CTR | Departamento de Cinema, Rádio e Televisão



Projeto iniciado na pandemia amplia parcerias rumo ao metaverso

Nascido no LabArteMídia, projeto Transcender se une a parceiros nacionais e internacionais para estudar como o afeto se dá no metaverso

Comunidade

Desde 2020, um grupo de pesquisa do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR), o LabArteMídia, vem desenvolvendo o Transcender - projeto que pretende criar uma plataforma de comunicação que possibilite a realização de rituais de despedida de forma virtual. 

Inicialmente, a proposta era desenvolver vídeos em 360 graus para serem vistos em headsets de realidade virtual. Contudo, agora, acompanhando o desenvolvimento de novas tecnologias, a ideia será remodelada  para o metaverso. De qualquer forma, independentemente dos meios utilizados, a intenção dos pesquisadores é promover a imersão do usuário, segundo o professor Almir Almas, líder do grupo.
 

Arte digital que representa o memorial. Ao centro, está  a foto da falecida cantora Aretha Franklin - que é negra, tem cabelos curtos e escuros e veste cinza - dentro de um círculo. Ao redor dele estão outras fotos e ícones representando vídeos, áudios e textos. A disposição dos elementos simula um mural. Atrás dele, a imagem é roxa com pontos de luz laranjas, verdes e amarelos. Na parte inferior, o rodapé mostra ícones para upload de fotos, áudios e textos, além de ícones para levantar a mão, chat e emojis de reações
Proposta criada em 2020 para exemplificar como seria o memorial virtual. Imagem: Projeto Transcender/LabArteMídia

 

Desdobramentos do projeto

 

O Transcender surgiu em 2020 e - com apoio dos professores Wellington Zangari, do Instituto de Psicologia (IP) e Marcos Barretto, da Escola Politécnica (Poli) e de outros pesquisadores - começou a ser desenvolvido para o lançamento de uma versão beta. Contudo, devido à falta de financiamento, ela nunca foi ao ar. 

Almir conta que, apesar dessas dificuldades, evitou que o projeto fosse abandonado pois acreditava na importância dele para a sociedade. “A  gente sabia que ele visava atender uma demanda urgente da pandemia.” Além disso, tratava-se de uma questão de saúde pública, pois “é necessário viver o luto para não ficar doente”, explica o professor.

Atualmente, o Transcender encara um novo desafio: o remodelamento para o metaverso, e, para isso, conta com um novo arranjo e novas parcerias. Entre elas, destacam-se aquelas com o grupo de pesquisa Cidade do Conhecimento, o convênio internacional da USP com a Radio Caca Foundation LTD., de Singapura, e a University Blockchain Research Initiative (UBRI), que foram possibilitadas através dos professores Gilson Schwartz, do CTR, e Marcos Simplicio, da Poli.

Além desses, profissionais de diversos institutos da USP, e até mesmo de outras faculdades, têm se envolvido nas pesquisas a respeito do metaverso da Universidade, que terá o Transcender como sua primeira experiência.  São estudiosos de diversas áreas das artes, do audiovisual, das comunicações, da psicologia, do direito, da engenharia e da economia que se propõem a imaginar possibilidades para essa nova tecnologia.

Apesar das grandes proporções que o projeto tomou, o Transcender ainda é financiado apenas pela Pró-Reitoria de Graduação (PRG) da USP, através de bolsas PUB. O LabArteMídia agora espera por um resultado do edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) para receber mais recursos e intensificar sua atuação.

 

O remodelamento para o metaverso
 
Arte digital que simula o mundo real. Em primeiro plano, está um personagem de costas vestido com uma roupa branca de astronauta e carregando uma mochila cinza. Ao fundo, outros personagens aparecem com essa mesma vestimenta. Todos eles estão espalhados em um cenário de natureza, que conta com terra, grama, árvores, lagos e morros. As cores predominantes são laranja, marrom e diferentes tons de verde.
O terreno que a USP recebeu ficará no metaverso United States of Mars (USM). Imagem: reprodução/Radio Caca

Segundo o professor Almir, o principal papel de seu grupo de pesquisa é, no momento, estudar como o afeto se dá no metaverso. Será preciso entender como a presença é ressignificada através dos avatares e qual o impacto disso nas relações humanas e na própria relação humano-máquina.

Acima de tudo, espera-se que o projeto seja capaz , através da imersão e da enunciação - fenômenos do audiovisual em que o espectador se vê  dentro da narrativa - de proporcionar rituais que confortem familiares e amigos de pessoas falecidas. As novas tecnologias podem ser importantes aliadas no processo de elaboração do luto, partilha e conservação de memórias, superando eventuais barreiras físicas, temporais ou de outra natureza.


Imagem da capa: Projeto Transcender/LabArteMídia