CTR | Departamento de Cinema, Rádio e Televisão

Organizado desde 1960 na pequena cidade francesa da região de Haute-Savoie, o Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy é o mais tradicional e importante evento dedicado ao gênero. Com uma participação bastante honrosa em edições passadas – incluindo duas conquistas seguidas do prêmio de Melhor Longa-metragem, em 2013, com Uma História de Amor e Fúria, de Luiz Bolognesi, e em 2014, com O Menino e o Mundo, de Alê Abreu – o Brasil estará novamente representado em Annecy, e desta vez com o trabalho de um ex-aluno do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR) da ECA.

A lista de títulos selecionados para a 60ª edição do festival, que ocorre de 14 a 19 de junho presencialmente e online, inclui na seção Contrechamp a estreia mundial de Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente, primeiro longa-metragem de Cesar Cabral. O filme traz para as telas o famoso personagem criado nos anos 80 pelo cartunista Angeli: um punk paulistano que se popularizou nas páginas da revista em quadrinhos Chiclete com Banana.

Formado em Cinema e Vídeo pela ECA, Cesar é um dos sócios-fundadores da Coala Filmes, estúdio de animação referência em stop-motion no Brasil. E não é de forma alguma um novato no universo do cartunista: entre seus principais trabalhos estão o premiado curta-metragem Dossiê Rê Bordosa (2008), baseado nas histórias em quadrinhos de outra de suas personagens, e a série de TV Angeli The Killer, exibida pelo Canal Brasil em 2017, com sequências animadas em stop-motion acompanhando uma longa entrevista concedida pelo artista. Novo mergulho de Cabral na obra de Angeli, Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente já teve alguns de seus trechos exibidos no Animation Day do Festival de Cinema de Cannes em maio de 2019, mas sua versão final segue inédita nos cinemas de todo o mundo.

Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente se passa dentro e fora da mente do cartunista Angeli. Foto: Coala Filmes

Nas palavras de Cabral, “o longa busca um diálogo com a obra atual de Angeli. Colocamos o personagem Bob Cuspe – que é um personagem criado lá atrás, no início da carreira do cartunista – num futuro distópico, onde os poucos sobreviventes são os irmãos Kowalski, personagens mais recentes de Angeli. Há também mini-Elton Johns mutantes, que se multiplicam loucamente a cada tentativa de extermínio por parte do Bob Cuspe. O desenrolar do filme nos conduz para um embate entre criador e criatura, onde não conseguimos discernir muito bem onde começa o autor e onde termina o personagem”. Os fãs – do personagem, do cartunista e do cinema brasileiro de animação – mal podem esperar para conferir o resultado.

Saiba mais sobre o filme nas reportagens publicadas no Jornal da USP e na Folha de S. Paulo.