Estudantes da pós compartilham primeiras experiências na docência

Com presença cada vez maior nas disciplinas de graduação, monitores participaram do 1º Encontro do Programa de Aperfeiçoamento ao Ensino (PAE)

Vida acadêmica
O que é o PAE?
 

O Programa de Aperfeiçoamento de Ensino é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG) voltada a mestrandos e doutorandos da USP. A participação é obrigatória para estudantes contemplados pela Bolsa Capes, mas a adesão também pode ser voluntária. O projeto prepara os discentes para o ensino na graduação através de duas fases: Etapa de Preparação Pedagógica e Etapa de Estágio Supervisionado em Docência. A primeira fase pode ser ofertada como uma disciplina de pós-graduação, como um conjunto de conferências ou como um núcleo de atividades para preparação de aula, a depender da unidade de ensino. Após esse período de treinamento, os discentes se inscrevem nas disciplinas de graduação pertinentes à sua área de conhecimento e com as quais desejam contribuir. A partir do início do estágio, o monitor desempenha as mais diversas tarefas, que devem ser combinadas com o docente supervisor.

Duas vezes ao ano, o Programa de Aperfeiçoamento ao Ensino (PAE) oferece oportunidades para que pós-graduandos sejam monitores em disciplinas da graduação. No segundo semestre de 2022, foram abertas as inscrições para 107 disciplinas de graduação em todos os departamentos de ensino da ECA.  Já para o primeiro período do próximo ano, o número cresce para 115 matérias. 

No dia 27 de outubro, no Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), aconteceu o 1º Encontro do Programa de Aperfeiçoamento de Ensino (PAE) da ECA. O propósito do evento foi reunir estudantes de pós-graduação e docentes envolvidos com o Programa para discussões sobre suas experiências e perspectivas relacionadas ao projeto, que funciona como um estágio para a prática didática.

Inicialmente, a professora e pós-doutoranda pela ECA Andreia Terzariol Couto realizou uma palestra abordando a importância da divulgação científica em sala de aula. Em seguida, o grupo se dividiu em cinco salas, cada uma liderada por um docente, para compartilhar seus relatos.

Essas histórias serão reunidas em uma publicação que deve ser disponibilizada no Portal Livros Abertos da USP em dezembro.

Encontro PAE

Foto de duas pessoas em um auditório. À direita, está uma mulher em pé falando enquanto segura um microfone. Ela é branca, tem cabelos longos, lisos e escuros e veste uma camisa branca. Mais ao fundo, sentado, está um homem que a observa enquanto sorri. Ele é branco, tem cabelos escuros médios, usa barba e óculos marrons e veste uma camisa branca.

Professora Andreia apresentando a palestra. Foto: Edinaldo Arruda/ LAC

Foto de diversas pessoas em uma sala de aula. Sete mulheres e dois homens estão em pé. Todos se abraçam, sorriem e olham para a câmera. A maioria das pessoas é branca. Ao redor deles, estão carteiras escolares azuis.

Foto: Edinaldo Arruda/ LAC

Foto de pessoas em um auditório. Sete pessoas, homens e mulheres, estão sentadas em cadeiras azuis. Em pé, olhando para essas pessoas, está uma mulher branca, de cabelos longos e escuros que usa um vestido roxo escuro. A sala tem chão e paredes em tons de bege e uma porta azul escuro.

Foto: Edinaldo Arruda/ LAC

Foto de sete pessoas, quatro homens e três mulheres, em uma sala de aula. Todos estão em pé, são brancos, olham para câmera e sorriem. Ao redor deles, estão carteiras escolares azuis. Ao fundo, estão uma parede branca e grandes janelas.

Foto: Mariana Zancanelli/ LAC

 

Compartilhando experiências
 
Foto de uma mulher e um homem sentados em carteiras azuis em uma sala de aula. Ela aparece em primeiro plano, olha para o lado e gesticula. A moça tem cabelos ondulados, longos e escuros. Ela veste uma camiseta azul escuro, usa máscara branca e óculos vermelhos. O homem está sentado na fileira de trás e olha para ela. O rapaz é branco, tem cabelos escuros, usa barba e óculos redondos e veste uma camiseta preta. Ao fundo está uma parede branca.
Foto: Mariana Zancanelli/ LAC

Além de narrar suas trajetórias acadêmicas e dividir relatos sobre desafios e conquistas, os pós-graduandos comentaram suas percepções acerca do Programa. Durante a troca de ideias, elogios e sugestões de melhorias foram apontados, em busca de mesclar pontos de vista e aprimorar a iniciativa.

