Grupo de pesquisa da ECA cria projeto gráfico para revista de filosofia política
Estudantes de Artes Visuais trabalharam em parceria com a fotógrafa Rosângela Rennó para desenvolver o primeiro número do periódico digital Estilhaço
Acaba de ser lançada a Revista Estilhaço, fruto de uma colaboração entre a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e a ECA. A Estilhaço será semestral, mas alguns textos também devem ser publicados entre os números.
O periódico foi idealizado por estudantes da graduação e da pós-graduação em Filosofia, sob supervisão do professor Vladimir Pinheiro Safatle, para que pudesse “reabilitar a ‘crítica’ no seu sentido mais radical”. Pela ECA, o grupo de pesquisa Depois do Fim da Arte, do Departamento de Artes Plásticas (CAP), coordenado pela professora Dora Longo Bahia, participou da criação do projeto gráfico da revista. Ana Paula Albé, Karol Pinto, Murillu, Nina Lins e Thais Suguiyama, estudantes do curso de Artes Visuais, contribuíram com o projeto.
O nome da revista – Estilhaço – se deu pela compreensão da comissão editorial de que, daqui para a frente, pensar exigirá estar atento às explosões. É o que se observa neste primeiro número: com o dossiê O que vem depois do fascismo?, a ideia central é escapar do chamado “urgentismo salvacionista” que se estabelece no cenário da política brasileira.
A cada edição, um artista diferente será convidado para colaborar com o projeto gráfico. A fotógrafa e artista intermídia Rosângela Rennó foi a escolhida para se juntar ao Depois do Fim da Arte nessa estreia. É a partir das imagens de Rosângela, doutora em Artes Visuais pela ECA, que o grupo de pesquisa desenvolveu os vídeos que são projetados no site da revista.
Desafios e oportunidades
Thais, que esteve focada na implementação do design, conta que o debate de ideias com a artista foi essencial. Era preciso entender quais trabalhos de Rosângela melhor se relacionavam com a revista e estudar como enfrentar o grande desafio de transformar as fotografias em vídeo. Além disso, houve a preocupação de adotar uma tipografia que fizesse sentido com a obra e que fosse legível.
Aos poucos, os colaboradores do projeto foram entendendo como se dava o funcionamento de uma revista e qual o papel de cada um na sua produção. Foi necessário, ainda, conciliar as idealizações da comissão editorial, da artista e do Depois do Fim da Arte. Apesar do desafio, para a aluna do CAP, o resultado final foi uma vitória.
A estudante acrescenta que a revista deu a oportunidade para colocar em prática alguns dos conceitos aprendidos em sala de aula, como refletir sobre as possibilidades de diálogo entre os trabalhos de diferentes artistas e fazer traduções entre as plataformas. Karol, que ficou responsável pela produção de uma das páginas, relata que também aplicou ideias desenvolvidas na graduação. Uma delas foi a inspiração em uma técnica criada por uma amiga do curso, que consiste em criar pequenas transparências em uma caixa de luz para projetar as imagens e fazer a filmagem.
A Estilhaço, assim como outros projetos do Depois do Fim da Arte, foi importante para que as estudantes pudessem tirar os planos e possibilidades do papel. “O grupo é sobre a prática, você vai tentar fazer de verdade”, conta Karol. E, nesse caso, praticamente ninguém tinha experiência prévia com revistas digitais, conta Thais, então foi um momento de testagem e descoberta para todo o grupo: “A gente não é especialista, mas nós estamos participando, e é legal ver como a gente pode aprender e também contribuir com a nossa visão das Artes Plásticas”. A estudante complementa que toda a equipe de pesquisa envolvida era voluntária e que seguiu no projeto, iniciado em 2020, pelo desejo de continuar aprendendo.
Importância da integração
As alunas acreditam que a participação em grupos de pesquisa e a parceria com outras faculdades é fundamental para a aprendizagem na graduação. Karol explica que, permanecer inserido apenas no contexto do departamento pode fazer com que o estudante pense de maneira pouco inovadora. As vantagens do grupo e do projeto são, para ela, o incentivo para pensar em como pessoas de diversos contextos recebem as imagens, a saída da zona de conforto e a busca por melhorias e adaptações.
Karol acrescenta que o contato com diversos pesquisadores é uma vivência muito proveitosa e que faz diferença para o amadurecimento pessoal e profissional. “São pessoas que têm muito mais experiência e que muitas vezes são de outra faixa etária, é um outro recorte. Acho que, nesse sentido, é um grupo muito rico”, relata.