Grupo de pesquisa publica livro sobre educação remota na pandemia
Obra é resultado de um estudo feito com professores do ensino básico e revela os impactos do ensino remoto em seu cotidiano
No dia 4 de dezembro, o Grupo de Pesquisa Mediações Educomunicativas (Mecom), organizado por Adilson Citelli, docente sênior do Departamento de Comunicações e Artes (CCA) da ECA, lançou o livro Educomunicação no contexto pandêmico: desafios do ensino remoto. Na obra, que reúne dados coletados entre 2021 e 2022 com 447 docentes da educação básica de todo o Brasil, o grupo apresenta os resultados de pesquisa sobre o uso das tecnologias digitais na atuação docente durante a pandemia de covid-19.
Segundo o coordenador do trabalho, “um dos principais objetivos da pesquisa foi compreender como o ensino remoto emergencial, implementado durante a pandemia, impactou as práticas pedagógicas e transformou o cotidiano de professoras e professores”. O estudo também investigou se a formação inicial dos profissionais de educação foi suficiente para atender as demandas do ensino remoto emergencial e como a aceleração social do tempo, reforçada pelo uso dos dispositivos digitais, afetou – e continua afetando – a educação formal.
A iniciativa faz parte do projeto de pesquisa Comunicação e Educação: Mediações Tecnossociais no Ensino Básico, que contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e teve como sede o CCA. Além disso, a pesquisa resultou no relatório digital Ensino Remoto Emergencial e Transições Associadas, lançado em agosto de 2023.
Suas conclusões mostram que os docentes passaram por dificuldades para conciliar a vida doméstica com a atividade profissional. Afinal, além de ter que reestruturar o espaço doméstico para dar suas aulas, muitos educadores relataram ser preciso dividir esse espaço com um cônjuge que também é professor ou com os filhos que também teriam aulas remotas. A falta de familiaridade com o uso de dispositivos digitais foi outro problema, com 41,8% dos/as pesquisados/as afirmando que a escola não ofereceu recursos para viabilizar as propostas síncronas ou assíncronas on-line, e 59,8% afirmando depender de redes solidárias de professores e gestores para usá-los.
Por fim, o estudo aponta que linguagens, ritmos e lógicas comunicacionais cifradas pela rapidez, fragmentação e reduções expressivas, típicos da internet, adentraram rapidamente o âmbito da educação formal, causando uma “destemporalização” das relações entre alunos e professores. Essa destemporalização forçava uma aceleração na resposta às demandas por parte dos docentes, que afirmaram que “passam mais tempo na internet do que com a família ou desfrutando de algum lazer” (69%), ou que sentiam que “o tempo está passando rápido demais” (93%). Além disso, 72,4% dos educadores afirmaram cumprir “jornada de trabalho extenuante”.
"A existência de fluxos entre as escolas e os aparatos tecnológicos não levou os professores e professoras a considerarem estar diante de uma panaceia redentora das nossas mazelas educacionais, motivo pelo qual 75,8% da amostra haver asseverado que um dos problemas gerados pelo ensino remoto emergencial foi a incerteza quanto ao real aprendizado dos/das discentes."
Relatório Mecom 2023
Editado em 5 de dezembro de 2024 para atualização de informações sobre o lançamento.
Serviço
Lançamento do livro Educomunicação no contexto pandêmico: desafios do ensino remoto
Data: 4 de dezembro de 2024
Horário: 14h30
Local: Sala 237, Departamento de Comunicações e Artes (CCA) - Prédio Central, 2º andar. Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Cidade Universitária, São Paulo, SP.