CTR | Departamento de Cinema, Rádio e Televisão



Projeto usa inteligência artificial para resgatar músicos eruditos negros


AGENDA

Fruto da disciplina Interfaces Audiovisuais, trabalho será projetado em prédio do Crusp nas noites de 3 e 8 de dezembro

 

O projeto Notas Pretas propõe uma reflexão sobre o apagamento da cultura afrodescendente e o distanciamento de moradores de territórios periféricos do universo da música erudita, normalmente associado a setores mais abastados da sociedade. Por meio de recursos como a Inteligência Artificial (IA) e o machine learning (aprendizado de máquina), os realizadores do projeto dão vida a artistas negros, projetando suas imagens animadas em superfícies de grandes dimensões, como empenas de prédios. 

As projeções acontecem nesta sexta, 3 de dezembro, e quarta, dia, 8, das 19h às 22h, no bloco A do Crusp, próximo a Raia Olímpica. Realizado como trabalho didático da disciplina Interfaces Audiovisuais, Notas Pretas conta com a orientação do professor Almir Almas, do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR) e dos pesquisadores Deisy Fernanda Feitosa e Renato Cândido de Lima, supervisores da disciplina. 

“A importância de um projeto como esse está na construção de uma memória desses profissionais, na valorização de suas trajetórias que, muitas vezes desconhecidas, foram sistematicamente apagadas ou então embranquecidas”, explica Guilherme Bretas, um dos alunos responsáveis pelo trabalho. “Através de nossa pesquisa encontramos exemplos de personagens relevantes na produção desse tipo de música na São Paulo do século XIX e também em Salvador, que carecem do reconhecimento de sua origem negra.”

Dentre os artistas homenageados estão nomes como André Rebouças, Mário de Andrade, Padre José Maurício Nunes Garcia, Henrique Alves de Mesquita, Chiquinha Gonzaga, Joaquina Lapinha, Zaira de Oliveira e Camila Maria da Conceição. A presença de mulheres negras é fundamental no trabalho, segundo o aluno, já que um dos objetivos da ação é problematizar também a ausência de mulheres negras na música erudita. 

Como a maioria dos artistas escolhidos deixaram registros somente na forma de fotografias ou pinturas, os recursos digitais desempenham papel central no projeto. “A IA foi o recurso escolhido para produção de uma memória animada sobre esses personagens históricos, numa proposta estética e poética de tornar essas imagens estáticas e seus retratados mais presentes através da conversão das mesmas em vídeo”, conta Guilherme. A técnica utilizada é a deepfake, em que a IA é treinada até aprender a reconhecer rostos e fazer sua sobreposição com um vídeo de referência. 

O professor Almir explica que desde 2009 os estudantes da disciplina vêm desenvolvendo projetos nessa linha. “Todo ano, desafiamos a turma a realizar um projeto que traga os conceitos de transmídia, interatividade, cinema expandido, realidade virtual e ambientes imersivos. Sempre partimos das propostas da turma e tentamos chegar a um projeto ao final, a partir do compartilhamento do conhecimento e das experiências que cada estudante traz como bagagem”. Antes do Crusp, os projetos da disciplina Interfaces Audiovisuais já passaram pela Prainha da ECA e pelo prédio da Reitoria. A disciplina conta com estudantes da ECA, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU), do campus São Carlos da USP. 

Notas Pretas foi idealizado pela aluna Júlia de Simoni (a partir do trabalho que desenvolve como estagiária da Osusp) e realizado coletivamente pelos estudantes Guilherme Bretas, Guilherme Leutwiler Pioto, Julia Caetano, Julia de Simoni Damante, Mariana Henrique dos Santos e Nicole Fernanda Gouveia dos Santos

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Serviço:

Notas Pretas
Data: 3 e 8 de dezembro
Horário: 19h às 22h
Local: Empena do Bloco A do Crusp – em frente à Raia Olímpica da USP - Av. Prof. Mello de Moraes, 1.235, Cidade Universitária