CTR | Departamento de Cinema, Rádio e Televisão



Filme de estudantes é selecionado para festivais de cinema em Moscou e Pequim

O documentário Compram-se memórias e cartas de amor será exibido no 44th VGIK International Student Festival e International Student Film and Video Festival

Vida acadêmica

O documentário Compram-se memórias e cartas de amor dos alunos do quarto ano de Audiovisual, Ruan Bertuce e Cristina Neves, foi selecionado para dois grandes festivais de filmes universitários, o International Student Film and Video Festival da Beijing Film Academy, de Pequim, e o 44th VGIK International Student Festival, da Russian State University of Cinematography, de Moscou. Ambos os festivais têm o intuito de lançar novos talentos , sendo o de Moscou um dos mais antigos e tradicionais no meio audiovisual. No 44th VGIK International Student Festival, em sua cerimônia de encerramento, a produção ganhou o prêmio de Melhor Documentário.

Cartaz feito com colagens em tons de amarelo, laranja, vermelho e branco. São imagens de fotografias, cadeiras, brinquedos antigos, cartas, relógios e bicicletas. Sobre elas, há cinco molduras brancas desenhadas, sendo uma ao centro com o texto “Compram-se memórias e cartas de amor” sobre fundo avermelhado, e duas acima: um adulto e uma criança, carros passando na rua e um prédio; e duas abaixo: uma criança andando de bicicleta e flores.
Cartaz criado por Miguel Moreno. Imagem: divulgação/CTR.

O curta foi realizado em uma matéria optativa do curso de Audiovisual, Documentário II, e sua equipe técnica é inteiramente formada por estudantes da graduação, com exceção de Sandro Dalla Costa, funcionário do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR) responsável pela mixagem da produção.

 

Evidenciando histórias esquecidas

O documentário teve origem em uma visita a um antiquário. Cristina afirma que, ao visitar o local pela primeira vez para alugar objetos para cenografia de outro projeto, ficou chocada e impressionada com o tamanho do lugar e com a quantidade de coisas antigas e empilhadas. “Foi realmente uma descoberta de um local muito interessante”, diz ela.

A ideia inicial era mostrar a vida e o dia-a-dia em um antiquário, como cenas de pessoas conversando, vendendo, oferecendo e descobrindo coisas  e de crianças brincando pelo local.  Assim,  Compram-se memórias e cartas de amor ganhou esse título justamente por mostrar um lugar que vende essas antiguidades, essas memórias, bem como pessoas que se desfazem e que compram essas coisas. A produção acompanha não só a rotina do antiquário, como também evidencia as histórias lá deixadas. 

 

Foto de uma superfície verde escura, sobre a qual está a fivela de um cinto marrom e a fotografia em preto e branco de um casal frente a frente. A mulher usa um vestido e segura sua bolsa, o homem está com as mãos no bolso. O casal está retratado no contraluz, quase como uma silhueta, e seus rostos não aparecem. Ao fundo há uma praia.
Foto/Reprodução: Ruan Bertuce e Cristina Neves

 

No filme, há um fio condutor, que são as cartas. Essas, achadas em um “oportuno momento”, de acordo com os diretores, estavam em um envelope de couro e tinham uma história de amor em seus escritos, desde o início ao final do romance. Dessa forma, eles exploraram a emoção das cartas e brincaram com a iluminação conforme o que era dito nas mesmas. 

Segundo eles, “a gente também fez o filme muito pensando nessas sensações que tínhamos quando lemos as cartas. Então, a gente começa muito alegre no início, ensolarado, claro, lugar funcionando, crianças brincando e, no final, já é uma coisa um pouco mais contida, um pouco mais fechada, introspectiva, por conta desse relacionamento que chega a um fim”. Outro ponto que merece destaque são cenas de filmes Super 8 achados no antiquário, que trazem outras memórias para o filme. 