Karina Ferrara Barros, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM), contou para seus colegas sobre o desenvolvimento do projeto História de Vida. A ideia é que os graduandos que cursam a disciplina Teoria e História das Relações Públicas pudessem entrar em contato com vivências do dia a dia da profissão.

Juntamente com a professora Maria Aparecida Ferrari, do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo (CRP) e a doutoranda do PPGCOM Lorena de Andrade Trindade, Karina orientou os estudantes durante a realização do trabalho. Eles deveriam conversar algumas vezes com um profissional formado e atuante na área das Relações Públicas e, a partir desses diálogos, produzir um pequeno vídeo com o relato do entrevistado para publicar no blog do projeto. Para estudantes, monitoras e professora, o saldo foi positivo, pois foi possível aproximar o conteúdo visto em sala de aula com a vida profissional.

A mestranda do PPGCOM e seus colegas ficaram muito satisfeitos com a união proporcionada pelo evento. O Encontro representou uma das raras vezes em que discentes de diferentes Programas de Pós-Graduação da ECA se reuniram para conversar. Paula Castiglioni, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Música (PPGMUS), brincou lamentando a falta de mais momentos como esse: “parece até que a pós-graduação não tem corpos, são só cérebros".

Para Luciano Maluly, coordenador do encontro e docente do CJE, o evento foi um sucesso, especialmente pela integração entre os membros do PAE. Ele destaca ainda a importância da exposição do conhecimento sobre o ensino e a vida em sala de aula e aponta o evento como “uma semente em prol da educação”.

 

Foto de duas pessoas sentadas, uma mulher jovem e um senhor idoso, se olhando. Os dois encostam um de seus cotovelos na mesa e apoiam a cabeça na mão. Ela é branca, tem cabelos longos e lisos e veste uma camiseta branca. Ele é branco, tem cabelos curtos e grisalhos, usa um relógio preto e veste uma camisa branca. Ao redor deles, estão carteiras escolares azuis e, ao fundo, estão uma lousa e uma janela.
Karina e o professor Atílio Avancini, do CJE, compartilham histórias. Foto: Mariana Zancanelli/ LAC

 
Rumo a docência
 

“Tive a oportunidade de estar no lugar do professor, que assistiu à minha aula atentamente, sentado junto com os alunos. Foi uma experiência transformadora. Neste dia, percebi sem sombra de dúvida que era ali que eu queria estar. Mais do que isso, era ali que eu gostaria de ter estado ao longo da minha vida profissional”, relata Márcia Pinheiro Ohlson sobre sua experiência na disciplina de História da Cultura e da Comunicação I, ministrada pelo professor Anderson Vinicius Romanini, do Departamento de Comunicações e Artes (CCA).

Foto do rosto de uma mulher branca, de cabelos e olhos escuros, olhando para a câmera e sorrindo levemente. Ela veste uma roupa preta e usa um colar branco e marrom. Ao fundo, diversos quadros estão fixados em uma parede branca.
Márcia Pinheiro Ohlson. Foto: Acervo pessoal

A doutoranda do PPGCOM participou de dois estágios do PAE e se inscreveu como voluntária em outras oportunidades. Enquanto acompanhava as aulas como monitora, ela fazia o exercício de se colocar no lugar do docente, imaginando qual seria a conduta ideal diante de determinadas situações, uma vez que estivesse na liderança da sala de aula.

Para enfrentar os desafios, a discente da pós tem se preparado desde já. Seus momentos de estudo, que geralmente são mais voltados aos assuntos relacionados à sua pesquisa, também têm se estendido a conhecimentos que ela acredita serem importantes para docentes. “Eu leio sobre algum teórico da comunicação, sobre escrita acadêmica ou sobre outras coisas que eu sei que vão contribuir para minha formação de maneira mais holística”, comenta.

Apesar de adorar ser chamada de professora pelos estudantes, Márcia entende que pode levar algum tempo até alcançar esse cargo e que, até lá, já deve estar próxima dos 50 anos. Mas ela não desanima, e pensa que nunca é tarde para iniciar uma nova profissão. Além disso, acredita que “os alunos, com suas demandas, inquietações, indignações e paixões, me manterão jovem.”

 

"O projeto da minha maturidade é me tornar docente."

 
Márcia Pinheiro Ohlson, doutoranda do PPGCOM

 

 

 


Imagem de capa: Mariana Zancanelli