeu uma indicação ao
Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora. Foto: Reprodução/Jangada Festivais.

A coleção conta também com Brincando nos Campos do Senhor (1991), dirigido pelo premiado Hector Babenco, de Carandiru: O filme (2003), Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981) e O Beijo da Mulher-Aranha (1985) — com uma indicação ao Oscar de Melhor Direção por este último. A narrativa conta a história de uma aldeia na Amazônia depois que um grupo de missionários evangélicos chega para catequizar a população originária. 

Outro filme incluído no catálogo é o longa Como era Gostoso o Meu Francês (1971), de Nelson Pereira dos Santos, diretor também de Vidas Secas (1963) e Rio, 40 Graus (1955). O filme se baseia nos diários do viajante alemão Hans Staden, que na obra é representado por um homem francês que escapa de um ritual de antropofagia.

 

A Biblioteca da ECA

Segundo levantamento de 2024, o acervo da biblioteca da ECA conta com mais de 230 mil itens dos mais diversos tipos. “Só gente que não frequenta biblioteca acha que é só livro”, afirma Marina, que destaca a importância do espaço para a preservação de filmes não comerciais, que não integram plataformas de streaming.

 

Acesso ao acervo de filmes da ECA

As consultas individuais podem ser realizadas através dos computadores disponibilizados pela biblioteca.

O espaço conta com uma sala de vídeo, onde grupos podem assistir filmes sem a necessidade de empréstimo.

Caso o visitante queira emprestar o material, seja um filme ou qualquer outro item circulante do acervo, é necessário ter vínculo ativo com a USP.

 

 


Imagem de capa: Maria Luiza Negrão/LAC