CTR | Departamento de Cinema, Rádio e Televisão



Convênio com universidade inglesa amplia pesquisas da ECA sobre realidade virtual

Almir Almas está na Oxford Brookes University para dar continuidade à pesquisas conjuntas sobre realidade virtual e filmes 360º

Vida acadêmica

Almir Almas, docente do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR) da ECA, atua desde o início de outubro como professor visitante e pesquisador na Oxford Brookes University (OBU), Reino Unido, com Bolsa de Pesquisa no Exterior (BPE). Além de aulas e outras atividades acadêmicas, o professor dará prosseguimento a seus projetos que envolvem realidade virtual e filmes em 360º, temas já trabalhados no Laboratório de Arte, Mídia e Tecnologias Digitais (LabArteMídia), do qual é coordenador. 

Foto de Almir Almas. Um homem de pele negra, olhos escuros, cavanhaque e cabelos cacheados, curtos, e grisalhos, que estão puxados para trás por uma faixa vermelha. Ele sorri e veste um casaco com listras e detalhes coloridos por cima de uma camisa e uma camiseta brancas. Ao fundo pessoas em desfoque.
Almir Almas, docente da ECA. Imagem: Instagram/almiralmas
 

Segundo o docente, sua ida para Oxford está relacionada à continuidade de um convênio já estabelecido entre a ECA e a OBU. No primeiro semestre deste ano, o projeto COIL/VSAT (Collaborative Online International Learning / Virtual Storytelling Application and Toolkit — Aprendizado Internacional Online Colaborativo / Aplicativo e Ferramentas de Storytelling Virtual ) foi desenvolvido com a participação de graduandos e pós-graduandos de ambas as universidades e teve como resultado a criação de documentários e narrativas de ficção e não-ficção em VR (Realidade Virtual, na sigla em inglês) e Fotosfera 360.

Agora, Almir conta que além de eventos internacionais programados, participará do Raindance Film Festival, festival de cinema independente do Reino Unido, que acontece no final de outubro. Almir também levará os estudantes de Oxford para Londres com o objetivo de que conheçam e desenvolvam trabalhos juntos no evento

O docente aponta que a ida ao festival é também resultado de uma parceria que ele levou para Oxford entre o LabArteMídia e o Raindance Film Festival. Na ECA, a colaboração tem como produto o X-Reality USP, evento dedicado a “apresentar e discutir produções recentes em X-Reality (Realidade Virtual, Realidade Aumentada, Realidade Mista e Ambientes Imersivos), nacionais e internacionais, através de conferências, talks, mesas-redondas, showcases e workshops”. 

Foto do X-Reality USP 2019. Uma pessoa segura um tablet apontado para o chão de madeira. Uma figura humana, que não aparece fora da tela, é simulada no dispositivo. Há parte de uma folha de papel no lado esquerdo da imagem. No lado direito, uma mesa pequena e redonda desfocada. A iluminação tem pouca intensidade e tem a cor azul. Só as mãos da pessoa que segura o tablet aparecem na foto.
X-Reality USP é um evento organizado pelo LabArteMídia junto com o CTR e o Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais (PPGMPA) da ECA. Imagem: reprodução/LabArteMídia

 

Videohaiku, Namahaiku e o projeto COIL/VSAT

Em julho deste ano, Almir foi convidado para participar da Sixteenth Global Studies Conference (Décima Sexta Conferência de Estudos Globais) da OBU, onde apresentou um trabalho sobre suas obras audiovisuais Videohaiku e Namahaiku

Ele fez parte da mesa Eyeball Revolution: SocioPoetic Networks in Brazil and Beyond (Revolução do Globo Ocular: Redes SócioPoéticas no Brasil e Além) com a apresentação intitulada Videohaiku and Namahaiku: The transposition of structures, aesthetics and characteristics of written haiku/haikai to expanded cinema, video and live-images (Videohaiku e Namahaiku: A transposição de estruturas, estéticas e características do haiku/haikai escrito para cinema expandido, vídeo e imagens ao vivo). 

