Na pandemia, editoras precisam adotar novas formas de distribuição de livros

Já em crise antes do coronavírus, mercado editorial começa a olhar mais para o digital

Comunidade
Foto tirada no mezanino de uma livraria. A foto retrata tanto o piso térreo quanto o andar de cima. Há muitas estantes com livros e algumas poltronas. Algumas pessoas circulam pelo local.
Livrarias fechadas trazem novo desafio para editoras. Foto: Léo Burgos/Folhapress

A crise do mercado editorial não é um assunto novo. Duas das maiores redes de livrarias do Brasil – Cultura e Saraiva – entraram em recuperação judicial. Desde antes da pandemia de covid-19, o setor já estava sofrendo com a perda de leitores. Agora, com os centros comerciais fechados, a situação se complica ainda mais, já que 83% das editoras tinham como principal fonte de receita as livrarias

Esse dado vem de uma pesquisa realizada pela Liga Brasileira de Editoras (Libre), que falou com 75 editoras em abril. A coleta de dados foi coordenada pelo doutorando da ECA, Whaner Endo, orientado pela professora Sandra Reimão, ambos pesquisadores do mercado editorial. 

"A distribuição dos livros sempre foi um problema para as editoras, em especial as pequenas", explica o pesquisador. Por terem uma menor quantidade de títulos ou por serem de nicho, muitas não estavam presentes nas grandes redes. Assim, editoras independentes buscam formas alternativas de distribuição. 

A venda on-line tem se tornado importante. E não somente durante o período de pandemia. O formato marketplace tem sido um grande aliado. Nesse modelo, empresas podem vender seus produtos utilizando plataformas como Amazon e Magazine Luiza. "Isso ajudou muito inclusive o surgimento de editoras independentes", comenta Endo. Na pesquisa da Libre, o marketplace figura como 4ª maior fonte de receita.

 

Pandemia abriu oportunidade para crescimento do livro digital

O livro digital tornou-se uma opção mais atrativa nesse período em que as pessoas dependem de fretes e entregas dos Correios. Afinal, com apenas alguns cliques, é possível ter acesso à obra de interesse no smartphone ou em leitores específicos, como Kindle e Lev. 

"O cenário da pandemia mostrou que o livro digital deve ser importante no catálogo da editora", diz o doutorando. Muitas editoras lançaram títulos em formato digital, antecipando lançamentos ou adaptando as obras físicas. 

No entanto, a pesquisa mostra que ainda há um longo caminho a se percorrer para aumentar e diversificar a oferta desse tipo de livro. Entre as 75 editoras analisadas, 38 tinham menos de 25% de seus títulos no catálogo digital. 


Imagem de capa: Matheus Bruxel / Agência RBS / GZH, Léo Burgos / Folhapress