Pesquisa mapeia perfis e experiências profissionais de ex-discentes de Educom
A análise foi realizada no primeiro trimestre de 2022 e revela a diversidade de campos de atuação para educomunicadores
Criado em 2011, o curso de Educomunicação oferece uma formação atualizada para estudantes que buscam desenvolver suas capacidades críticas atuando junto às diferentes mídias e meios comunicacionais. Por se tratar de uma licenciatura, a graduação abre portas para aqueles que se interessam não apenas em atuar com gestão de processos comunicacionais , mas também na área da educação, como em escolas, por exemplo.
Por se tratar de um curso jovem – é o segundo do gênero oferecido no país –, ainda existem muitas dúvidas sobre o mercado de trabalho e as diferentes possibilidades de áreas de atuação para os educomunicadores. Pensando nisso, a Comissão de Coordenação do Curso (CoC) realizou uma pesquisa entre os egressos da graduação para mapear seus perfis, sua inserção no mercado de trabalho, seus aspectos socioeconômicos e sua experiência no curso.
O levantamento dos dados aconteceu por meio de um questionário online, enviado aos ex-alunos durante o primeiro trimestre de 2022. Os dados coletados dizem respeito às respostas de 36% dos ex-discentes e foram transformados em gráficos seguidos de breves análises dos resultados.
O primeiro aspecto analisado pela pesquisa foi a idade, com 66,7% entre 22 e 29 anos, enquanto 25% está na faixa etária dos 30 aos 35 anos. Mulheres cis também são a maioria, representando 62,5% entre os entrevistados. Outro destaque foi a questão racial, já que 33,3% dos educomunicadores que responderam se identificam como pardos ou negros. De acordo com o professor Claudemir Edson Viana, coordenador do curso, a diversidade sempre foi uma pauta importante para a licenciatura em Educomunicação. “Nosso curso foi o primeiro, na época da criação da lei de cotas, a oferecer toda a cota possível para negros, indígenas e pardos, o PPI. Hoje a USP toda chegou no objetivo de ter 50% de vagas oferecidas pelas cotas. Isso também ajudou a dar um outro perfil no curso e creio eu que em outros cursos também.”

A segunda parte da pesquisa se debruçou sobre a inserção no mercado de trabalho e as vantagens e desafios que a formação em uma graduação inovadora, mas ainda pouco conhecida, podem criar na vida profissional. Para o professor Claudemir, “o educomunicador é um profissional que vem para promover processos que levam as pessoas a ter uma capacidade de leitura mais crítica de tudo que se lê no mundo, não só o que está presente na mídia”. Dessa forma, diversos foram os segmentos de atuação identificados pela pesquisa: professor, analista de comunicação, gerente de comunidade, assessor pedagógico, pesquisador de inovação e técnico em recursos educacionais foram algumas das profissões apresentadas nas respostas. Além disso, 54, 2% dos ex-alunos trabalham em empresas com envolvimento cultural ou social e 50% trabalham em organizações sem fins lucrativos.
“O educomunicador atua muito nas outras formas de educação que a gente chama de não formal e informal. A não formal não tem exatamente um currículo: são projetos sociais, culturais, de linguagem, fotografia, filmagem, coisas assim, em que o educomunicador vai ajudar a equipe a explorar uma forma coletiva de produção. A informal é a própria mídia ou um espaço de arte em que as pessoas não necessariamente têm a intenção de educar com a sua produção, mas acabam educando indiretamente."
Claudemir Edson Viana, coordenador do curso de Educomunicação
Também foi avaliado o perfil socioeconômico dos egressos. Dentre as respostas, 79,1% afirmaram possuir renda mensal individual de, no mínimo, 2.100 reais, enquanto 45,9% têm renda mensal média acima de 5.100 reais. A pesquisa também avaliou que 66,7% possuem apenas uma função profissional rentável e 35% têm duas.

O último aspecto analisado pela pesquisa foi a avaliação sobre a experiência do curso. A maioria dos entrevistados apontou que as aulas eram agradáveis e os professores estavam inteirados de tópicos interessantes. As respostas também apresentaram pontos a serem melhorados no que diz respeito à inserção no mercado de trabalho, como a divulgação de oportunidades e a criação de eventos que facilitem esse processo. Ainda assim, a maioria acredita que os conhecimentos obtidos no curso estão em harmonia com suas expectativas profissionais, uma vez que há concordância sobre a aplicação das experiências acadêmicas no mercado de trabalho.
O questionário ainda contou com uma parte aberta para comentários, caso os entrevistados tivessem ressalvas, sugestões ou informações que poderiam contribuir com a análise. Entre os destaques dessas respostas, está uma observação sobre a importância das atividades de extensão e pesquisa promovidas na Universidade, como o Projeto Redigir, a iniciação científica e o projeto Educom Geração Cidadã.
Para Marina Alencar, estudante do primeiro ano de Educomunicação que ajudou a realizar o levantamento, a pesquisa foi uma oportunidade de entender mais sobre o curso e sobre as diferentes possibilidades para educomunicadores no mercado de trabalho. "A gente teve a oportunidade de criar um formulário pensando quais eram as questões que não só a gente tinha dúvida, mas que também a gente acha pertinente para saber em que pontos a gente vai trabalhar no curso. Tivemos respostas muito interessantes de pessoas que trabalham em muitas áreas diferentes. Tem gente trabalhando com audiovisual, em setor de RH, em setor de Tecnologia e até trabalhos que a gente não conhecia.”