Foto de Almir Almas com outros professores na Sixteenth Global Studies Conference da OBU. Cinco homens sorriem. Quatro deles estão sentados. Um deles aparece em uma tela atrás dos outros em uma videochamada. Quatro têm pele branca, usam calças e camisas e um tem pele negra e usa calça e blazer pretos sobre a camisa branca. Os que participam presencialmente usam crachás. Dois homens à direita da imagem olham para a tela, os da esquerda olham para frente.
Professor Almir junto a outros docentes na Sixteenth Global Studies Conference da OBU em julho deste ano. Imagem: Arquivo pessoal
 

Ambas as produções trabalham com a hibridização do haiku/haikai (poema japonês curto) com vídeo. Ele explica que o Videohaiku é uma criação sua e, a partir dela, desenvolveu o Namahaiku, em parceria com Daniel Seda e Cheli Urban. 

Eu estava querendo criar alguma coisa original. Não tinha interesse em fazer um cinema tradicional. Queria fazer algo original com vídeo. E aí eu fui para a videoarte, que era um espaço de experimentação, e para experimentar, eu misturei a poesia”, relata. Foi nesse contexto que o docente decidiu inserir a poesia japonesa, já alvo de seu interesse, nessa forma de expressão experimental. 

Ainda no congresso, um dos professores da OBU e coordenador do projeto COIL/VSAT em Oxford, Eric White, apresentou o trabalho e as produções resultantes do convênio de cooperação. Entre os trabalhos de ambas as instituições, Almir destaca a série de vídeos em 360º intitulada Direitos Violados, de Deisy Feitosa e Eduardo Acquarone. O projeto trata de narrativas jornalísticas baseadas em relatos de pessoas que sofreram ataques ao seu direito de existir e à liberdade. 

Segundo o professor, a narrativa de maior impacto produzida apresenta o caso de dona Maria, uma mulher negra que passou mais de 30 anos como empregada doméstica em regime análogo à escravidão. “Esse projeto impactou muito aqui. Além do tema da senhora que foi escravizada, a gente usou IA (Inteligência Artificial) para recriar os ambientes com a dona Maria em 360º e com a voz dela em inglês”, explica.

 

 

Almir revela que continuará com o projeto COIL/VSAT ao longo de sua estadia em Oxford em conjunto com os professores da OBU, enquanto o LabArteMídia também dará continuidade ao trabalho no Brasil. O convênio entre as duas universidades segue até 2028. 

 

Imagem ilustrativa do projeto Transcender. Simulação de um ambiente virtual. Um painel quadriculado com a foto central, em formato redondo, da cantora Aretha Franklin, uma mulher negra de cabelos castanhos curtos com a mão encostada na bochecha. Acima da foto seu nome, abaixo há a inscrição ‘amazing grace’, sua data de nascimento e falecimento. Dos lados direito e esquerdo da foto, ícones de vídeos, imagens, áudios e textos estão distribuídos sobre o painel.
Imagem ilustrativa do projeto Transcender. Imagem: reprodução/LabArteMídia

Projeto Transcender

Em Oxford, Almir também dará prosseguimento a Transcender, projeto no metaverso da USP que conta com a parceria de outras unidades e instituições de fora da Universidade. Ele informa que, como resultado desse trabalho, foi criado um ambiente 3D no qual uma pessoa pode entrar com um avatar e realizar um cerimonial para um ente querido.

O professor conta que a ideia inicial do projeto surgiu por sua supervisionanda de pós-doutorado, Deisy Feitosa. O objetivo era desenvolver algo que pudesse ajudar as pessoas na pandemia, em especial a saúde psicológica daqueles que não podiam velar seus mortos no contexto de distanciamento social.

 

 

 


Imagem de capa: reprodução/Wikimedia Commons