CTR | Departamento de Cinema, Rádio e Televisão



Impacto econômico do coronavírus já é pior que o da crise de 2008, afirma professor

Para coluna na Rádio USP, Gilson Schwartz diz que o próprio sistema produtivo está em xeque; pandemia também apresenta desafios éticos para o uso da tecnologia em prol da saúde pública

Comunidade
Foto da Times Square. Muitos prédios exibem diversas propagandas luminosas em telas digitais. Mesas e cadeiras que estão em primeiro plano aparecem vazias. Há algumas pessoas e alguns carros nas ruas.
Times Square, em Nova Iorque. Devido ao coronavírus, ponto turístico é flagrado vazio, situação atípica na "cidade que nunca dorme". Foto: Seth Wenig/AP.

Em um cenário de pandemia, evento raro e desestabilizador, diversos setores da sociedade são impactados. A economia global está sofrendo consequências desde a explosão do surto de coronavírus na China, um dos maiores importadores e exportadores do mundo. Agora, com a chegada do vírus em todos os continentes, os danos financeiros ocorrem em escala ainda maior. O professor do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR), Gilson Schwartz, comentou sobre esses impactos em sua coluna na Rádio USP, Iconomia

A epidemia global está pondo à prova o próprio sistema produtivo da contemporaneidade. Segundo o docente, os efeitos para a economia já ultrapassam aqueles da crise de 2008. Isso porque os prejuízos extrapolam o território do rentismo e da especulação financeira, atingindo a economia real, com interrupção na circulação de pessoas e mercadorias

A ilusória esfera digital em que estamos cada vez mais imersos, "aparentemente sem conflitos, riscos e problemas de logística, está sendo colocada à prova com um fenômeno mundial de contaminação que é o covid-19”, diz o professor. Mesmo com aplicativos que conseguem praticamente sustentar uma pessoa sem a necessidade de sair de casa, o perigo de infecção não pode ser desconsiderado. 

Além disso, essas mesmas tecnologias digitais representam um conflito ético no âmbito da saúde pública. Na China, através do tracking, mecanismo que permite ao governo monitorar se um cidadão passou por uma área de risco ou está infectado, a vigilância sanitária já ocorre por meio dos celulares, menciona Schwartz. Com o apoio da tecnologia, a vigilância constante dos indivíduos, em um verdadeiro "cenário Big Brother", torna-se uma realidade.

No caso específico do Brasil, o professor comenta que ainda falta uma maior tomada de consciência sobre a gravidade dos impactos. "No Brasil, mal se acordou ainda para os efeitos econômicos e a discussão parece situada em uma outra bolha: uma bolha ideológica, igualmente viral e destrutiva, mas que faz de conta que tudo que está acontecendo é uma fantasia."

Para ouvir a coluna na íntegra, acesse o site do Jornal da USP.


Imagem de capa: Goonerua/Freepik