CTR | Departamento de Cinema, Rádio e Televisão



Mostra de Tiradentes: ecanas e ecanos têm diversos filmes selecionados e prêmio

Evento elegeu como Melhor Curta-metragem filme de alunas da pós-graduação, premiado também no Festival de Sundance, nos EUA

Comunidade

Encerrou-se no dia 29 de janeiro a 25ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes (Minas Gerais), já consolidada como principal vitrine do cinema independente e autoral realizado no Brasil. Realizada mais uma vez de forma presencial e virtual por conta da pandemia de covid-19, com boa parte das sessões apenas pela internet, a Mostra deste ano reuniu dois filmes realizados por ex-alunos do Curso Superior do Audiovisual e três cujos diretores são alunos do Programa de Pós-graduação em Meios e Processos Audiovisuais (PPGMPA) – todos com outros egressos do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR) em suas equipes, desempenhando funções que vão do roteiro à captação de som.

Tiradentes foi mais um dos festivais a exibir, desta vez fora de competição, o já consagrado A Felicidade das Coisas, estreia na direção de longas-metragens de Thais Fujinaga, formada pela primeira turma do Curso Superior do Audiovisual do CTR. Acompanhando uma família de férias no litoral de São Paulo, o filme foi premiado em 2021 na 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, na 8ª Mostra de Cinema de Gostoso, no XVII Panorama Internacional Coisa de Cinema e no 16º Fest Aruanda. 

Outra ex-aluna de Audiovisual, graduada em 2012, Bruna Carvalho Almeida apresentou em Tiradentes seu curta-metragem de ficção A Represa É meu Quintal, história de uma mulher negra que mora às margens do maior reservatório de água da Região Metropolitana de São Paulo e vê seus planos de se tornar uma velejadora interrompidos pela chegada da pandemia à sua comunidade.

Ganhador do prêmio de Melhor Curta-metragem na 17ª edição da Mostra de Tiradentes pelo filme E, codirigido pelos também ex-alunos do CTR Miguel Antunes Ramos e Helena Ungaretti, Alexandre “Leco” Wahrhaftig, doutorando do PPGMPA sob orientação do professor Cristian Borges, voltou ao festival mineiro com a primeira exibição pública de seu longa-metragem documental Panorama, sobre a constante ameaça de aniquilação da comunidade do Jardim Panorama para dar espaço a vultosos projetos imobiliários. Uma história contada por meio de caminhadas, depoimentos e principalmente muito material de arquivo, incluindo gravações de vídeo caseiras.

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Foto: Divulgação/ Mostra de Tiradentes

Imagens de arquivo amadoras também estão no cerne do documentário autobiográfico Bem-Vindos de Novo, dirigido por Marcos Yoshi, doutorando do PPGMPA sob orientação da professora Esther Hamburger, que igualmente teve sua estreia mundial na Mostra. Fruto de uma pesquisa ligada ao acervo de vídeos e fotografias de sua família, que já fora tema de seu mestrado – e do curta-metragem Aos Cuidados Dela, exibido na Mostra de Tiradentes em 2020 –, o primeiro longa-metragem de Yoshi mergulha em sua história familiar para tratar dos fluxos migratórios entre o Brasil e o Japão e das sucessivas crises econômicas que atravessam a história brasileira nas últimas décadas. 

Por fim, o curta-metragem ficcional Uma Paciência Selvagem Me Trouxe Até Aqui, dirigido por Érica Sarmet, e coproduzido por Livia Perez, ambas alunas do PPGMPA e orientandas da professora Esther Hamburger, encerrou sua participação em Tiradentes com dois importantes prêmios: o de Melhor Curta-metragem em competição, concedido pelo Júri Oficial da Mostra, e também o Prêmio Canal Brasil de Curtas, concedido pelo veículo especializado em cinema brasileiro, que assim adquiriu os direitos do filme para exibição na TV a cabo. Em sua justificativa para a concessão do prêmio, o júri da Mostra de Tiradentes ressaltou a “força solar, política, histórica e afetiva” do curta-metragem, bem como “a bravura política e estética com que produz um sentido de comunidade e mesmo de futuridade na imaginação da vida em conjunto” que lhe fizeram ser reconhecido “como um manifesto de vida no abismo do presente”.

Já premiado em outubro do ano passado como Melhor Curta-metragem Brasileiro no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, Uma Paciência Selvagem Me Trouxe Até Aqui ainda conquistou mais uma honraria de grande prestígio internacional no último fim de semana: um prêmio especial em Sundance, maior evento do cinema independente mundial, realizado em Utah, nos Estados Unidos desde 1978, no qual esteve presente como um dos 59 curtas em competição. O júri oficial da edição de 2022 do Sundance Film Festival, realizada integralmente on-line por conta da pandemia do coronavírus e encerrada no último dia 30, domingo, concedeu ao curta-metragem de Érica Sarmet um troféu especial em reconhecimento ao Melhor Elenco em Curta-metragem.

Protagonizado pela cantora Zélia Duncan, no papel de uma motoqueira solitária que se encanta pela liberdade de quatro garotas, interpretadas por Bruna Linzmeyer, Lorre Motta, Camila Rocha e Clarissa Ribeiro, com as quais participa de sua primeira festa lésbica, o filme tem na impecável direção de atores um de seus maiores trunfos – e isso não passou despercebido mesmo em um festival com a magnitude de Sundance.

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Foto: Divulgação/ Festival de Sundance