Ruan e Cristina trabalharam juntos na direção e na produção do documentário e, apesar de já terem participado de outros festivais de cinema universitário, eles acreditam que Moscou e Pequim serão experiências diferentes por serem festivais que recebem obras audiovisuais do mundo todo e que procuram levar os realizadores para os eventos. Apesar da ansiedade, ambos sentem muita gratidão e felicidade de vivenciarem isso. “A gente nem imaginava que o filme ia conseguir sair de São Paulo também, isso foi realmente muito impressionante”, diz Ruan. 
 

Foto de objetos antigos. Da esquerda para a direita: uma bandeirinha de tecido com listras azuis e brancas e franjas amarelas, um espelho oval com moldura em bronze, um prato com detalhes dourados e pintura no centro, um relógio de ponteiro com  dois anjos e detalhes em bronze, um espelho redondo antigo e com manchas e moldura preta, um candelabro antigo e um boneco de tecido vestindo roupas coloridas. Ao fundo, um armário de madeira com brinquedos antigos.
Foto/Reprodução: Ruan Bertuce e Cristina Neves

 

Contando suas próprias histórias

Foto de mulher olhando para o lado. A mulher é branca, tem cabelos longos castanhos e lisos, olhos verdes e usa um batom rosado. Usa um colar preto e uma camisa vermelha. Ao fundo está uma parede de cimento manchada. A iluminação é amarelada.
Foto: acervo pessoal.

Cristina conta que se apaixonou pelo audiovisual ainda criança e diz que vir para a USP fazer a graduação na área “tem sido realmente fantástico, cada dia uma uma nova descoberta, uma nova reafirmação dessa decisão que tomei lá atrás”. Ela espera trabalhar mais com direção no futuro, tanto de documentários quanto de ficções, por ser uma forma de trabalhar com as várias esferas da produção de um filme.

Foto de um homem sorrindo. Ele é negro, com cabelo curto cacheado castanhos escuros, bigode e barba castanhos e olhos pretos. Veste camisa polo cinza, com detalhes em preto. Ao fundo está uma parede de cimento manchada. A iluminação é amarelada.
Foto: acervo pessoal.

Já Ruan conta que acreditava que a arte não era uma possibilidade para ele, mas, durante um curso de teatro na pandemia, decidiu seguir no audiovisual. Ruan diz que escolheu o curso por englobar muitas linguagens artísticas e porque gostaria de contar histórias de diversas formas e viver a arte: “eu não consigo viver sem arte, sem fazer isso. Para mim [é] tipo respirar, fazer arte é que nem isso”.  Ele também gostaria de trabalhar com direção e produção de ficção e não-ficção no futuro.

Ficha técnica

Direção, produção e montagem: Cristina Neves e Ruan Bertuce

Trilha musical: Ruan Bertuce

Direção de fotografia: Andressa Viena e Giordano Gadelha

Som direto: Kelvin Fraga e Marlon Carvalho

Edição de som : Laís Vallina e Marlon Carvalho

Mixagem: Sandro Dalla Costa

Correção de cor: Nandê Caetano

Elenco/Leitura das cartas: Ruan Bertuce

Arte do pôster: Miguel Moreno

Os dois estudantes ressaltam o apoio da USP e da ECA para a produção do filme e seu envio aos festivais. O auxílio vai desde a locomoção segura dos equipamentos, reuniões de feedbacks com Rodrigo Teixeira, cineasta que atuou como monitor da disciplina, até as indicações para se inscrever nos festivais, feitas pela professora Cecília Mello e pelo funcionário Joel Yamaji (que também conseguiu o projetor para fitas Super 8). Além deles, Ruan e Cristina agradecem a Francisco Medina, técnico que ajudou no manuseio do projetor, Henri Gervaiseau, professor orientador da disciplina Documentário II, Carlos Augusto Calil, professor com o qual fizeram atendimento de montagem, e os funcionários Ivone Vantini, secretária do CTR, Paulo Ferreira, do Laboratório de Produção, e Rubens Rewald, professor e chefe do CTR, que ajudaram a conseguir o auxílio estudantil da USP para a viagem e parcitipação nos festivais. Também agradecem aos colegas da ECA por todo auxílio na produção de Compram-se memórias e cartas de amor. 

 

 


Imagem de capa: reprodução/ Compram-se memórias e cartas de amor.