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Estudantes da ECA são premiados no Festival de Inverno de Campos do Jordão

Dois graduandos e um ex-aluno representaram a USP na última edição do maior evento de música clássica da América Latina
 

Comunidade

Mateus Restani, Rafael Esparrell e Victor Pompermayer foram premiados na 53ª Edição do Festival de Inverno de Campos do Jordão. O pianista Mateus recebeu a oportunidade de se apresentar em recital na próxima edição do evento, o clarinetista Rafael conquistou a chance de tocar em recital em Londres e Victor ganhou uma vaga para estudar por mais um ano na Academia de Música da Orquestra Sinfônica de São Paulo (Osesp). 

Além da programação artística, o festival também conta com uma programação pedagógica. Na última edição, foram ofertadas cerca de 135 bolsas de estudos integrais, que compreendiam cinco horas diárias de aula somadas aos ensaios. Os alunos — entre eles Mateus, Rafael e Victor — que mais se destacaram em cada instrumento foram indicados pelos professores para os prêmios

Depois de indicados, os bolsistas competiram em um concurso. Para a prova, Mateus tocou Humoreske, de R. Schumann; Rafael, o Concerto para Clarinete, de Carl Nielsen e Victor, Toccatina, Ponteio e Final, de Marlos Nobre. No total, seis bolsistas foram premiados e receberam os prêmios no último dia do festival, que ocorreu no dia 29 de julho. 

Os três estudantes da ECA premiados consideram fazer parte do festival uma experiência muito boa.

 

 

Uma criança musical

Foto de um homem em frente a um piano. O homem tem pele branca, cabelo curto e claro, barba e veste uma camisa branca. Ele está sentado em frente a um piano escuro com suas duas mãos em cima do instrumento. Seu olhar é direcionado ao piano. Parte de uma bandeira amarela com elementos azuis está posicionada ao fundo.
Imagem: arquivo pessoal

Mateus se formou no curso de bacharelado em piano da USP em 2021 e, atualmente, faz mestrado no Chicago College of Performing Arts, nos Estados Unidos. Ele conta que sempre foi uma criança musical. “Eu sempre gostei de música desde muito cedo. É até difícil pensar quando comecei [a gostar de música] porque nas primeiras lembranças da minha vida eu já estava prestando atenção no que estava sendo tocado”, diz. 

O pianista teve seu primeiro contato com o piano ao brincar em um instrumento antigo que encontrou na casa de sua avó. Aos 13 anos começou a fazer aulas de piano. No ensino médio, ao pensar em qual profissão seguir, viu que existia a possibilidade de cursar música na faculdade. Foi então que prestou o vestibular e passou na USP

Mateus pontua que já participou do festival duas outras vezes. Na primeira, ele fez um concerto em grupo. Na segunda, durante a pandemia, cada estudante pôde tocar individualmente no festival, e o pianista chegou a fazer três apresentações. Na sua participação este ano, ele foi um dos bolsistas premiados após um mês de ensaios e apresentações. Mateus fará parte da programação artística da próxima edição do Festival de Campos do Jordão, em 2024. 

“Foi muito legal. É uma experiência que você sente o seu trabalho sendo notado e reconhecido. É você olhar para sua bagagem e falar: “no primeiro festival eu me sentia tão inseguro, meio deslocado, no segundo eu já fui melhor, dessa vez eu fui indicado e ganhei esse prêmio”, relata o pianista sobre a sua evolução.

 

Incentivo desde cedo

Foto de um rapaz, que usa calças e paletó pretos e camisa azul escuro, sentado em um sofá azul escuro. Ele tem pele branca, cabelos castanhos, curtos e cacheados, olhos escuros e sorri para a câmera. O rapaz segura um clarinete preto com detalhes prateados, que está apoiado em sua perna. Sua mão livre está encostada em sua outra perna.
Imagem: arquivo pessoal

Assim como Mateus, Rafael iniciou seus estudos musicais quando criança. Ele diz que seus pais sempre o incentivaram a estudar a arte. Seu pai, uma inspiração para o jovem músico, tocava clarinete, o que o fez escolher o instrumento. Em 2015, com 12 anos, ele entrou no Projeto Guri, programa de educação musical e inclusão sociocultural, onde estudou por dois anos. Depois desse período, estudou na Escola Municipal de Música de São Paulo e se formou em 2021. 

O estudante ingressou na USP em 2022 e conta que a vontade de estudar na Universidade surgiu depois de participar de uma masterclass, em 2017, com Luís Afonso Montanha, docente do Departamento de Música (CMU), e ter gostado da maneira como o professor lecionava. 

O clarinetista indica sua vivência no festival como positiva. Ele foi premiado com uma apresentação em recital que ocorrerá em Londres em 2024 — premiação fruto de uma parceria da Academia da Osesp com uma agência de concertos do país europeu especializada em concertos de música latino-americana

“A experiência do festival foi muito boa, principalmente a questão orquestral da primeira semana, quando a gente tocou um repertório muito desafiador, além das aulas com os professores de música de câmara”. 

Mesmo achando que não tinha feito um boa prova e que, por isso, não ganharia o prêmio, o estudante revela que ficou contente com a conquista. “Foi uma honra”, diz.

 

Mudança de trajetória

Foto de um rapaz tocando piano. Ele tem cabelo curto escuro, barba e veste roupa escura. Ele está sentado olhando concentrado para um piano, apenas alguns detalhes dourados do instrumento são aparentes na imagem. O fundo é escuro.
Imagem: arquivo pessoal

Victor também adentrou o mundo da música na infância. Ele começou a estudar piano aos 13 anos, quando morava em Vitória, no Espírito Santo. Ele relata que estudava música com muita seriedade e amor, mas não pensava em seguir a carreira de musicista

O pianista entrou no curso de Publicidade e Propaganda da ECA em 2020. Como o ingresso no curso coincidiu com o período da pandemia, Victor voltou para sua cidade, e enquanto cursava sua primeira graduação, on-line, continuou os estudos de piano e participou de vários concursos — período caracterizado por ele como muito importante para seguir com a música. 

Depois de dois anos do curso, o estudante decidiu mudar de trajetória e se dedicar unicamente à música. Prestou novamente o vestibular e ingressou em 2022 no bacharelado em piano.

Sobre o festival, Victor conta que sua experiência como bolsista foi intensa. “Eu participei de uma peça contemporânea chamada Ballet Mécanique, de George Antheil, uma peça bem difícil. Eu nunca tinha tocado uma coisa assim com um grupo de percussão e foi muito intenso porque era ensaio e aula todos os dias. Mas foi muito legal, toquei aqui na Sala São Paulo, o que agregou muito.” 

O pianista ganhou uma vaga para estudar na Osesp em 2024. Apesar do medo de enfrentar mais um ano intenso de atividades da graduação e da Academia de Música, Victor diz que está ansioso para a nova etapa.

 

O Festival de Inverno de Campos do Jordão é uma realização do Ministério da Cidadania, do Governo do Estado de São Paulo, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e da Fundação Osesp.

 

 

 


Imagem de capa/montagem: YouTube/Festival de Campos do Jordão