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Pesquisa da ECA expõe desigualdades comunicacionais e de acesso à informação no ensino básico

Relatório do projeto de pesquisa Inter-relações comunicação e educação no contexto do ensino básico mostra resultados de estudo sobre mídias e tecnologias no contexto escolar

Vida acadêmica
Foto de uma pessoa branca segurando um celular e fazendo anotações à caneta em um caderno. A imagem não mostra outra parte do corpo além das mãos.
Foto: Divulgação/MCTIC

O grupo de pesquisa Mediações Educomunicativas (MECOM) acaba de divulgar o relatório final do projeto de pesquisa Inter-relações comunicação e educação no contexto do ensino básicoSob coordenação de Adilson Odair Citelli, professor sênior do Departamento de Comunicações e Artes (CCA), o estudo verificou junto a escolas do ensino fundamental e médio como os discursos escolares dialogam com os meios de comunicação e as formas contemporâneas de organizar, produzir e distribuir o conhecimento e a informação.

Desenvolvido com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o relatório apresenta a análise dos dados, levantados pelo grupo entre os anos de 2017 e 2020, sobre questões ligadas às mídias, tecnologias e outros desdobramentos no âmbito escolar. A pesquisa envolveu 509 professores e 3.708 estudantes do ensino funtamental e médio de todas as regiões do país.

Segundo o estudo, a infraestrutura de tecnologia nas instituições de ensino básico é bastante desigual no Brasil: há escolas muito bem equipadas, enquanto outras tem grande carência de computadores, conexão à internet e espaços físicos qualificados. Fatores econômicos e culturais também estabelecem profundas diferenças e particularidades, tanto entre professores quanto entre estudantes. 

Sobre a formação de educadores, os resultados da pesquisa apresentam as diferenças nas competências iniciais e permanentes, “seja pelo percurso em graduações nem sempre envolvidas com a qualidade, seja pelo descaso das políticas públicas em responder às necessidades objetivas do quadro docente”, aponta o relatório. Os baixos salários e condições de trabalho precarizadas – como a jornada extensa (superior a 30 horas semanais) e a falta de revitalização das escolas – são reflexo desse descaso na realidade da docência no ensino básico.

A situação de estudantes também evidencia problemas atrelados às condições sociais desiguais, vinculado a fatores de classe, raça e genêro e, ainda, pelas origens sociais variadas, experiências culturais múltiplas e condições econômicas distintas. Os desequilíbrios também se relacionam às diferenças regionais do país, tendo as escolas das áreas mais ricas melhor infraestrutura e desempenho médio dos alunos.

 
Tecnologias de informação nas escolas

Durante a pandemia do novo coronavírus, uma parcela dos estudantes alegou falta de acesso às mídias digitais, acesso integral à internet e aparelhos móveis (como os smartphones) como um fator que dificultou o acompanhamento das atividades didáticas. Do outro lado, entre aqueles que no período analisado tiveram acesso ao ensino a distância, tanto docentes quanto discentes relataram múltiplos problemas no plano psicológico, como ansiedade, depressão e hiperatividade.

Entre as conclusões do estudo, a equipe de pesquisa considera que a presença direta ou indireta das tecnologias de informação nas escolas já é uma realidade. “Mesmo que a unidade educativa não possua determinados equipamentos para fins didáticos, a presença do celular, dos computadores e da internet é algo objetivo na vida de professores e professoras, alunos e alunas”. Transformações necessárias no sistema de ensino exigem uma nova forma de relacionamento com as tecnologias informacionais, de modo a incorporá-las aos processos didático-pedagógicos. A equipe defende ainda que tecnologias básicas como internet e computadores não devem ser usadas de modo meramente instrumental, e sim ser empregadas como mediadoras da aprendizagem.

O relatório na íntegra do projeto de pesquisa Inter-relações comunicação e educação no contexto do ensino básico está disponível na página do MECOM.


Imagem de capa: Reprodução/MECOM