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Parceria entre USP, Unesp e Unicamp leva música a escolas públicas

Coletivos universitários compartilham metodologias para aprimorar ensino musical e promovem atividades didáticas para estudantes da educação básica

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Foto de uma sala de aula, em que um grupo de cerca de 20 crianças - sentadas em cadeiras verdes - assistem a apresentação musical. As crianças estão de costas e vestem camisetas brancas e bermudas azuis-marinho. À frente delas, estão dois jovens, ambos sentados, um deles tocando clarinete e o outro, violoncelo. Ao fundo, uma estante cheia de livros.
“Aula-espetáculo” do Sabiá Laranjeira na Escola Municipal de Ensino Fundamental Arthur Whitaker. Foto: divulgação/Sabiá Laranjeira.

As Três Paulistas na Extensão é um projeto conjunto de  coletivos das três universidades estaduais paulistas que têm na educação musical nas escolas públicas o foco de suas atividades extensionistas. São eles:

 

O projeto tem o intuito de aperfeiçoar as atividades de extensão e educação musical em curso nas três universidades e, ao mesmo tempo, estimular a troca de experiências entre os três grupos. Cada coletivo possui uma metodologia de trabalho própria, que é adaptada ao público a que se destina.

O professor Ivan Vilela explica que o contato com a música é muito importante para a formação das crianças: “quando se leva música para a escola, ela carrega uma série de outras atividades humanas, como a socialização”. Sob essa perspectiva, o projeto Sabiá Laranjeira realiza oficinas e “aulas-espetáculo” em escolas públicas localizadas majoritariamente na zona oeste da cidade de São Paulo. “Eu sugeri a mudança para ‘aula-espetáculo’, que é mais perto dessas pessoas, porque ‘concerto didático’ é uma coisa muito erudita, muito empolada para você ir para uma escola pública de periferia”, diz o docente.

Dois jovens músicos se apresentam em uma sala de aula. Um deles está de pé e toca flauta; o outro está sentado em uma cadeira, de pernas cruzadas, e toca violão. Duas pessoas - um homem e uma mulher - os observam, de pé, ao fundo. Atrás dos músicos, uma lousa branca, um televisor e um banner, no qual se lê Projeto Sabiá Laranjeira.
Fábio Ferreira (tocando flauta), durante apresentação na Escola Estadual Emygdio de Barros. Foto: divulgação/Sabiá Laranjeira.

O grupo realiza reuniões com estudantes bolsistas do projeto, que, por sua vez, preparam uma agenda de eventos nas escolas, sempre com a intenção de incorporar atividades musicais didáticas à rotina escolar. São atendidos pelo projeto estudantes da educação básica e da educação de jovens e adultos (EJA).

As Oficinas de Musicalização da Unicamp se dedicam ao desenvolvimento de aulas de música para crianças com idade entre 7 e 12 anos, envolvendo a prática de instrumentos, como flauta doce, violão, teclado e percussão. Parte do trabalho acontece nas dependências da Unicamp e em escolas públicas próximas ao campus da universidade, em Campinas.

O Programa Música e Educação possui três grandes linhas de atuação: Música e Acessibilidade, pela qual promove cursos de música para pessoas com deficiência; Educação Musical Aplicada, pela qual realiza oficinas de música a estudantes da educação básica; e Diálogos, pelo qual promove palestras sobre Educação Musical direcionadas a gestores da educação básica e estudantes de graduação e pós-graduação. Atualmente, o programa possui parcerias com o Memorial da América Latina e com o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo.

Os três projetos acontecem no âmbito de disciplinas de graduação com enfoque na formação de professores de música, atendendo aos critérios recentes de curricularização da extensão.

 

Encontros formativos

Com a intenção de promover a troca de saberes entre os três coletivos, em 2024, foram realizados quatro encontros formativos envolvendo estudantes de graduação, de pós-graduação e docentes de USP, Unesp e Unicamp. Nesses encontros, os integrantes se organizaram em grupos de discussão sobre os desafios da prática extensionista em escolas públicas, as demandas que surgem em cada uma delas e questões específicas ligadas à formação do professor de música. “Quando se trata de alunos da graduação, eles vão se deparar com várias demandas, inquietações e problemáticas no contexto do trabalho e, às vezes, eles precisam pesquisar e conversar com profissionais que têm mais experiência”, explica Fábio sobre o objetivo dos encontros.

 

Grupo de cerca de 30 pessoas, em sua maioria brancas e jovens, posam para uma foto. São homens e mulheres, vestindo roupas de diferentes cores. Alguns estão de pé, enquanto outros estão agachados, à frente. Ao fundo, uma parede com listras nas cores branca e preta.
Encontro de Extensão em Música USP, Unesp e Unicamp, realizado em Campinas, em maio de 2024. Foto: Divulgação/Sabiá Laranjeira.

 

Para o professor Ivan, é preciso capacitar os estudantes de música para atuar em cenários que dialoguem com a cultura brasileira: “para trabalhar em escolas em regiões de vulnerabilidade social, é muito complicado você levar um repertório de música europeia. É a ideia de Paulo Freire: adentrar a realidade das pessoas e depois trazer as pessoas para um outro lugar”, explica o docente. “Eles conversam sobre samba, sobre funk… É bem aberto. O importante é conversar sobre música, desmistificar conceitos e quebrar preconceitos”, comenta Fábio sobre a dinâmica das apresentações nas escolas.

Para Fábio, o projeto conjunto entre as três universidades reforça uma perspectiva de extensão universitária, na qual “tanto a universidade trabalha com uma transformação da escola, como também a escola trabalha uma transformação da universidade”.  Isso pode ser observado a cada encontro do projeto, em que as discussões ficam mais aprofundadas com relatos de experiências sobre as práticas realizadas por cada coletivo.

Em 2025, o projeto prevê a realização de um quinto encontro, sediado na Unesp, no dia 26 de maio. Também será publicado um e-book de narrativas pedagógicas, com descrição das experiências dos estudantes de música em salas de aula e nos encontros de formação.

 

Fomento à cultura e extensão

As Três Paulistas na Extensão foi um dos projetos aprovados em um edital conjunto de fomento à extensão universitária na USP, Unesp e Unicamp. Os recursos recebidos viabilizaram a participação dos estudantes nos encontros formativos e custearam as apresentações musicais e oficinas realizadas durante todo o ano passado, e algumas atividades já ocorridas no início deste ano. O prazo para conclusão dos trabalhos é o final do primeiro semestre.

 

 

 


Foto de capa: divulgação/Sabiá Laranjeira.