Estudantes criam guia para lidar com a desinformação sobre saúde
Desenvolvida durante disciplina do curso de Educomunicação, cartilha virtual é voltada para agentes de saúde e contou com a parceria de profissionais médicos formados pela USP
Conteúdos informacionais falsos sobre a covid-19 têm sido um agravante da pandemia. Mesmo antes da atual crise sanitária, a desinformação nas redes sociais acerca de variadas questões já era um problema recorrente. Uma das maiores pesquisas sobre a disseminação de notícias falsas na internet, realizada em 2018 por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), concluiu que as notícias falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e alcançam muito mais pessoas.
Desde o início da pandemia, mensagens falsas são constantemente divulgadas por mídias digitais. De acordo com levantamento recente feito pela rede de mobilização social Avaaz, 84% das informações médicas falsas veiculadas no Facebook circularam livremente pela rede. Dessa forma, bilhões de perfis foram afetados com notícias potencialmente perigosas. Há também uma infinidade de sites e perfis falsos que disseminam informações equivocadas sobre vacinas e comprometem os esforços dos sistemas de saúde em aumentar as taxas de imunização da população.
Para combater os prejuízos que a desinformação traz para a saúde coletiva, as estudantes de Educomunicação Camilla Gebara e Patrícia Jatobá desenvolveram o guia virtual Agentes de Saúde e de Informação. Feito em parceria com Aline Secone, graduada em Terapia Ocupacional pela Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (FMRPUSP) e Lucas Abraão Mosna, pós-graduado em Psiquiatria Infantil pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), o material traz informações úteis não apenas para os profissionais de saúde, mas para toda a população. "A presente cartilha se propõe a ser uma boa aliada para todos aqueles que desejam aprender caminhos para acessar bons conteúdos em saúde, bem como para aqueles que desejam compreender conceitos básicos para avaliar informações nessa área, sejam elas veiculadas por canais de televisão, jornais, sites ou redes sociais", afirmam os autores.

O guia foi desenvolvido durante a disciplina Tecnologias da Comunicação na sociedade contemporânea, ministrada pela professora Daniela Osvald Ramos, do Departamento de Comunicações e Artes (CCA), e apresenta um verdadeiro passo-a-passo para avaliar a veracidade de uma informação. Com linguagem didática, diversos exemplos e muitas dicas, o material ensina a diferenciar fato de opinião, a importância das evidências científicas e quais perguntas se fazer para decidir se uma informação é ou não é confiável. O guia também traz várias sugestões de fontes de informação sobre ciência e saúde, além de agências de checagem de informação, importantes aliadas na hora de tirar dúvidas sobre notícias falsas ou imprecisas.
"Adotar uma postura crítica diante da circulação de uma informação significa saber avaliar sua veracidade, relevância e, sobretudo, se responsabilizar ao compartilhar, colocar em prática ou mesmo refutar aquilo que se lê, vê ou ouve. Assim como todo remédio tem um uma bula que nos auxilia no seu uso, também as informações que ingerimos diariamente precisam ser usadas com certo cuidado e seguindo algumas regras", concluem os responsáveis pela cartilha.
Acesse o guia Agentes de Saúde e de Informação pelo site do Conselho de Secretários Municipais de Saúde.