Catálogo reúne filmes sobre povos originários brasileiros na biblioteca
Lista foi elaborada em parceria entre a Biblioteca da ECA e a Comissão de Inclusão e Pertencimento da Escola

Os povos originários brasileiros foram o foco de um novo catálogo da Biblioteca da ECA, elaborado em parceria com a Comissão de Inclusão e Pertencimento (CIP). A curadoria identificou 79 títulos presentes no acervo da biblioteca e foi realizada pela bibliotecária Marina Macambyra e por Mayza Bendinskas, estagiária da CIP.
Segundo Mayza, a ideia surgiu a partir de uma proposta da comissão de realizar um projeto especial todos os meses. Em abril, no dia 19, é comemorado o Dia dos Povos Indígenas — daí a ideia foi fazer uma seleção de obras audiovisuais, com títulos que vão de curta-metragens de ficção a longas documentários e, até mesmo, produções televisivas, como a minissérie A Muralha (2000), produzida pela TV Globo.
O catálogo
Marina conta que o processo demorou apenas algumas semanas para ser finalizado, entre a seleção do conteúdo através do sistema Dédalus e a diagramação do catálogo. Ela destaca as etapas de revisão e reestruturação de algumas sinopses para melhorar o entendimento do conteúdo de algumas obras.

Macambyra, bibliotecária
da ECA e curadora do
catálogo. Foto: Maria Luiza Negrão/LAC-ECA.
Na apresentação da coletânea elas avisam que o catálogo pode apresentar filmes que ofereçam uma visão estereotipada ou, até mesmo, preconceituosa com relação aos povos originários. A bibliotecária afirma que isso é “porque [ela e Mayza] não teriam condições de assistir todos esses filmes. Muitos eu assisti e conheço, mas nem todos. Então, pode ser que tenha, a gente não entrou numa análise um por um”.
Já Mayza destaca outro ponto da elaboração do catálogo: o trabalho com a base de dados do sistema Dédalus, que centraliza informações sobre todo o acervo bibliográfico da USP. Marina, por sua vez, comenta a importância de ter a participação de pessoas da área de publicidade (caso de Mayza, estudante de Publicidade e Propaganda) porque “quando você pensa em exibir, em divulgar, em tornar mais agradável, mais acessível, mais conhecido, aí a gente [da biblioteca] já começa a falhar um pouco”.
Entre as obras listadas, 13 fizeram parte do Vídeo nas Aldeias (VNA), projeto criado em 1986 pelo indigenista e documentarista francês Vincent Carelli. A iniciativa independente buscava oferecer uma formação em audiovisual para povos indígenas de diferentes territórios. Um dos filmes produzidos pelo VNA, disponível na biblioteca da ECA, é Marangmotxíngmo Mïrang — Das Crianças Ikpeng para o Mundo (2001). Nele, em estilo documental, crianças da aldeia Ikpeng respondem a questionamentos de uma carta enviada por um grupo de crianças cubanas. No documentário, as protagonistas mostram seus hábitos cotidianos na aldeia, como as suas brincadeiras.


de Hector Babenco, rendeu uma indicação ao
Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora. Foto: Reprodução/Jangada Festivais.
A coleção conta também com Brincando nos Campos do Senhor (1991), dirigido pelo premiado Hector Babenco, de Carandiru: O filme (2003), Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981) e O Beijo da Mulher-Aranha (1985) — com uma indicação ao Oscar de Melhor Direção por este último. A narrativa conta a história de uma aldeia na Amazônia depois que um grupo de missionários evangélicos chega para catequizar a população originária.
Outro filme incluído no catálogo é o longa Como era Gostoso o Meu Francês (1971), de Nelson Pereira dos Santos, diretor também de Vidas Secas (1963) e Rio, 40 Graus (1955). O filme se baseia nos diários do viajante alemão Hans Staden, que na obra é representado por um homem francês que escapa de um ritual de antropofagia.
A Biblioteca da ECA
Segundo levantamento de 2024, o acervo da biblioteca da ECA conta com mais de 230 mil itens dos mais diversos tipos. “Só gente que não frequenta biblioteca acha que é só livro”, afirma Marina, que destaca a importância do espaço para a preservação de filmes não comerciais, que não integram plataformas de streaming.
Acesso ao acervo de filmes da ECA
As consultas individuais podem ser realizadas através dos computadores disponibilizados pela biblioteca.
O espaço conta com uma sala de vídeo, onde grupos podem assistir filmes sem a necessidade de empréstimo.
Caso o visitante queira emprestar o material, seja um filme ou qualquer outro item circulante do acervo, é necessário ter vínculo ativo com a USP.