CBD | Departamento de Informação e Cultura



Livro reúne textos de pesquisadores e moradores de comunidades vizinhas à USP 

E-book é o primeiro lançado pelo projeto Democracia, Artes e Saberes Plurais, que tem entre seus coordenadores Martin Grossmann, professor do Departamento de Informação e Cultura da ECA

Vida acadêmica

Desde o seu surgimento, as universidades públicas brasileiras têm servido primordialmente à formação da elite e de parte da classe média do país, em uma contradição que reforça a marginalização social, econômica e cultural das periferias. Essa realidade vem sendo questionada nos últimos anos por docentes e pesquisadores – incluindo muitos que acessaram o ensino superior a partir do advento das cotas sociais e, principalmente, raciais – comprometidos com a transformação das relações entre a Universidade e a periferia. 

O projeto Democracia, Artes e Saberes Plurais (DASP), vinculado ao Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP é um exemplo deste tipo de iniciativa, englobando diversas ações, como eventos, uma plataforma digital e um censo das comunidades vizinhas ao campus da USP (Cidade Universitária, no Butantã, e USP Leste, em Ermelino Matarazzo). A coordenação é de Martin Grossmann, ex-diretor do instituto e professor do Departamento de Informação e Cultura (CBD), e de Eliana Sousa Silva, catedrática do IEA em 2018 e fundadora da ONG Redes de Desenvolvimento da Maré, que desde 2007 atua no complexo de favelas homônimo, no Rio de Janeiro. 

O DASP reúne dezenas de participantes, entre supervisores, pesquisadores e moradores das comunidades, que atuaram como articuladores locais. Dentro da equipe de pesquisa, que inclui estudantes de graduação e pós-graduação, muitos são oriundos de regiões periféricas, trazendo olhares e vivências que até pouco tempo atrás não tinham espaço na Universidade e na sua produção científica. O encontro destes pesquisadores com as comunidades, principalmente por meio do censo populacional e sociocultural, deu origem a uma série de reflexões, reunidas em 45 textos que compõem o livro Narrativas periféricas: entre pontes, conexões e saberes plurais. 

 

Capa do livro Narrativas Periféricas

Foto: Divulgação / Ed. Amavisse

 

A publicação traz relatos, ensaios e textos literários que retratam aprendizados e reflexões acumuladas sobre a produção de conhecimento em contextos periféricos, a experiência universitária e o papel de projetos acadêmicos. “Os autores são, predominantemente, de origem popular, negra e periférica, e essas marcas sociais são importantes para compreender as narrativas ali apresentadas”, diz Érica Peçanha, pós-doutoranda do IEA que supervisiona o projeto e é responsável pela organização do livro. 

Para Martin Grossmann, que fecha o livro com um epílogo, Eliana Sousa Dias e o DASP têm o mérito de reunir “um grupo extremamente inusitado de jovens periféricos, não só talentosos, como capacitados a contribuir de forma significativa para a necessária metamorfose que ainda precisamos realizar coletivamente não só na universidade, como na sociedade brasileira.”

Narrativas periféricas: entre pontes, conexões e saberes plurais está disponível para download gratuito no site do IEA.