Prêmio Tese Destaque USP reconhece excelência das pesquisas da ECA

http://pgeha.webhostusp.sti.usp.br/Em sua 12º edição, premiação da USP seleciona duas pesquisas da ECA e uma tese do programa de Estética e História da Arte

 

 

Vida acadêmica

O Prêmio Tese Destaque USP é uma iniciativa da Pró-reitoria de Pós-graduação (PRPG) que, anualmente, reconhece e premia a qualidade acadêmica das teses de doutorado da Universidade.

Todos os anos, são premiados trabalhos de diversas áreas do conhecimento. Os autores das teses vencedoras são contemplados com 10 mil reais e seus respectivos orientadores com o valor de cinco mil.  Além dos 14 trabalhos vencedores, outras teses são agraciadas com menções honrosas.

Em 2023, duas teses de doutorado da ECA receberam menção honrosa e uma tese do Programa de Pós-graduação Interunidades em Estética e História da Arte (PGEHA), do qual a Escola faz parte, foi premiada.

Saiba mais os trabalhos e seus autores:

 

Arte e imprensa

Na fotografia, uma mulher branca de cabelos castanhos um pouco abaixo do ombro. Ela veste uma camiseta preta e um óculos de armação redonda e preta.

Marianne Farah, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais

A tese As Belas Artes traduzidas: imagem, imprensa e a formação da cultura visual no Rio de Janeiro, século XIX recebeu menção honrosa na área de Letras, Linguística e Artes. A autora, Marianne Farah Arnone, investiga o impacto que as imagens veiculadas na imprensa no século XIX tiveram na formação da cultura visual do Rio de Janeiro, capital do Brasil na época. O orientador da tese foi Domingos Tadeu Chiarelli, professor sênior do Departamento de Artes Plásticas (CAP).

A pesquisadora estuda a temática desde a graduação no curso de Artes Visuais, quando em seu projeto de iniciação científica criou uma versão comentada do livro Belas Artes: estudos e apreciações, de Félix Ferreira, considerado o primeiro livro de história da arte publicado no Brasil.

Na obra, Félix defende o desenvolvimento das artes gráficas, sobretudo, a técnica da gravura. Isso chamou atenção da pesquisadora, que, já no mestrado, realizou estudo sobre o autor e as gravuras no Rio de Janeiro. Foi quando Marianne compreendeu que a defesa da xilogravura e das artes gráficas se davam por conta de um projeto maior de Félix, de difundir e divulgar as artes pela imprensa. Já no doutorado, Marianne buscou entender como se dava a divulgação de obras de arte pela imprensa no século XIX, bem como o impacto dessas imagens na construção de uma cultura visual ligada às artes no Rio de Janeiro. Além de publicar obras de arte europeias que nunca haviam sido vistas pela população brasileira, os periódicos também veiculavam imagens que tratavam os costumes e paisagens locais, contribuindo para a construção e consolidação das identidades nacionais.

 

“Uma das propostas da tese era justamente chamar atenção para a imagem enquanto  formadora e portadora de discurso, não apenas como uma ilustração ou como reforço de algum argumento.”

Marianne Farah, doutora em Artes Visuais pela ECA

 

“Ter desenvolvido a tese nesse momento e ter recebido uma menção honrosa é muito gratificante. É o reconhecimento de um esforço", disse Marianne, lembrando que parte da pesquisa foi realizada durante a pandemia. Para a autora, a premiação também dá visibilidade para estudos de história da arte que utilizam acervos de jornais e revistas.

 

Branquitude, decolonialidade e educomunicação

 Fotografia em preto e branco do rosto de uma mulher que sorri para a câmera. A mulher tem pele branca, olhos escuros e cabelos curtos, escuros e lisos.
Paola Diniz Prandini, doutora em Ciências da Comunicação pela ECA

Conexão atlândica: branquitude, decolonialitude e educomunicação em discursos de docentes de Joanesburgo, de Maputo e de São Paulo, de Paola Diniz Prandini, recebeu menção honrosa na área de Ciências Sociais Aplicadas. A pesquisa, que teve orientação de Maria Cristina Palma Mungioli, docente do Departamento de Comunicações e Artes (CCA), já havia recebido menção honrosa no Prêmio Capes de Tese em 2023. Paola, que trabalha com formação de professores há 15 anos, aborda na tese a presença da branquitude e da decolonialidade nos discursos de professores de três cidades: São Paulo, Joanesburgo na África do Sul, e Maputo em Moçambique.

A escolha por essas três localidades se deu por suas semelhanças na área da educação. Por meio de entrevistas com um grupo de 13 docentes, quatro da África do Sul, cinco do Brasil e quatro de Moçambique, Paola observou a presença de questões ligadas à branquitude e às colonialidades nas dinâmicas sociais e de ensino nas escolas. Os docentes também puderam compartilhar suas percepções em relação aos dois aspectos analisados pela pesquisa. As respostas variaram de acordo com as localidades, mas, em grande parte, houve o reconhecimento de que a branquitude e a colonialidade estão presentes no universo escolar e impactam as relações que ali se estabelecem. 

O trabalho também aborda como a educomunicação pode, por meio da utilização de recursos pedagógicos, colaborar para a "equidade étnico-racial desses territórios". Nesse âmbito, há um tópico dedicado especialmente ao cinema, Cinema e educomunicação: práxis decoloniais e decolonizadoras, que alcança diversas camadas sociais e pode ser um desses recursos.

 

O legado de Amazônia

Na fotografia, um homem branco de bigode, barba rala e cabelos castanhos escuros. Ele veste uma camisa branca e óculos de armação redonda. Ao fundo, plantas aparecem desfocadas.
Vitor Marcelino, doutor pelo  Programa de Pós-graduação Interunidades em Estética e História da Arte. Imagem: acervo pessoal

Na grande área de Letras, Linguística e Artes, foi premiada a tese A construção coletiva de “Amazônia”: fotografia e política no livro de Claudia Andujar e George Love, de Vitor Marcelino. A pesquisa integra o PGEHA e foi orientada pela professora Helouise Lima Costa. Além deter a participação da ECA, o PGEHA é composto pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC), pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH). 

O trabalho apresenta uma análise da obra Amazônia, de Claudia Andujar e George Love, um fotolivro publicado em 1978 com imagens da Floresta Amazônica e do povo Yanomami. A pesquisa não trata somente do conteúdo do livro, mas também da história por trás da produção das fotos e de sua publicação. Vitor realizou uma pesquisa minuciosa sobre a jornada de concepção do livro, que ficou conhecido não somente pela sua qualidade fotográfica, mas também pela trajetória de suas imagens. “Acho que foi essencial para poder tentar entender um livro que, a princípio, parecia hermético e difícil, tentar ir atrás dessa história, desses ciclos anteriores das imagens”, explica o pesquisador. A tese também possui uma extensa pesquisa em arquivos e uma entrevista com Regastein Rocha, produtor de Amazônia, que contou sua perspectiva sobre a jornada da obra.

Ganhar o prêmio é relevante para ampliar o debate sobre o tema, avalia o recém-doutor: “A tese fica mais conhecida e toca em assuntos que eu acho que são muito importantes, que são a questão ambiental e a questão indígena”.

 

Confira fotos da premiação:

Premiados no Tese USP Destaque 2023

Seis pessoas estão de pé, lado a lado, em cima de um palco de madeira. Ao fundo, um telão projeto a imagem de um diploma. A aluna Mariane Arnone é a segunda da direita para a esquerda.

Marianne Farah Arnone e seu orientador, Tadeu Chiarelli, recebem diploma de menção honrosa

Foto de 5 pessoas de pé em um palco, à frente de uma tela que mostra  o diploma da premiação. Da esquerda para a direita: uma mulher loira, de cabelos compridos e vestido preto, uma mulher acima dos 60 anos, de cabelos grisalhos, curtos e lisos, vestindo uma blusa listrada preta e branca e uma calça preta, um homem branco, ligeiramente calvo e grisalho, vestindo calça preta, paleto preto e blusa azul, ao seu lado, segurando o diploma, uma mulher branca, blusa estampada preta e branca e calça preta e um home

Cristina Mungioli, professora da ECA e orientadora de Paola Prandini, segura diploma de menção honrosa recebido no Prêmio Tese Destaque USP

Foto de 5 pessoas de pé em um palco, à frente de uma tela que mostra  o diploma da premiação. A primeira pessoa, da esquerda para a direita, é uma mulher branca, de cabelos loiros um pouco abaixo do ombro. Ela veste um vestido preto um pouco abaixo dos joelhos e sapatos pretos. O segundo, Vitor Marcelino, é um homem branco de cabelos e bigode castanho. Ele veste uma camiseta e tênis brancos , calça jeans clara e um óculos de armação redonda e segura um certificado. O terceiro é um homem branco, de cabelo c

Vitor Marcelino, doutor pelo PGEHA, recebe prêmio na categoria Letras, Linguística e Artes

Fotos: Marcos Santos/ USP Imagens

 


Imagem de capa: reprodução da obra The World We Live In, do moçambicano Marcelino Manhula; reprodução da tese As Belas Artes Traduzidas;  reprodução de foto do Instituto Moreira Salles.